O mau olhado da dona Filó

Rosangela Maluf Parte I Aos meus olhos de criança, dona Filomena – por ser tão velhinha – deveria estar bem perto da morte. À época, nós, crianças, pensávamos que só gente velha morria. Sempre que o sino tocava e o triste badalar indicava uma morte, a criançada logo imaginava que um de nós perdera um avô. Sim, morriam mais avôs do que avós. A estatística … Continuar lendo O mau olhado da dona Filó

Paulo Bet

Tadeu Duarte tadeu.ufmg@gmail.com Conheço meu amigo Paulo desde a adolescência. Quatro anos mais velho que eu, sempre me diverti com as suas histórias. Na rua, Paulo andava sempre atento, olhando pro chão pra tentar achar dinheiro, o que várias vezes aconteceu. Na escola, assim que tocava o sinal do recreio, ele, que estudava no segundo andar da escola estadual, descia abraçado na pilastra para ser … Continuar lendo Paulo Bet

Réveillon na Etópia: Um Ano Novo Inusitado

Wander Aguiar Depois dos perrengues em Israel, nosso retorno incluiu uma conexão em Adis Abeba, capital da Etópia. Mal sabíamos que nossa chegada coincidiria com uma ocasião especial: o réveillon etíope. Sim, em pleno setembro, fomos surpreendidos pelo primeiro dia do ano no calendário local! A Etópia segue um calendário próprio, uma variação do antigo calendário alexandrino, que tem raízes no sistema egípcio. Diferente do … Continuar lendo Réveillon na Etópia: Um Ano Novo Inusitado

Psiquiatras e bailarinas

Taís Civitarese A assistência em saúde mental é uma especialidade curiosa. Dificilmente interessa-se por esta área quem não tenha padecido, em algum momento da vida, das dores que são tratadas por ela. Há algum tempo observei que dentre todos – ou quase todos – os residentes de psiquiatria do nosso ambulatório havia visivelmente uma sensibilidade aflorada, uma veia pulsante levemente mais exposta. Eles parecem ter … Continuar lendo Psiquiatras e bailarinas

A estranha leveza do ser

Sandra Belchiolina sandra@arteyvida.com.br Na rua Encontros e desencontros hão Sossego No desassossego há Na fonte da praça Que se diz Da Liberdade Um banho merecido Sabonete há Na rua da vila onde o tempo não tem pressa e a preguiça é mais gostosa A pick-up explode em multicoloridas bolas Cores hão Na rua de Troncoso Na garupa da moto do trabalhador Uma escultura Galões de … Continuar lendo A estranha leveza do ser

Futuro do pretérito - Fonte: pixabay

Futuro do pretérito

Daniela Piroli Cabral danipiroli@hotmail.com Minha filha acabou de completar 12 anos e está aprendendo as conjugações verbais. Ela chega da escola frustrada, sem entender para que existem tantos tempos. Diz que nunca vai usar aquele conteúdo na vida, já que o único momento que existe é o agora.  Concordo, balançando afirmativamente a cabeça, uma sabedoria que demorei muito mais tempo para ter. Mas pondero: o … Continuar lendo Futuro do pretérito

Dezembro é o mês de renovar propósitos

Eduardo de Ávila Todos nós, não me incluo fora dessa intenção, usamos datas para tomada de decisões. Porém, aprendi com os tempos algo que não percebia quando dava espaço ao confortável jeito reclamante. Comecei a perceber que o copo pela metade deve ser olhado na condição de meio cheio e nunca como meio vazio. Sou pessoa de fé, tenho uma religião por escolha pessoal, que … Continuar lendo Dezembro é o mês de renovar propósitos

As fotos das núpcias

Mário Sérgio Vi recentemente, em um filme, adolescentes encontrarem entre as coisas guardadas de sua mãe, uma máquina de escrever manual e uma câmera fotográfica analógica, com filme. Muito interessante aquela “impressora direta”, que imprimia ao tempo em que se digitava. Na câmera procuraram sem sucesso a “tela”. Encontraram apenas um visor mínimo. Para acessar, deveria estar bem próximo do olho de quem pretendesse obter … Continuar lendo As fotos das núpcias