O menino que não gosta de rock

Taís Civitarese Lucas tem 9 anos. Tem lindos cabelos longos, que lhe caem sobre os olhos. Gosta de usar tênis All Stars. Seus preferidos são pretos e têm pequenos raios elétricos desenhados em neon. Ele gosta de fazer tatuagens de caneta em si mesmo. Às vezes, pede ajuda para um amigo da escola que sabe desenhar bem. Chega em casa todo colorido com personagens e … Continuar lendo O menino que não gosta de rock

Foto: Pixabay - Não

Não

No meio do caminho, havia um ‘não’. Havia um ‘não’ bem no meio do caminho. Topei com ele. E agora? Quis chutá-lo, empurrá-lo, excluí-lo. O que fazer com esse ‘não’ tão imponente, que interrompia meus planos e desafiava a minha vontade? Qual era a desse ‘não’ atrevido que ousou perturbar minha certeza e debochar das minhas convicções? Mexi com ele. Insisti. O ‘não’ era pesado … Continuar lendo Não

Anchovas

Taís Civitarese Estou obcecada por anchovas. Não sei de onde surgiu essa mania. Fui tomada pelo desejo repetitivo de comer o peixe azul em abundância. Certamente, tem uma explicação oculta. Tenho vívida a lembrança de infância da pizza de aliche ser a menos prestigiada das pizzarias. Até nas histórias em quadrinhos, ela era sinônimo de “pegadinha”. Me vejo subitamente desejando comer potinhos desse ingrediente de … Continuar lendo Anchovas

O último ano da infância

Taís Civitarese Amanhã, iremos ao pula-pula da Mônica. Com direito a lanche e brincadeiras no pacote. Lucas fará 10 anos em breve. Não sei até quando ele se interessará por semelhante aventura no shopping. Daqui a poucos meses, imagino, terei que me desdobrar: programas infantis para o mais novo, diversão adolescente para o maior. Nas próximas férias, pode ser que esse tipo de passeio de … Continuar lendo O último ano da infância

Um ponto

Taís Civitarese A morte ronda lentamente. Ela já está aqui. Sinto sua presença nas sombras. Nos silêncios. Ela está dormindo, mas em breve, despertará. Impossível não senti-la. Não temê-la. O julgamento já foi firmado. Ela avança um passo a cada dia. Ela nunca irá embora. A morte é amarela e cinza. Assim como a doença. Ela é úmida de choro. Aguda. Ela é fria e … Continuar lendo Um ponto

Mil genitores

Taís Civitarese Recentemente, li “O filho de mil homens” do escritor português Valter Hugo Mãe. A obra me tocou profundamente ao contar a história de Camilo e de todos os entrelaçamentos humanos que trouxeram significado a sua vida. Desde então, venho me divertindo com o exercício de identificar os mil “procriadores” que assim se colocam para nós ao longo da caminhada. As pessoas que, numa … Continuar lendo Mil genitores

Foto: Imagem de Olivia Gonzalez por Pixabay - Dona Glorinha Vende Tudo

Dona Glorinha vende tudo

Taís Civitarese Assim indicava a placa. Dona Glorinha estava de mudança para o asilo e pôs à venda,  aparentemente, tudo o que possuía. Lá, precisaria de poucas coisas. Dois jogos de cama, dois de toalha, alguns vestidos, um sapato e seus remédios. Dona Glorinha precisava do dinheiro. Quanto mais arrecadasse, por mais tempo sua permanência estaria garantida. Anunciou seus móveis, enxoval, fogão, geladeira, tapetes e … Continuar lendo Dona Glorinha vende tudo