Eduardo de Ávila

Nascido e criado em família católica, vivi meus primeiros anos temente a Deus, como era a orientação dessa religião naquela ocasião. Semana passada até comentei aqui sobre o bullying que me atormentou na adolescência. Disse que aconteceu sob o olhar dissimulado da direção do colégio. E o estabelecimento educacional era dirigido por severos padres salesianos.

Faço essa curta digressão para entrar na minha relação com a fé religiosa, notadamente a católica, até chegar na minha convicção e crença nos caminhos percorridos por Jesus Cristo e na palavra do seu e nosso Pai e Criador. Tem mais de 30 anos que frequento o kardecismo e, reafirmo, que me encontrei depois dessa opção.

Confio e sigo os ensinamentos do Pai e do Filho, orientados pela influência e manifestação Divina (no catolicismo é o Espírito Santo), confiante que todas as religiões convergem para a presença de Deus em nossas vidas. Reconheço, entretanto, que existem sim alguns oportunistas que se valem das palavras e escrituras sagradas em benefício próprio. Financeiro e/ou de poder e domínio das pessoas. Irão quitar esse débito em vida ou na eternidade.

Mas o que interessa hoje é falar sobre o Cardeal Jorge Mario Bergoglio, pontificado Papa Francisco em 2013, sendo o primeiro sul-americano a assumir o comando da igreja Católica. Sua obra neste período foi resgatar os princípios e compromissos com a pobreza e a justiça social. Lutou e insistiu na defesa dos menos favorecidos, pena que muitos entre os seguidores da religião católica não tenham entendido a missão papal. Preferem viver soberbamente, fazendo uma ou outra caridade (que atrevida e ousadamente chamam de esmola), como se negociasse com o Criador a salvação através dessas migalhas.

O Papa chegou a ser tachado de comunista entre seguidores da sua religião, que preferem a acomodação e a negociação que fazem silenciosa e diariamente para justificar sua ganância por humilhar quem precisa de solidariedade. Ele, como muitos entre nós, praticamos os ensinamentos de Cristo. Tão e somente. Dom Bergoglio, cardeal, foi o mesmo quando se transformou em Francisco, o Papa Progressista da Igreja Católica. Nunca abandonou seus princípios de fé, religião e crença em Deus, associados à sua condição de homem na Terra. Desde a sua juventude até as últimas horas. Foi emocionante sua participação na celebração do domingo de páscoa, véspera de sua partida.

Seguiremos inabaláveis aqui nesta passagem pela vida material, confiantes que o próximo conclave nos brinde com a escolha de um iluminado como foi Jorge Bergoglio. Nem precisa ser Francisco II, mas que tenha a mesma determinação e opção pelos pobres e pela justiça social. O mundo todo, em contraponto a opções infelizes – ainda que democráticas – precisa de líderes que privilegiem a solidariedade e a harmonia em detrimento ao egoísmo e a difusão do ódio. Líderes políticos e religiosos. Vá em paz Papa Francisco, que de lá ajude na escolha desse próximo conclave da Igreja Católica. Amém! Que assim seja!

Em tempo: Ele, Jorge Bergoglio – torcedor do San Lorenzo, assim como eu pelo Galo e muitos pelo seu clube – escancarava sua paixão pelo time do coração. Vejam só, era sócio do time argentino – desde 2008 – e seu número de inscrição 88.235. Pois ele, com 88 anos, faleceu 2:35 pelo horário de Buenos Aires. Vou saber qual o meu número de sócio torcedor, cadeira cativa e cota. Optando pela maior dezena, claro! Quem sabe até centena.

*imagens: extraídas das redes sociais