Violência doméstica

Tais Civitarese Minha avó sofreu violência doméstica. Toda vez que vejo um caso sobre o assunto, me lembro dela. Minha avó era uma pessoa doce e gentil. Muito inteligente e simples. Meu avô tinha “personalidade forte”. Era homem de seu tempo… Percebi em vovó que as marcas do que ela sofreu perduraram por muitos anos, mesmo um longo tempo após a cicatrização de suas feridas. … Continuar lendo Violência doméstica

Resoluções

Tais Civitarese O telefone toca sem parar um número desconhecido. Já é a terceira vez. Nada fará com que atenda, pois tem por princípio não deixar que as demandas alheias lhe roubem o pouco tempo matinal que possui. Olha para a tela que acende com um quê de desprezo. Ignora. Segue sentada na cozinha, imersa em sua leitura da crônica diária de Amália Fontes, sua … Continuar lendo Resoluções

Desembaralhe

Tais Civitarese O patriarcado deu errado. Eis um fato consumado. Até quem se alia a ele será, um dia, tragado por sua voracidade. Fato. Minhas amigas, não se iludam! Venho do futuro para lhes dizer apenas isso. Não adianta dançar conforme a música. Seus passos jamais serão bons o suficiente. Ou em breve, a “playlist” mudará e você precisará aprender tudo de novo. Não adianta … Continuar lendo Desembaralhe

Quarenta

Tais Civitarese Ontem, fiz quarenta.Ainda é estranha a sensação.Dos trinta aos trinta e nove, foi tudo parecido.Uma juventude tardia. Um leve ar de maturidade encobrindo medos adolescentes.Agora, é diferente.Quarenta anos parecem tanto tempo!Onde foi que passei toda essa vida?Quantas saudades carrego? Quantas rugas de riso? E os sonhos?Às vezes, e não são poucas, ainda me sinto com sete anos.Noutras, com quinze, dezesseis.Dos pensamentos e sensações … Continuar lendo Quarenta

Minha briga com o chefe

Tais Civitarese Não, não se trata do meu chefe do trabalho. Tampouco do chefe de cozinha. Estou falando do chefe mesmo, do chefe de verdade, do chefão. The Boss. Aquele que fica lá no alto e resolve e arranja todas as coisas. Não sei se por ingenuidade minha ou por um erro de interpretação, sempre achei que bastava pedir algo a ele que seria atendida. … Continuar lendo Minha briga com o chefe

Ah, a infância!

Tais Civitarese Esta tarde, levei meus dois filhos para andar de bicicleta em uma rua a um quarteirão de nossa casa. É uma rua plana, especialmente calma aos feriados, onde só existem casas e não passa quase carro nenhum. Ao chegarmos, avistamos um grupo de meninos, de idades aparentemente  próximas às deles, com suas respectivas “bikes”. Logo, disse aos meus: – Vão lá fazer amizade! … Continuar lendo Ah, a infância!

Confissões de uma pessoa intuitiva

Tais Civitarese Existe uma solidão particular que sentimos quando percebemos algo que as outras pessoas não vêem. Às vezes, algo se mostra para nós com tanta clareza, mas tanta, que parece estranho que sejamos os únicos a ver. Não estou falando de mediunidade ou algo assim. Refiro-me às impressões sobre os fatos corriqueiros da vida, sobre situações e pessoas que encontramos no caminho. Às vezes, … Continuar lendo Confissões de uma pessoa intuitiva

Desconstrua-se ou devoro-te - Foto: Desconstrua-se ou devoro-te

Desconstrua-se ou devoro-te

Tais Civitarese Alguns dizem que viver os anos dois mil e vinte e um é um constante pisar em ovos. Cada palavra proferida pode ferir uma outra pessoa. Uma frase mal pensada é passível de processo na justiça. Uma reação automática, considerada crime ou preconceito. Alguns reclamam que está chato viver. Que não se pode mais falar nada. Excluídos alguns exageros, considero que vivenciamos uma … Continuar lendo Desconstrua-se ou devoro-te

O roubo e o arroubo

Tais Civitarese Tudo começou com um sumiço. Durante a noite, sorrateiramente, sumiram o cabo e o martelo. Dias depois, sumiu o serrote. E a situação foi ficando complicada. Como reparar as coisas sem ferramentas? O que mais poderia desaparecer, assim, sem mais nem menos? Para consertar tudo, surgiu uma ideia. Convocarmos um guardião, um segurança. E foi aí que ele apareceu…  Ele tem três meses. … Continuar lendo O roubo e o arroubo

Lições de um capuccino

Tais Civitarese Um tarde dessas, em uma fase flexibilizada do comércio, fui tomar café com uma amiga no shopping. Permitimo-nos tal indulgência por ser uma amizade muito valiosa, digna de enfrentar restrições de circulação relativas e essencialmente terapêutica para o espírito. Máscaras em face, após inúmeras confidências, pães de queijo e goles gostosos no capuccino, seguimos nosso caminho. Minha amiga, ecológica, chamou seu uber e … Continuar lendo Lições de um capuccino