Quantos rios?

Sandra Belchiolina Em que rio você entra e deixa seus frangalhos? Quantos rios já te levaram gangalhos, restos de nós que o tempo desamarra? Há rios que riem, rios que te riem, rios que seguem sem perguntar destino. E você segue com eles, entre águas aguadas, agueiradas, nessas correntes que não prometem identidade alguma — Pacífico, Atlântico, tanto faz. O que importa é o que … Continuar lendo Quantos rios?

E a vida? Diga lá, meu irmão…

Sandra Belchiolina O correr da vida embrulha tudo — dizia Guimarães Rosa. Já Milton Nascimento canta que “o mesmo trem que chega é o que parte”, e assim a vida se repete na estação. Chega Gabriel, parte Maria. A vida gira, alterna. Uns chegam para ficar, outros partem para nunca mais. Entre risos e lágrimas, entre presenças e ausências, uma vida se conclui, outra se … Continuar lendo E a vida? Diga lá, meu irmão…

A estranha leveza do ser

Sandra Belchiolina Na rua Encontros e desencontros hão Sossego No desassossego há Na fonte da praça Que se diz Da Liberdade Um banho merecido Sabonete há Na rua da vila onde o tempo não tem pressa e a preguiça é mais gostosa A pick-up explode em multicoloridas bolas Cores hão Na rua de Troncoso Na garupa da moto do trabalhador Uma escultura Galões de água … Continuar lendo A estranha leveza do ser

O eco de Lô

Pé na estrada. Assim viveu Lô Borges – tênis surrado, alma livre, autógrafos dados com o mesmo gesto simples de quem oferece um pedaço de vida. Assim viveu, assim despediu. Da esquina de Paraisópolis com Divinópolis, no bairro Santa Tereza de Belo Horizonte, partiu o menino do Clube da Esquina para o gigante movimento da música mineira e brasileira. Daquele canto de cidade, entre ladeiras … Continuar lendo O eco de Lô

Das memórias e das artes, o inconsciente se reinscreve

Sandra Belchiolina Há emoções que nos atravessam como ventos antigos. Elas chegam do mundo, pelas frestas da pele e do olhar, e se misturam às paisagens internas onde moram as lembranças. O que nos toca, o que nos enlaça, é sempre filtrado — pela consciência, pelo inconsciente, por aquilo que insiste em deixar marcas. As experiências da infância, longe de passadas, seguem em nós como … Continuar lendo Das memórias e das artes, o inconsciente se reinscreve

Ditos e dizeres

Sandra Belchiolina sandra@arteyvida.com.br Para Carlos Drummond: O dito do anjo Vai ser gauche na vida Para Adélia Prado: Outro dito Vai ser desdobrável na vida Para Mário Quintana: Aqueles que atravancam seu caminho – passarão Ele – passarinho Para Manoel de Barros: Sobre o nada ele tem profundidade Usa a palavra para compor silêncios Para Torquato Neto: Eu sou como eu sou Pronome Pessoal intransferível … Continuar lendo Ditos e dizeres

O feminino e a cidade: Havana, Belo Horizonte, Lisboa, Cumuruxatiba

Sandra Belchiolina As cidades, quando as caminho, me aparecem como mulheres. Não de pedra ou de concreto, mas de carne, memória e desejo. Umas correm apressadas, cheias de promessas; outras se deixam repousar no tempo, revelando as rugas que são também beleza. Há ainda as que guardam segredos, desvendando-se aos poucos, como quem convida à intimidade. Havana é senhora altiva. Veste-se de vestidos antigos e … Continuar lendo O feminino e a cidade: Havana, Belo Horizonte, Lisboa, Cumuruxatiba

Havana: a resiliente senhora que envelheceu naturalmente

Sandra Belchiolina O primeiro encontro com Havana foi um impacto. Não apenas pela beleza, mas pela força silenciosa que emana de suas ruas e paredes. Diante de seus edifícios coloniais, sobreviventes ao tempo, às tempestades, às mudanças climáticas e às ambições humanas, senti-me diante de uma senhora idosa, que, mesmo marcada pelas rugas da história, mantém-se ereta, altiva e orgulhosa de sua trajetória. Havana é … Continuar lendo Havana: a resiliente senhora que envelheceu naturalmente