A treta

Taís Civitarese

A treta começou com uma brincadeira no zap. Celinho fez uma piada debochando do cunhado. Este revidou enviando uma figurinha ofensiva. Em seguida, fez -se um silêncio. E ninguém escreveu mais nada.

Passados uns dias, quietude no grupo. Nenhum meme ou comentário. Nenhum aviso de golpe novo. Nem fake news mandavam.

Uma irmã ligou para a outra muito preocupada. Que grande bobagem esses dois, falou Ana. Não sei o que deu no Gustavo, disse Cilene. E nada de um deles dar o braço a torcer. Ficou por isso mesmo.

Quinze dias depois, teve um churrasco na casa do Jorge. As duas irmãs foram acompanhadas. Celinho e Gustavo mal se cumprimentaram. Sentaram cada um em seu canto, próximo aos mais chegados.

O chopp descia à vontade. Mas um não ia falar com o outro. Em dado momento, Jorge tomou a palavra. E disse que aquilo ali não podia continuar. Que cunhado era igual a irmão, que brigava, mas fazia as pazes. Nisso, o irmão de Jorge entrou na conversa. E disse que nada de cunhado ser a mesma coisa que irmão. Era muito diferente. Irmão era o mesmo sangue. Cunhado, não.

Jorge, alterado, falou para não levar para o pessoal a ofensa. Mas Miguel, irmão de Jorge, revidou que não ia aceitar ouvir bobagem. Ainda mais vinda de um atleticano.

Jorge estava na própria casa e não toleraria desaforo. Avançou sobre Miguel e deu-lhe um soco na cara. Alguém desligou a música e afastaram um irmão do outro. As mulheres correram para junto dos maridos. Saíram de fininho. Estava encerrada a festa.

No outro dia, Gustavo mandou no grupo uma mensagem zombando de Jorge. E disse que Miguel era um grande babaca. Celinho respondeu que era mesmo. Brigar por bobagem de time, onde já se viu. Por falar nisso, na quarta tinha jogo. Gustavo disse que ia, e você, Celinho? Vou sim. Colados lá então.

Estava encerrada a treta.

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