Eduardo de Ávila

O conceito de moral tem se valido de interesses pessoais e/ou de grupos em conformidade com a camisa que o ator esteja trajando. Vivemos, nunca imaginei, um momento tão triste e medonho que é difícil fazer qualquer projeção otimista sobre o futuro da humanidade. Ganância e arrogância tomaram o espaço da empatia e da boa convivência. São muitos os fatores que provocaram essa divisão ao meio de valores, todos convergindo para a conveniência dos exploradores do planeta e da mão de obra barata.

Tem dias que a nostalgia me sugere entrar em depressão, mas sou resistente até em ceder ao desejo dessa gente perversa. Seria tudo que queriam, assistir mais um corpo caído no chão. O que será o amanhã? Como será o nosso destino? Antevejo as pessoas andando e se cruzando pelas ruas sem rosto e semblante, sem dizer “bom dia”, todos colados e de olho na tela do aplicativo. Automóveis sem motorista e até já não temos nem caixa físico para pagar contas. Onde ainda existe atendimento presencial e pessoal, via de regra, é frio e sem qualquer interesse por agradar ao cliente.

No nosso Brasil parece que a situação tende a ser mais grave que o resto do mundo. Se será ou não eu nem sei, pois vivo nessa bolha brasileira prestes a explodir. Não vi o primeiro e segundo títulos do mundial de seleções, mas festejei o tri, tetra e penta. Esse último já nem tanto quanto os anteriores, perdia a fé e confiança na cbf e até no romantismo com o futebol. E a camisa amarela passou a ser símbolo do atraso e do reacionarismo. Festejei o primeiro Oscar conquistado pelo Brasil, como fora por ocasião do tri e tetra. Confesso que sinto muito mais valor nessa recente conquista que nas cinco Copas do Mundo.

E presenciei – com tristeza – a reação canalha de gente que torce contra os interesses sociais e pela concentração de renda nas mãos de poucos exploradores capitalistas. Ah! E esses babacas, por mais que tentem se inserir no rol dos privilegiados, jamais irão se aproximar desta casta. E aí estão incluídos muitos riquinhos que passam à margem desse pequeno grupo, mas que se auto proclamam milionários. São tão pobres que a única coisa que tem é um dinheirinho que é um pouquinho mais que quem esnobam. Pobres de classe rica, entre outros termos mais pejorativos. Pobre no corpo de rico!

E tem ainda aqueles que, em algum momento, se valeram de privilégios para dar impulso a fortuna que alcançou. Sem dar nomes, embora seja visível, meu time do coração foi transformado em SAF e tem donos. Teve um dos milionários, agora convenientemente silenciado, que entendeu ter comprado também a nossa paixão pelas cores preta e branca. Caiu na real e se calou, o resultado foi a reação e aproveitamento no gramado depois de duas grandes frustrações.

O acionista majoritário, nada tenho contra investidores – desde que não pensem que somos todos trouxas e ainda invistam no social -, também noutra seara andou falando asneiras e se mostrando com um viés de ingratidão. Qual entre nós cidadãos brasileiros não entendem que o “bolsa família”, assim como outras ações de governo – no caso do “SUS” -, são exemplos para todas as nações do mundo. Pois o grande beneficiado com projeto anterior sobre habitação popular, caiu de pau nesse maior programa de transferência de renda que é reconhecido internacionalmente. Seria esse o pensamento dele quando o “minha casa minha vida” foi lançado? Se sim, nunca se manifestou.

Agora assistimos, conheço muitos e me entristeço, gente querendo comparar Rubens Paiva com aqueles marginais – financiados por quem se esconde atrás ou dentro do armário – do 8 de janeiro. Desonestidade intelectual ou burrice conveniente? Anistia? Jamais! E mais, repito que não sou lulista e nem petista. Querer igualar Lula a Bozo e ainda tentar tachar o primeiro de comunista, depõe contra todos os professores de História do currículo escolar de quem comete essa insanidade. É tão e somente, como costumam fazer, agir em nome de Deus (e Jesus) contra todos os princípios do Pai e do Filho. Nem precisa invocar o Espírito Santo e Amém. É cinismo!

6 comentários sobre “A desprezível e conveniente (i)moralidade

  1. Oi Edu! Um texto jornalístico e histórico. Nossa sociedade adoeceu e se dividiu. Nós seres humanos nascemos para cooperar e amar. Não nascemos para competir e odiar. Confio ainda na transformação para um Brasil Melhor. A esperança, a crença na democracia e em uma vida humanista nos salvará. O único caminho é a real fraternidade, na minha Singela opinião. Abraços, Patrícia Lechtman.

  2. ” Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres.” – Rosa de Luxemburgo –
    Caro! Nossa sociedade é tão hipócrita q podemos compará-la ao Pluto q até hj não se ligou que seu dono,o Pateta, tbm é um cachorro. Mais ou menos isso!
    )))) SEM ANISTIA (((((
    Sigamos!

  3. Haja resistência! A tecnologia veio com a promessa de facilitar a vida, aumentar o tempo livre e outras fantasias…agora estamos tendo que fazer tudo sozinhos via aplicativos e se houver dificuldade não tem um mísero número de telefone que um ser humano atenda para dar suporte. Essa galera tão entusiasta dessas novidades estará assim com o passar do tempo?
    Não estou confortável em ser refém de big techs.

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