Categories: Eduardo de Ávila

A chatice tecnológica

Me lembro, faz algum tempo, trouxe esse mesmo tema para essa prosa semanal no Mirante. Não sou pessoa refratária, mas admito ser jurássico, quando certos avanços (notadamente tecnológicos) passam a me incomodar. Participo de pouquíssimos grupos de relacionamento, sendo que mesmo nesses que sobrevivem, tenho sido mais um distraído voyeur que participante das discussões.

Até em grupos de família, onde aparecem os engraçadinhos que adoram provocar e sempre se vitimizam quando encontram reação, já virei várias primaveras distante. Estava num pequeno grupo de loteca acumulada, mas cansei de provocações baratas e idiotas da campanha de terceiro turno. Entre os que ainda tenho uma pequena participação, por respeitarem os temas propostos, ainda me mantenho como figurante.

Tirante isso, mesmo sem nunca esconder minhas preferências – desde time do coração, passando por opções ideológicas até chegar com as pessoas com as quais quero me relacionar -, sempre me pautei por evitar temas conflitantes. Tenho até o cuidado, quem convive comigo proximamente sabe disso, não ligo para ninguém (desde o surgimento do WhatsApp e a agenda no aparelho) sem previamente manifestar essa intenção. Vale para filhas e até mesmo meus superiores no trabalho.

Ainda assim, aqui mesmo no Mirante e muito mais no outro blog do Galo, sistematicamente recebo manifestações de descortesia pelo que estou publicando. Disse descortesia, pois aquelas que apresentam o contraditório são saudáveis e me agradam, uma vez que sugerem um bom debate. Mas, alguns entre esses, já chegam chutando da cintura pra cima. Aí aplico a lei da ação e reação, pois não é que tem quem se vitimize e queria que o blogüeiro apanhasse calado. Aqui não, a vara é de marmelo.

Essa reação, por mais desagradável que seja, tem seu lado bom. Seletivamente venho eliminando os adeptos da chatice. Todo chato, inclusive nós mesmos – ainda que raramente – quando exercemos essa condição nos arvoramos em julgadores e questionadores da opinião alheia. O duro, e isso me incomoda, é aparecer quem pouco ou quase nada sobre a gente e dispara a mandar mensagens que sabidamente vão desagradar. Em tempos de fake News, já espantei algumas dezenas.

Um teve a coragem de me enviar algo sobre vacina, recentemente tem poucos dias, e depois -cinicamente – disse que a intenção era me alertar sobre os riscos da imunização. Outro, via de regra não pedem permissão para inundar nossa caixa postal, enviando também fake sobre eventos dos últimos tempos na vida nacional.

Daí, com a ferradura que tenho aqui do meu lado, reagi chamando esses e outros que já passaram por aqui de “fake cristão”, “pobre de classe rica”, “negacionista”, defensor de torturador” e outros adjetivos que a minha reação sugere no momento. Oh! Dó! Ficam ofendidíssimos! Quase chorei! Mentira, fico rindo e penso “menos um”. Ah! Só telefono em caso de necessidade, ainda assim, aviso antes que quero ligar.

Eventualmente, quando demoro a ter retorno, me atrevo em furar esse princípio. E, finalmente, só envio mensagens de futebol e política para quem abraça o meu time e a minha opção. A exceção, ainda assim tímida, é para quem insiste. Com uma advertência, tenho um arsenal nessa linha, quer parar por aqui ou continuar? E a aposentadoria nada!

Blogueiro

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