Eduardo de Ávila

Muita gente tem medo do fantasma da terceira idade, alterada depois para melhor idade, que vale dizer envelhecimento. Minha turma de infância/adolescência, desde que chegamos ao meio século, institucionalizou esse reencontro periódico com a intenção de não soltar as mãos, relembrar e festejar os anos dourados que vivemos na nossa querida Araxá. Participei daquele primeiro encontro, depois por questões pessoais – notadamente da debilidade da saúde – programei e não pude ir em alguns desses eventos. Desta vez venci a paranoia e a hipocondria, confirmando aquilo que é conhecido. A amizade é o melhor remédio. Cura tudo!
Renato Teixeira, em uma de suas tantas composições, afirmou que “a amizade sincera, é um santo remédio, é um abrigo seguro”. Eu estava inseguro em viajar, por razões pessoais e especialmente pelo efeito colateral da radioterapia para matar aquelas células indesejadas que se multiplicam de maneira desordenada e descontrolada (tumor/câncer). Tentando conciliar graças ao empenho de várias/os amigas/os e as recomendações médicas, tive a autorização com os cuidados preventivos da doutora que tão bem me acolheu nesse processo. Foi dos melhores presentes que a vida me proporcionou. Mesmo com a fadiga, enquanto tive resistência, participei do “esquenta” na véspera e da comemoração de gala no sábado.

Voltei para Belo Horizonte, depois de passar dois dias no Araxá, renovado e gratificado. Foi como um bálsamo que atuou em todo o meu organismo. Não só como o remédio caseiro ou hidratante, mas com ação eficaz em todo o corpo. Leveza da alma e do coração. Sabe quando a gente toma um suco saudável e delicioso, aprecio manga com inhame (basta bater as duas com um pouquinho de açúcar e água), que além de gostoso serve como se uma lavação nos pensamentos e funcionamento dos órgãos vitais. Foi assim que me senti depois daquela noite inesquecível no salão de festas do Clube Araxá. No mesmo ambiente, onde na adolescência, trocamos flertes e sinais para convidar a mocinha desejada para dançar.
Distinguido pelos organizadores – Elaine di Mambro, Maria Tereza Carvalho, Dinha Fontes e Reginaldo – junto com a primeira fizemos a saudação que marcou o início da “Hora Dançante”. Era esse o nome na ocasião ao rolê do final de semana. Muitas paqueras, entre as quais se transformaram em casais que até hoje seguem de mãos dadas com filhos e agora os netos. Gente que não víamos tem décadas. Quem é esse e quem é essa? Isso foi sutilmente dito a noite toda, quando alguém aproximava e cumprimentava. Relembrar casos vividos, tanto nas salas de aula quanto nos bailes da vida, entre outros assuntos que remontam ao momento mais romântico de todos os tempos dessa existência. Alguns fantasiados, como proposto pela organização com trajes dos anos 70. Hippie, calça boca de sino, sapato com salto de plataforma, estampados, tachas e outros adereços

Deu para ouvir e até perceber revelações tardias de “você foi a melhor coisa que eu tive”, ou mesmo “quis e sonhei”. Tudo num ambiente saudável e feliz. Alguém me perguntou quantas entre as presentes eu namorei naquela ocasião, fiquei decepcionado. Duas ou três – uma até negou -, mas seguramente dezenas que desejei, mas – juro – era muito tímido. Sério! Tanto que…, melhor deixar pra lá. E os times de futebol e campeonatos daquela época. Como sempre fui péssimo em la pelota, jogava no gol – posição que todo pereba era condenado a atuar -, mas foram relembrados e até carteirinhas antigas com fotos inacreditáveis circulou nestes dois dias. Ah! E também uma reprodução da carteira de uso obrigatório para entrar no Clube. Foi uma deliciosa viagem no tempo. Creio que esse deve ter sido o sentimento das pessoas que tiveram esse privilégio do reencontro.
De coração, quero agradecer aos organizadores – sei o quanto é difícil coordenar esse tipo de festa -, bem como aos que me contactaram no período prévio para me motivar em participar. Por receio em mencionar e cometer a injustiça do esquecimento, vai aqui no geralzão. Reitero, me fez um bem danado, tanto por rever tantas/os amigas/os quanto e muito pelo acolhimento de cada encontro e prosa. Me fez tanto bem que a sensação que tenho é de cura. Desde sexta-feira, ainda que seguindo todas as prescrições, meu pensar não tem se ocupado com a fragilidade do momento. Ao contrário, fruto da emoção e alegria desse encontro festivo, lembrando de cada prosa e das memórias da história de nossos tempos. Já to ligado em 2027, quando vamos festejar a chegada dos 70 de cada um de nós. Abraço e a saudade desse sentimento gostoso e docemente doído que se mistura na memória de uma geração que foi e é ainda extremamente feliz. Parabéns para nós!
*fotos: arquivo Beth Mesquita
Eduardo, bom dia. Grata por compartilhar momento tão significativo na sua vida.
Isto mesmo: quando celebramos com amigos, nossa vida se renova.
Abraço afetuoso. Marly Sorel
Lindeza de texto! Laços de amizade aumentam a suavidade da longevidade. Abraços Fraternos Patrícia Lechtman.
Parabéns, Eduardo, por saber cultivar amizades tão longevas. Abraços!
Maravilha um encontro retratado como “um dos melhores presentes que a vida me proporcionou”…
Eduardo, me emocionei com seu texto. Como fomos felizes!!! Você é muito importante para nossa turma. Não imagina como ficamos felizes com sua chegada.
Ei Dudu!
Que texto lindo, inspirador e motivador para não deixarmos de conviver com as pessoas que fizeram histórias com a gente.
Lembranças alegres nos rejuvenescem!
Adorei te ver nas fotos!
Beijos e sigamos em frente!
Nossa Eduardo. Que delícia deve ter sido este encontro.