Necessidade crescente de ressignificar

Eduardo de Ávila

Sim, às vezes leio que o ser humano não deu certo, mas é incorreto generalizar. Se nos meus tempos de criança, aliado na espera do Papai Noel carregava um sentimento medonho de lobisomem e outras lendas, nos dias atuais esse pavor é real. Pior, tem atores verdadeiros que aterrorizam nosso dia a dia e – no mínimo – sobre alguns deles causam decepções permanentes. E, adoro dizer sigamos, mas nesses casos nem é cabível. Refiro aos lobisomens conhecidos.

De início falo sobre os desconhecidos bandidos que se valem das ferramentas das redes sociais. Esses pilantras, nos tempos antigos, roubavam eram nas ruas e invadindo casas. Até extorquiam em chantagens e/ou sequestros. Com a evolução dos tempos, passaram a atuar pelo sistema virtual, onde muitos não deixam rastros e digitais. Lembram dos sequestros a filhos e ameaça aos pais? Parece que esse golpe caiu em desuso. Conheço muita gente que caiu e teve pressão arterial afetada por esse trote/crime no celular.

Atualmente encontraram outra maneira de calotear o desavisado. O telefone toca o dia todo como se fosse do seu banco dando conta de pix em análise, tão desconhecido quanto essa própria transação até tempos recentes. Quando não é com essa isca, dizem que é do banco tal ou outro nome, dizendo que tentaram abrir conta com seus dados. Ocorre, a sofisticação e os dados são tão vulneráveis, que chamam pelo nome e tem telefone, cpf e endereço. Quando era por ação pessoal, mandava para um dos dois palavrões que elegi para reagir. Agora são robôs. Me impressiona como ainda atuam sem uma ação eficaz das forças de segurança.

Mas nesses casos são os delinquentes desconhecidos, pior e que me entristecem são pessoas com visíveis traços de personalidade má. Refiro, sem constrangimento, aos que divergem do pensar humano e social, em nome de uma falsa moralidade. Atraídos em algum momento, se tornaram o que existe de pior no ser humano. Sou Atleticano e nada tenho que me permita confrontar com não Atleticano de qualquer agremiação rival. Só que, no caso, privilegio alguns para essa curtição. Existem, como consequência da outra polarização, quem se ache no direito de brigar, agredir e atacar adversário nesse campo.

Tudo isso foi formado e é consequência de interesses que passam distantes do bom senso e boa convivência. Bora falar de política sim, campo que deveria se restringir na livre escolha e opção de cada cidadão. Nunca neguei minha preferência por quem defende políticas sociais de inclusão, sem jamais ter militado em qualquer legenda extremista. Mas, meus algozes se autoqualificam por julgar e conversar fiado sobre minhas escolhas. Até, entre os quais um relativamente próximo, notável que mereceu minha consideração até se perder definitivamente pela opção reacionária em defesa do capitalismo selvagem.

Resultado disso, em três tempos, que me deixaram abismado nos últimos tempos. Primeiro a consideração de alguns idiotas que Biden/Kamala são esquerdistas, ao comemorar a eleição do Trump. Traindo todos os ensinamentos recebidos no ensino fundamental, se é que estudaram, podem ter feito prova no decoreba. Depois o bate-boca entre um ex-governador de Minas e o atual vice, ambos buscando visibilidade. O primeiro pelo banimento de sua reputação conquistada de maneira superficial e o outro tentando se tornar conhecido.

Finalmente sobre a cirurgia do Lula. Procedimento simples e normal na vida de qualquer pessoa, virou meme nas páginas e mensagens de imbecis. Desejar a morte de alguém é tão chocante e indigno, que me fez preocupar com esses agentes. Atraem para si o desejo que investem nos outros. Como diria lá nos tempos que eu tinha medo de lobisomem, “cuida do corpo pois a alma e o espírito já estão podres”. Tristes momentos. E no meio desse tipo de gente, tá cheio de falsos cristãos e cínicos moralistas. Não tem coragem de olhar para dentro de si, pois são exatamente aquilo que atiram e acusam seus divergentes. Não é por acaso que nestes tempos pobres surgem sucessos e famosos. Caneta azul, luva de pedreiro, negar assento na janela para criança faz virar celebridade, entre músicas de péssima qualidade e gosto (funk e sertanojo), tipo de rua e grosseria notabilizar a carência por talentos. Como seguir? Sigamos!

3 comentários sobre “Necessidade crescente de ressignificar

  1. Bom Dia! O texto muito bem escrito, nos alertar contra os hipócritas que fazem das redes uma passarela da maldade.

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