Antipatia semântica

Tais Civitarese Já contei aqui nesse querido espaço que faço desta página um confessionário. Aqui, escrevo coisas que penso em segredo e que, por vezes, não conto nem para mim mesma. Ou então, falo de emoções que vêm e não sei de imediato colocar em palavras. Hoje, serão elas as protagonistas do meu texto: as palavras. E junto delas, alguns sentimentos borbulhantes… Há algum tempo, … Continuar lendo Antipatia semântica

Desembaralhe

Tais Civitarese O patriarcado deu errado. Eis um fato consumado. Até quem se alia a ele será, um dia, tragado por sua voracidade. Fato. Minhas amigas, não se iludam! Venho do futuro para lhes dizer apenas isso. Não adianta dançar conforme a música. Seus passos jamais serão bons o suficiente. Ou em breve, a “playlist” mudará e você precisará aprender tudo de novo. Não adianta … Continuar lendo Desembaralhe

Quarenta

Tais Civitarese Ontem, fiz quarenta.Ainda é estranha a sensação.Dos trinta aos trinta e nove, foi tudo parecido.Uma juventude tardia. Um leve ar de maturidade encobrindo medos adolescentes.Agora, é diferente.Quarenta anos parecem tanto tempo!Onde foi que passei toda essa vida?Quantas saudades carrego? Quantas rugas de riso? E os sonhos?Às vezes, e não são poucas, ainda me sinto com sete anos.Noutras, com quinze, dezesseis.Dos pensamentos e sensações … Continuar lendo Quarenta

Minha briga com o chefe

Tais Civitarese Não, não se trata do meu chefe do trabalho. Tampouco do chefe de cozinha. Estou falando do chefe mesmo, do chefe de verdade, do chefão. The Boss. Aquele que fica lá no alto e resolve e arranja todas as coisas. Não sei se por ingenuidade minha ou por um erro de interpretação, sempre achei que bastava pedir algo a ele que seria atendida. … Continuar lendo Minha briga com o chefe

Ah, a infância!

Tais Civitarese Esta tarde, levei meus dois filhos para andar de bicicleta em uma rua a um quarteirão de nossa casa. É uma rua plana, especialmente calma aos feriados, onde só existem casas e não passa quase carro nenhum. Ao chegarmos, avistamos um grupo de meninos, de idades aparentemente  próximas às deles, com suas respectivas “bikes”. Logo, disse aos meus: – Vão lá fazer amizade! … Continuar lendo Ah, a infância!

Desconstrua-se ou devoro-te - Foto: Desconstrua-se ou devoro-te

Desconstrua-se ou devoro-te

Tais Civitarese Alguns dizem que viver os anos dois mil e vinte e um é um constante pisar em ovos. Cada palavra proferida pode ferir uma outra pessoa. Uma frase mal pensada é passível de processo na justiça. Uma reação automática, considerada crime ou preconceito. Alguns reclamam que está chato viver. Que não se pode mais falar nada. Excluídos alguns exageros, considero que vivenciamos uma … Continuar lendo Desconstrua-se ou devoro-te

O roubo e o arroubo

Tais Civitarese Tudo começou com um sumiço. Durante a noite, sorrateiramente, sumiram o cabo e o martelo. Dias depois, sumiu o serrote. E a situação foi ficando complicada. Como reparar as coisas sem ferramentas? O que mais poderia desaparecer, assim, sem mais nem menos? Para consertar tudo, surgiu uma ideia. Convocarmos um guardião, um segurança. E foi aí que ele apareceu…  Ele tem três meses. … Continuar lendo O roubo e o arroubo

Lições de um capuccino

Tais Civitarese Um tarde dessas, em uma fase flexibilizada do comércio, fui tomar café com uma amiga no shopping. Permitimo-nos tal indulgência por ser uma amizade muito valiosa, digna de enfrentar restrições de circulação relativas e essencialmente terapêutica para o espírito. Máscaras em face, após inúmeras confidências, pães de queijo e goles gostosos no capuccino, seguimos nosso caminho. Minha amiga, ecológica, chamou seu uber e … Continuar lendo Lições de um capuccino

Joanete - Foto: pixabay

Joanete

Tais Civitarese Meu pé esquerdo está doendo dentro do sapato. É uma dor em um local específico, que fica junto à articulação do dedão com o primeiro metatarso: o chamado joanete. Mesmo calçada, ele salta aos olhos. Está alto e um pouco vermelho. A cada passo, saúda-me a ironia estranha que só as dores têm para nos lembrarem de que estamos vivos. Ele lateja e … Continuar lendo Joanete

O caso dos gatos

Tais Civitarese Durante o período principal da minha infância, morei em um apartamento do primeiro andar. Lá, tinha uma varanda. No seu canteiro, minha mãe plantava flores: azaléias, buganvílias, beijinhos, manacás. Nas jardineiras laterais, mais altas, gerânios e espadas de São Jorge.  Era o lugar onde minha irmã e eu brincávamos. Balançávamos na rede, soltávamos bolhas de sabão, fazíamos pinturas, modelávamos argila. Era onde se … Continuar lendo O caso dos gatos