As pessoas mudam

Taís Civitarese Acho muito interessante quando surge uma notícia que revira o passado de alguém e encontra um podre da pessoa. Uma fala enviesada ou uma opinião polêmica de 1989 voltam aos holofotes e se tornam atuais como se fossem de hoje, como se tivessem saído da pessoa que existe hoje, mais de 30 anos depois. Muitas vezes, os autores são achincalhados e descredibilizados em … Continuar lendo As pessoas mudam

Tampas

Taís Civitarese “Cada pé cansado tem sempre um chinelo velho que lhe caiba”. Esta máxima, por vezes usada como mantra para quem aspira a uma parceria amorosa, tem feito bastante sentido para mim nos últimos tempos. No entanto, não me refiro à conotação nupcial da frase, mas sim a um outro tipo de casamento. Falo das parcerias comportamentais. Há sempre um mandão para quem gosta … Continuar lendo Tampas

Minha professora

Taís Civitarese No primeiro ano do ensino médio, tive uma professora que mudou minha vida. Era minha professora de português. Quando adentrava a sala, já trazia consigo uma aura de respeito. E não era por ser séria ou rigorosa. Ao contrário. Ela tinha uma luz e uma vitalidade no olhar como poucas vezes vira antes. Ela parecia gostar muito de ensinar. Tinha uma “braveza” inata … Continuar lendo Minha professora

Inverno

Taís Civitarese Olho para a árvore desfolhada em frente à minha casa. Ela está viva, porém não parece. Olhando de perto, carrega minúsculos brotos de folhas embrionárias. Mas seus galhos estão cinza e ainda vai demorar algum tempo para estarem frondosos. É como me sinto. Nas profundezas de algo brando e quieto, meus sentimentos fermentam. Sob uma aparência pouco chamativa, pensamentos se complexam. É como … Continuar lendo Inverno

Foto: Pixabay - Não

Não

No meio do caminho, havia um ‘não’. Havia um ‘não’ bem no meio do caminho. Topei com ele. E agora? Quis chutá-lo, empurrá-lo, excluí-lo. O que fazer com esse ‘não’ tão imponente, que interrompia meus planos e desafiava a minha vontade? Qual era a desse ‘não’ atrevido que ousou perturbar minha certeza e debochar das minhas convicções? Mexi com ele. Insisti. O ‘não’ era pesado … Continuar lendo Não

A rede

Taís Civitarese Jorge comprou uma rede. Quis pendurá-la na varanda de seu apartamento para poder olhar o céu e tomar um ar fresco. Perfurou os azulejos do revestimento, instalou os ganchos penduradores e encaixou as alças de sua bonita rede de fibra de algodão cru. Deitou nela. A sensação de estar suspenso lhe agradou. Arriscou balançar-se um pouco. Para trás e para a frente apoiando … Continuar lendo A rede

A treta

Taís Civitarese A treta começou com uma brincadeira no zap. Celinho fez uma piada debochando do cunhado. Este revidou enviando uma figurinha ofensiva. Em seguida, fez -se um silêncio. E ninguém escreveu mais nada. Passados uns dias, quietude no grupo. Nenhum meme ou comentário. Nenhum aviso de golpe novo. Nem fake news mandavam. Uma irmã ligou para a outra muito preocupada. Que grande bobagem esses … Continuar lendo A treta

Um ponto

Taís Civitarese A morte ronda lentamente. Ela já está aqui. Sinto sua presença nas sombras. Nos silêncios. Ela está dormindo, mas em breve, despertará. Impossível não senti-la. Não temê-la. O julgamento já foi firmado. Ela avança um passo a cada dia. Ela nunca irá embora. A morte é amarela e cinza. Assim como a doença. Ela é úmida de choro. Aguda. Ela é fria e … Continuar lendo Um ponto

Mil genitores

Taís Civitarese Recentemente, li “O filho de mil homens” do escritor português Valter Hugo Mãe. A obra me tocou profundamente ao contar a história de Camilo e de todos os entrelaçamentos humanos que trouxeram significado a sua vida. Desde então, venho me divertindo com o exercício de identificar os mil “procriadores” que assim se colocam para nós ao longo da caminhada. As pessoas que, numa … Continuar lendo Mil genitores