Boneca

Rosangela Maluf Boneca é uma moradora do Cafezal, uma das comunidades da Serra. Há muitos anos, quando morei pela primeira vez à rua Capivari, estranhava aquela menina loura, de cabelos anelados, sempre muito arrumadinha, falante… chupando chupeta. Ela deveria ter uns doze anos àquela época e era conhecida por todos. Não sei ao certo, mas parece que teria duas irmãs e morava com a mãe, … Continuar lendo Boneca

Um Pequeno Milagre

Rosangela Maluf Seu Nico reclamava sempre de uma dor de cabeça, “em caracol”, que apesar de não muito intensa nem muito frequente, era de uma chatice sem tamanho. – Como assim? Perguntava Nandinho, seu único filho. – Ó, fio… começa com uma dor na nuca, vai rodando pelo pescoço. Chega nos dente. Para. Depois roda de novo até perto das orêia. Caminha de novo, vai … Continuar lendo Um Pequeno Milagre

Uma Certa Loucura

Rosangela Maluf Durante os tempos da nossa bem vivida juventude, ele dera muito de si enquanto eu voltava sempre vazia, ao meu ponto de partida. Pouca esperança de avanços promissores. Faltava alguma coisa ainda por descobrir. Eu imaginava que haveria outros corpos sem carícias, outros olhares sem brilho, beijos sem sabor, até que surgisse o grande amor de que todo mundo falava – não era … Continuar lendo Uma Certa Loucura

Sábado de manhã

Rosangela Maluf Era um sábado como qualquer outro. Ela fechou o livro, saiu da cama. Olhou para o relógio na mesinha de cabeceira e viu que já eram quase dez horas. Resolveu se levantar e abrir a porta para que a gata entrasse. A amiga dourada miou delicadamente. Era um bom dia, ela entendeu. Resolveu abrir as cortinas que, até então, continuavam fechadas.  O sol … Continuar lendo Sábado de manhã

Não me chame de amor…

Rosangela Maluf   Como sempre vem acontecendo nos últimos meses, ela acorda de mau humor. Olha o relógio em sua mesinha de cabeceira e vê que ainda é muito cedo: 7h45. Resolve ficar mais um tempo na cama, mas sente-se mal. Quer respirar profundamente. Não consegue sem enorme esforço. Além disso, tem sede, muita sede. Talvez tenha sido o vinho que lhe acompanhara na noite … Continuar lendo Não me chame de amor…

Made in Italy

Rosangela Maluf A conversa entre elas passava sempre pelo mesmo crivo: como andam os amiguinhos da internet? Aos sessenta anos, as três amigas se divertiam com as paqueras virtuais, aquelas com duração máxima de quinze dias, em média. Depois, tudo ia perdendo a graça e os amigos atuais se mostravam tão desinteressantes quanto os anteriores. Não estava sendo fácil. Muita gente, pouco interesse e uma … Continuar lendo Made in Italy

No aeroporto

Rosangela Maluf Ao descer do avião, tudo parecia estar em silêncio naquele aeroporto tão movimentado. Ninguém falava nada. Não se ouvia nenhuma palavra. Nenhum ruído, nenhum som. Silêncio completo. Entretanto seu coração fazia barulho, batia forte. Um tum-tum-tum intenso. Respirava fundo tentando não demonstrar a imensa ansiedade que lhe consumia. Andava calmamente para disfarçar o tremor das pernas. Trocou de mão a pequena valise que … Continuar lendo No aeroporto

Uma netinha, da hora!

Rosangela Maluf Estou esperando que Nadja termine seu tratamento de dentes pra levá-la pra casa. Sou uma boa avó e hoje, atendo a um pedido da minha nora que não poderá vir, serei eu a ir buscá-la.  Como ótima avó que sou, entregarei a netinha linda, respirarei fundo e voltarei correndo para a minha casa vazia que espera por mim, cheia de silêncios que me … Continuar lendo Uma netinha, da hora!

Presentes que me dou: Os Gatos (6)

Eles são três: duas meninas lindas, louras, elegantes, calmas e carinhosas! Uma é a Kekel (Rachel), a outra é Rutão (Ruth). Além das duas tenho um tigrinho, o Shime – que significa gato, em tibetano. Incrivelmente sapeca, levado, bagunceiro, briguento, mas carinhoso também. Eles são muito companheiros e, em tempos de “tempo de sobra” me ajudam a ocupar os espaços vazios. Me divertem e às … Continuar lendo Presentes que me dou: Os Gatos (6)