Buscando começar o recomeço

A motivação para esse post, veio de uma mensagem recebida de uma amiga muito querida no domingo. Um vídeo do Miguel Falabella. Em meus 66 bem vividos anos, nunca teimei por insistir com hábitos tóxicos, tanto é que já se vão mais de duas décadas de abstinência alcoólica. E, afirmo, embora não me faça hoje nenhuma falta, também não me arrependo dos tempos que consumia uma cervejinha. Cumpriu bem o seu papel, sobretudo para afastar minha confessa timidez. Essa foi embora de vez, atualmente amigos da ocasião dizem que estou mais para irreverente, mesmo e apesar de alguns outros me tacharem de arrogante.

Afinal, cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é! Só não uso do benefício do dom de iludir, por exemplo, de Caetano que me inspira nessa parte foi e sempre será ídolo. Ele, Chico, Gil e tantos outros que fazem parte da minha história, hoje renegados por espíritos reacionários – que se auto proclamam conservadores – de um país que escancarou o perfil de muita gente nos tempos recentes.

E de Ney Matogrosso, que conta ter se rebelado de um pai autoritário, que tentava impor a ordem unida dentro de casa. Ney também é dessa geração que desabrochou e ainda segue os princípios e ideais de liberdade. Esse é mais um motivo que me estimula a estar sempre na busca de um novo recomeço. Ainda que seja duro, cruel e triste. Mas, em determinados momentos, necessário.

Em minhas orações diárias, pela manhã e também à noite, deparei com uma mensagem que me sinalizou ser o melhor caminho. Sugeria pensar nas alegrias que o futuro sempre reserva no lugar de privilegiar dores do passado. Reciclar, te atualiza, mano…! Veio num momento muito especial para uma situação de conflito que estou passando. Fechando mais um ano, temporada de duras e irreparáveis perdas de familiares, amigos e pessoas ao entorno, que sempre me foram muito caras e que agora moram nas boas lembranças. Dói e me faz sofrer, porém me conforta saber que estão bem lá na eternidade ao lado dEle e de tantos outros que os precederam.

Enquanto isso, seguindo aqui nessa vida material – assistindo gente engolindo gente -, testemunhando que para alguns o amor ao próximo faz parte apenas do discurso de das falsas orações. E nesse contexto, dissimulação religiosa, minha percepção permite identificar em todas essas ditas crenças a presença de fake-cristãos. Pessoas, em sua grande maioria, pobre de classe rica. E, já entre aqueles que são um pouquinho mais aquinhoados com poder econômico, uma pobreza irreversível. São tão pobres que seu único valor é o dinheiro.

Em meio a essa divagação, num dos poucos grupos que participo (eram menos de cinco, agora já ultrapassam os dedos de uma mão, preciso fazer nova triagem), uma amiga descreveu lindamente sobre a morte. “Todo dia. Essa é a nossa fase. Já tivemos as festas de adolescência, formaturas, casamentos, nascimentos dos filhotes, casamentos dos filhotes, chegada dos netos e agora estamos nessa de viver partidas. Isso é triste? É! Mas significa que vivemos intensamente e não morremos jovens”. Obrigado, Eliza Peixoto!

Dito isso, aproveito para justificar para dezenas de amigas e amigos que têm me perguntado sobre o papel de Papai Noel que faço anualmente. Como sabem, todo dezembro, voluntariamente, participo de eventos de natal em creches, asilos e escolas especiais. Todas entidades de interesse e assistência social. Pois desta vez, acabei me impondo em afastar desse momento tão bonito. Exatamente, como mencionei acima, sinalizações de radicais que estariam dispostos a criar factoide com minha pessoa para tentar desmoralizar esse trabalho voluntário.

Triste demais, apesar disso, fui domingo num evento de pessoas amigas – no agradável Restaurante Esquina Santê, vale a pena conhecer no Santa Teresa -, e cumprindo uma única agenda de Papai Noel, numa instituição assistencial em reconhecimento ao que fizeram pelo ator amador ao longo desses 12 últimos anos. Foi o primeiro entre centenas de lugares que passei durante esse período, além – claro – da reunião em família. Jamais vou perder a motivação e a alegria de estar aqui neste plano de vida. É o começo de um recomeço. Assim seja!

*imagens: 1)arquivo pessoal; 2 e 3) redes sociais

2 comentários sobre “Buscando começar o recomeço

  1. Sejamos felizes e vamú que vamú,pois atrás do morro tem morro.”Nossa linda juventude…páginas de um livro bom” é isso q importa,os outros são os outros e só!
    Forte abraço meu amigo temporão.

  2. Caro Eduardo, parabéns. Suas palavras nos fazem refletir. Grande verdade: começar sempre. Amigos estão conosco nas horas alegres e nos momentos difíceis. Seu Papai Noel nos traz muito contentamento e é um exemplo de verdadeira doação. Continue a praticá-lo assim como a nos presentear com suas belas crônicas.

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