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Por mais Iones e fim da hipocrisia de falsas madames

Eduardo de Ávila

Ontem, bem cedinho, o dia já se anunciava comovente. Ando muito emotivo e tem momentos que fujo da realidade para manter a decisão que tomei por curtir o lado B da vida. B de bom! Não me ocupo mais com aquela/e conhecida/o que julgam e rotulam pessoas e situações, sem saber nada sobre temas que se atrevem a discorrer. Via de regra, tem no seu repertório aquela tachação barata e simplista por condenar quem pensa diferente. Fogem de um bom debate e, como aquelas madames da antiguidade que ficavam nas janelas, futricam ao seu bel prazer. Essa gente, doente, que nada aprendeu na escola ou na vida, se entregou ao inominável e saiu do armário.

Enfim, refiro-me a esse grupo – formado por pobres de classe rica e fakes cristãos – agora denominados de transfinanceiros. Esse novo gênero, revelado quando tiraram a máscara e mostraram sua verdadeira faceta. Se auto identificam como pessoa rica, só que presa no corpo de um pobre. Pobre em sentido amplo. Alguns até têm um cadinho mais de patrimônio, a maioria nem isso, mas longe – muito longe como um chute de um centroavante que não acerta o gol – daqueles que são realmente os financiadores desse momento trágico da nossa vida. Adoram rezar e ir à igreja, mas nem se ocupam com os ensinamentos e a palavra de Deus e de seu filho Jesus. Nesse vídeo, de apenas três minutinhos, podem ainda buscar a salvação. Se é que querem. Confessar e comungar não dá imunidade.

De volta para a Ione. Minha auxiliar do lar, desde o distante tempo que optei por morar sozinho, já por mais de 15 e beirando 20 anos. Segunda a maratona dela é pesada, pois, confesso, não lavo o copo que tomo água, e a cozinha do sábado/domingo fica do jeito que a mamãe não gostava. Ela chegou cedinho, com uma cara abatida, o garoto de 17 anos assassinado na praça do Cardoso era seu sobrinho. Imediatamente recomendei que voltasse para a família e depois noutro dia se ocupasse com a casa.

Eu já de saída para minha segundona de labuta, depois de ela ponderar que ia só arrumar a cozinha para voltar ao encontro dos familiares, me despedi e tomei meu destino. O dia todo fiquei com aquela informação me incomodando, fui ler no noticiário e descobri que o jovem foi esfaqueado por engano num baile funk. Lia, relia e sofria. Quando retorno, já ao final do dia, minha casa toda arrumadinha. Como se nada tivesse acontecido com a Ione. Todas as tarefas da segunda-feira executadas. Nem imagino até que hora ela ficou para cumprir nosso trato de trabalho.

Fui dormir, triste e comovido, passando cenas na minha cabeça. A crença religiosa dela, que não é a mesma minha, mas igualmente de boa fé, faz dela uma mulher forte e determinada. Cumpre dupla jornada. Sai do meu apartamento após o almoço e entra numa padaria onde fica até 22 horas diariamente. O cuidado que ela tem com a casa e comigo é o mesmo que minha mãe teve e minhas irmãs ainda têm com esse caçulinha temporão. Mas, ontem, especialmente ontem, era para a Ione esquecer do nosso trato em manter minha morada bem arrumada. Como gosto!

Em contrapartida, conheço – ainda bem que poucas mas renitentes – madaminhas cuja contribuição às questões sociais, econômicas e políticas é abaixo de zero, que se acham apoderadas. Não sabem nada da realidade ao seu entorno, que têm como opção política quem debocha das próprias mulheres – como elas –, de negros, gays e índios. Conversam com uma desenvoltura invejável, afirmado idiotices que receberam nas redes sociais. Nem é necessário exemplificar quais, pois sabemos e conhecemos. Relembro sempre de uma amiga – new reaça (para elas entenderem, novas reacionárias), que comprovei ela ter me mandado uma fake news e ela reagiu. “Queria que fosse verdade”. Esse fim de semana, ouvi de um amigo que tenho grande carinho, algo que me estarreceu. “Uai, me disseram isso”. Algo inacreditável. Acreditam porque querem. Alimentam o ódio com mentiras.

Pra fechar, sou assumidamente de centro esquerda e tenho mais críticas ao atual governo – que votei – que essa gente especialista em repetir aquilo que o inominável anuncia no seu berrante. Como agora só leio o que me agrada, inclusive nas redes sociais, extrai do amiGalo e companheiro de lutas democráticas – Aloísio Morais – algo interessantíssimo. Segue! Quem matou Kennedy e Luther King? Quem prendeu Lula e Mandela? Quem levou Vargas ao suicídio? Quem torturou e matou na América do Sul? Quem produziu duas guerras mundiais? E os conflitos no Vietnã, Golfo, Iraque, Afeganistão e outras dezenas de países? Quem explodiu a bomba atômica? Quem matou 200 mil pessoas dormindo? A resposta é a mesma. Foi a Direita reacionária. Os fascistas. Golpistas de qualquer natureza. E a esquerda é que é violenta? Valha-me!

Pois a Ione, assim como essas madaminhas improdutivas e mães de herdeiros improdutivos – entre ogroboys e newrichismos –, sabe nada do que estão tramando. A diferença é que ela trabalha e é determinada. Enquanto as outras vomitam seu ódio contra pobres, negros, gays, índios e todos aqueles que abominam o capitalismo selvagem. São tão vazias que não percebem que a força do trabalho é o sustentáculo desse circulo vicioso. Sem trabalhador o setor produtivo agoniza. É a força de trabalho desses renegados que mantém essa gente ignorante no convívio do chá das cinco. Nem percebem que serão as próximas vítimas, mas acham chiquérrimo – democraticamente – defender a opressão e a ditatura. Sejam bem-vindos ao mundo em transformação, caras/os transfinanceiras/os. Força Ione!

Blogueiro

View Comments

  • Parabéns, Eduardo! Você retratou bem a desfaçatez e injustiça de pessoas na nossa sociedade e no mundo...

  • A elite muitas da vezes mostra-se um "Prédio Vazio"! Lógico com excessões. Parabéns pela abordagem!

  • "Não me ocupo mais com aquela/e conhecida/o que julgam e rotulam pessoas e situações, sem saber nada sobre temas que se atrevem a discorrer."
    Maturidade dos justos que lutam por um mundo melhor e que estao no mundo e nao perderam a viagem.
    Parabéns!!! Belo texto e muito necessario afirmarmos que sao os verdadeiros genocidas estruturais e mantenedores do capital.
    Saudações alvinegras.

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