Paciência & depuração

Eduardo de Ávila Beirando o centésimo dia de confinamento – ainda não consegui deixar de lado a contagem diária desse martírio – sigo com as oscilações de um presidiário sonhando com o dia da liberdade. Reflexão e inquietação se alternam a cada dia. Não sairei o mesmo disso, claro, afinal, em meio a tantos acontecimentos desde o vírus e passando pelo verme na PR, isso … Continuar lendo Paciência & depuração

Incoerências

  Guilherme Scarpelliniscarpellini.gui@gmail.com Mudei radicalmente os hábitos de vida. Não bebo mais água durante as refeições, porque água prejudica a digestão — agora só se for Coca-Cola. Vendi o meu carro também. Assim, contribuo para um trânsito melhor, já que vou e volto de Uber. Passei a rezar dobrado. Pratico solidariedade e gentileza. Mas não sei o nome do vizinho de frente. Quem disser que sou … Continuar lendo Incoerências

Paranoia, cuidado e relaxamento

  Eduardo de Ávila Já estou beirando três meses de confinamento (hoje, exatos 86 dias). Jamais imaginei em minha vida agitada passar tanto tempo em prisão domiciliar. No início da minha adolescência, entrei em pânico com uma hepatite, condenado inicialmente em 25 a 30 dias de repouso. Fiquei três ou quatro meses, exatamente pela minha resistência em aceitar essa prescrição médica. Quem tiver facebook e … Continuar lendo Paranoia, cuidado e relaxamento

Por trás das máscaras - Fonte: Pixabay

Por trás das máscaras

Daniela Piroli Cabralcontato@danielapiroli.com.br Que há uma tensão constante entre o princípio do prazer e o princípio da realidade a gente sempre soube. Freud explicou brilhantemente sobre a operação dessa briga implícita na nossa psiquê. O que a gente não esperava é que o princípio da realidade se impusesse de tal forma e por tanto tempo, obrigando-nos a adiar nossas satisfações, projetos e sonhos. E hoje, … Continuar lendo Por trás das máscaras

Momento atual sugere reflexão e reavaliação

Eduardo de Ávila Sem saber como e sem ter qualquer perspectiva de quando será que vamos sair desse confinamento, o pensamento voa e tenta projetar o futuro. Notadamente, sobre as relações pessoais, que andavam em estado de deterioração antes do “tranca rua”, às vezes as imagino amenas, mas algumas manifestações em redes sociais não me animam tanto. Vivemos uma situação no Brasil, agravada por um … Continuar lendo Momento atual sugere reflexão e reavaliação

Nada de muito diferente

Taís Civitarese Da janela do meu quarto, avisto uma obra. Em dois meses de quarentena, ela segue de vento em popa. Um dia, fui até lá e conversei com alguns pedreiros. Como médica, me senti na obrigação: nenhum de máscara.  “Vocês deviam usar, mesmo trabalhando”. “Eles pedem pra gente usar, mas ninguém usa”, foi a resposta. Mais tarde, vi um homem engravatado caminhando entre as … Continuar lendo Nada de muito diferente

O novo normal

“Melhor nunca significa melhor para todo mundo.” – The Handmaid’s Tale – Victória Farias Toda vez que tentava andar um pouco mais rápido na calçada vazia da Avenida Brasil, Sérgio sentia uma vertiginosa falta de ar. Sabia da necessidade, mas odiava a obrigação de ter que usar máscara sempre que fosse sair. Parou até de se barbear, não via mais motivos para isso. Olhou para … Continuar lendo O novo normal

Boa notícia

Guilherme Scarpelliniscarpellini.gui@gmail.com Na semana em que contávamos 10 mil mortos por “gripezinha”, Bolsonaro contaminava o Lago Paranoá com seu jet ski e Regina Duarte nos fazia engolir os versos de “Pra Frente, Brasil”, enfim, uma boa notícia: vou ser titio. Eu já sabia desde o início da semana, quando a Alessandra, minha irmã, ligou perguntando quantos fios de cabelo brancos eu tinha na cabeça. “É o … Continuar lendo Boa notícia

O ano que não aconteceu

“Sem arrogância, mas com absoluta convicção, eu digo: este país vai dar certo!”
Fernando Henrique Cardoso

Victória Farias

Não é fácil pensar fora da caixa, especialmente quando se está preso em uma.

João sabia disso. Tanto sabia, que todas às vezes que suas aulas de Ensino a Distância (EAD) começavam (ele não aguentava mais) se arrastava do sofá para a sala para se sentar na frente do computador por mais quatro horas e fingir que estava prestando atenção em alguma coisa.

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Verdade seja dita

Guilherme Scarpellini
scarpellini.gui@gmail.com

A cidade não está cabendo mais dentro de casa. Suas artérias vão se entupindo de carros e os seus braços se alongando para acolher os transeuntes mascarados. Verdade seja dita, Belo Horizonte está saindo de fininho da casa, como uma criança teimosa engabelando o castigo.

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