Eduardo de Ávila
Somos, quase todos, eméritos e assanhados julgadores de atitudes daqueles com os quais temos profunda divergência. E a expressão negacionista ganhou dimensão e visibilidade nos tempos recentes de divisão da sociedade brasileira. Diria mais, não sem razão, pois observar gente adorando pneu, apontando celular para o céu pedindo ajuda de ETs e se negando a vacinar pra seguir a cabeça dura de um idiota é deprimente.
Porém, assim como esses infelizes, também cometemos – individualmente – negações de coisas óbvias. E já começo por mencionar a minha principal. Vem falar comigo que o meu time mereceu perder jogo ou título. Eu nego! E nego com veemência, às vezes consigo até convencer o incauto que me provocou. Eu mesmo reconheço que ele está certo, mas seguirei negando. E mais, tenho até evitado esse e outros assuntos polêmicos, pois nessa altura da vida tô é fugindo de polêmica. Mas não me contrarie. Puro negacionismo!
Tivéssemos mais respeito com o contraditório, seríamos muito mais felizes. Mas é aquele negócio de querer provar que a opinião conveniente ao seu desejo deve prevalecer. Tenho convivido com pessoas e situações que me fazem querer voltar correndo pra casa. Gente boa, de bom discernimento, que não é capaz de atropelar qualquer razoabilidade, mas que em busca de convencer até aquilo de que duvida, se transforam em tempo recorde em negacionista e teimoso.
De nada adianta argumentar. Em nada resolve ponderar. A determinação é a mesma de um adversário ou desafeto que critica ao defender suas convicções. Digo, convicções não, conveniência. Ainda que absurdas. Tipo assim, tendo uma demanda judicial, procuramos um advogado. O causídico estuda o caso e orienta de uma maneira, mas a intenção não era aquela, daí procuramos outro escritório de advocacia. Se temos uma situação médica, igualmente, vamos procurando até encontrar um profissional que diga o que queremos ouvir.
Trabalhei em redação por um tempo, embora minha maior parte na vida profissional tenha sido em assessoria. Já vivenciei situações que chegaram a ser hilárias. Recebida a pauta de determinada apuração, de nada adiantava levar de volta ao chefe que não era bem aquilo, pois a chamada já estava pronta e queriam – de cima para baixo – que fosse de acordo com a teimosia (ou interesse) editorial. Isso é negar a realidade.
Interessante observar nesse perfil de pessoa, que – via de regra – convivem com um transtorno (bipolaridade) em decisões tomadas. Não sou da área e tampouco pesquisador, mas observo gente impulsiva e emocionalmente instável. Se não encontrar um profissional do Direito, da área Médica ou qualquer que atenda seu querer, vai seguir procurando aquela sugestão de um/a amigo/a que tem uma indicação preciosa para a solução do seu drama. Ou pura dramatização. Não falta na nossa sociedade – em qualquer área – quem tenha cursado uma graduação em busca do melhor no mercado de trabalho. Ainda que seja tão e somente o ganho financeiro. Todo dia sai de casa um esperto para cada trouxa que cruzar pelo seu caminho. São assim como os patriotários terraplanistas, zumbis, da cloroquina e que negam as gravações das tentativas do golpe. Vida que segue!
Olá! Apreciei seu texto! Quem fere a democracia não é merecedor de anistia. Quem rasga a História deve ser esquecido. O negacionisno matou e mata! Prossiga na militância com estas palavras de coragem e fé na democracia. Admiro Você! Abraços, Patrícia Lechtman
Teimosia tá no DNA de algumas pessoas e aí tem jeito não.
Pois é caro Amigo temporão, primeiro clonaram ovelhas, agora os lobos. Enquanto os lobos se fazem de vítima,as ovelhas estão tentando se recuperar dos danos causados por eles; e quem poupa lobo,sacrifica as ovelhas.
Sigamos!
#SemAnístia
Muito bom! Fujamos do véu da negação…