Expectativa histórica com o 7 de setembro

Eduardo de Ávila Na minha infância, estendendo pelos primeiros tempos da adolescência, a espera pelo desfile cívico da independência enchia nossos dias em Araxá. Naqueles distantes tempos – logo após o golpe de 1964 – ainda completamente ingênuos, acreditávamos que o comunismo era tão terrível que se comiam criancinhas vivas. Como pode, que coisa mais tenebrosa, adultos – naqueles primeiros tempos de televisão – cometerem … Continuar lendo Expectativa histórica com o 7 de setembro

Aurélia em quatro tempos

Rosangela Maluf Primeiro tempo Já era tarde quando Aurélia foi se deitar. Passava das onze horas e a novela terminara fazia tempo; tanto que sua mãe deitou-se logo depois, cansada, com dores na coluna e um mal estar generalizado – como sempre acontecia às sextas feiras. Aurélia pegou no colo a irmã mais nova, que dormira diante da TV, colocando-a na cama de baixo, no … Continuar lendo Aurélia em quatro tempos

Ensaio sobre os sentidos

Luísa Bahia Há um tempo atrás escrevi que, se José Saramago estivesse vivo, o título desse texto poderia ser o título do seu próximo livro. Digo isso pelo interesse do genial autor português em retratar a sociedade a partir de um estado de exceção, de privação. Ensaio sobre a Cegueira traz uma humanidade que não mais enxerga e aí precisa olhar para dentro, revelando seus … Continuar lendo Ensaio sobre os sentidos

Resoluções

Tais Civitarese O telefone toca sem parar um número desconhecido. Já é a terceira vez. Nada fará com que atenda, pois tem por princípio não deixar que as demandas alheias lhe roubem o pouco tempo matinal que possui. Olha para a tela que acende com um quê de desprezo. Ignora. Segue sentada na cozinha, imersa em sua leitura da crônica diária de Amália Fontes, sua … Continuar lendo Resoluções

O tempo da delicadeza

Sandra Belchiolinasandra@arteyvida.com.br “Toda gentileza é uma declaração de amor”, é a afirmação de Mia Couto que chegou num post do Facebook para mim. Outra veio na música: Todo Sentimento de Chico Buarque, e nela o refrão que carrega o sentir de muitos nessa atualidade dura: “Pretendo descobrir//No último momento//Um tempo que refaz o que desfez//Que recolhe todo sentimento//E bota no corpo uma outra vez.” Li … Continuar lendo O tempo da delicadeza

Por favor, usem máscaras

Daniela Mata Machado Estou aqui, comemorando porque finalmente chegou a minha vez de tomar a primeira dose da vacina – sim, é hoje!!! –, quando trombo com uma matéria sobre um moço que arrancou a seringa das mãos da enfermeira, em um posto de saúde do Ceará, e aplicou o imunizante no próprio braço. Ele disse que ficou com medo de que a moça não … Continuar lendo Por favor, usem máscaras

Quarenta

Tais Civitarese Ontem, fiz quarenta.Ainda é estranha a sensação.Dos trinta aos trinta e nove, foi tudo parecido.Uma juventude tardia. Um leve ar de maturidade encobrindo medos adolescentes.Agora, é diferente.Quarenta anos parecem tanto tempo!Onde foi que passei toda essa vida?Quantas saudades carrego? Quantas rugas de riso? E os sonhos?Às vezes, e não são poucas, ainda me sinto com sete anos.Noutras, com quinze, dezesseis.Dos pensamentos e sensações … Continuar lendo Quarenta

Estou livre com seu passo e aperto sua mão - Sandra Belchiolina

Estou livre com seu passo e aperto sua mão

Sandra Belchiolinasandra@arteyvida.com.br Estou livre com seu passo e aperto sua mão A música tem poder de nos transportar para muitos lugares. Desperta emoções, acalma e transcende o ouvinte. Ela é uma catalisadora que mexe com nosso sistema neuroendócrino.  Assim, a escolha do repertório para escutar é de suma importância, pois ela pode criar um bem estar ou provocar uma catarse. O que escrevo nessa crônica … Continuar lendo Estou livre com seu passo e aperto sua mão

Foto: Sandra Belchiolina

Iemanjá, mar, lua e mulheres…

Sandra Belchiolinasandra@arteyvida.com.br Ano de 2021; já se passou o 02 de fevereiro, dia em que é celebrada a festa de Iemanjá. Em 2020, ela virou patrimônio cultural de Salvador e assim foi marcando sua importância para o estado da Bahia. Nesse ano atípico, as comemorações foram restritas devido à pandemia, mas não sem lembranças. Lembranças que levam a outras lembranças de mulheres ao mar em … Continuar lendo Iemanjá, mar, lua e mulheres…

"Pandora" by Charles Edward Perugini (1839-1918).

Per aspera ad aspera

Victória Farias Per aspera ad aspera = por (caminhos) tortuosos à (caminhos) tortuosos. – Os primeiros dias de 2021 parecem ter sido escritos pela perfeita caligrafia de Deus. Traduzindo: não fazem o menor sentido. A segunda-feira eterna, que insistia em ser sombra em todas as nossas ações, parece dar lugar a uma tardia terça-feira. Depois de uma virada no mínimo interessante – para usar poucas … Continuar lendo Per aspera ad aspera