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Que fizeram com a nossa tal mineiridade?

Nosso estado, através das nossas principais lideranças – políticas e empresariais -, ao longo dos tempos construíram essa tradição entre os brasileiros. Reconhecidos até no exterior pela mineiridade. Ser mineiro é lutar pela liberdade “ainda que tardia”, como está na nossa bandeira e tem origem nos Inconfidentes. É afeto e hospitalidade, enraizados na cultura, costumes e festas religiosas em todo o território de Minas Gerais.

Entre mineiros de outrora, via de regra convocados em momentos de instabilidade da política nacional, destacam aqueles que conseguiam conciliar características que se apresentam como antagônicas, mas são determinantes para a pacificação. Ser hospitaleiro, nunca foi conflitante com nossa desconfiança. Ao contrário, juntas permitiram e ainda permitem contribuir ao bem maior que são os interesses verdadeiros do povo brasileiro.

Quando, em 1985 durante a campanha das Diretas Já, o saudoso Leonel Brizola disse na nossa praça da Rodoviária “quando Minas se une, algo está por acontecer”, ele se referia a essa mineiridade. No mesmo palanque, defendendo a volta da democracia estavam antigos adversários como Tancredo, Itamar e Aureliano. Eram tradicionalistas ao lado de revolucionários, conciliando conservadores e rebeldes. Lá no período republicano foi Afonso Pena, décadas depois Juscelino e posteriormente Tancredo e Itamar. Basta ter estudado e lido sobre a História do Brasil, dispensando considerações a esse respeito.

No sistema Faemg, num passado não distante presidiram a entidade Gilman Viana e Roberto Simões. Já a Fiemg, entre seus presidentes do passado destaca o ex-vice-presidente da República José Alencar Gomes da Silva. Na ACMinas, Francisco Américo. Lideranças empresariais que se destacaram na luta pelos interesses de classe, respeitando os poderes constituídos do Estado e da Nação. Assim tem sido os mandatos de José de Anchieta e Antônio Salvo no exercício de suas funções. Tudo dentro da mineiridade histórica, ao bem de Minas Gerais e do Brasil.

Refiro a isso, pela preocupação mineira – no melhor sentido – de ações e reações na contra mão da mineiridade. Com todo respeito, liderança política de Minas Gerais participar – direta ou indiretamente – de ato público contra a democracia não condiz com a tradição da nossa Minas Gerais. Meu avô Armando e meu tio Domingos, lá do Araxá, certamente reviraram dentro do túmulo ao assistirem tal assanhamento. Defendiam a boa convivência familiar e de maneira geral. Eles, bem como os ex-governadores que mencionei.

Outra contradição é presenciar liderança de classe empresarial, num palanque de inauguração com a presença do Presidente da República, ministros de Estado, Governador e vice de MG, entre tantas outras autoridades constituídas – pelo voto ou nomeação desses eleitos – bocejando e/ou cochilando durante a cerimônia de importante evento que interessa ao Estado de Minas Gerais. Aconteceu em Serra do Salitre, onde foi inaugurada unidade que vai produzir fertilizantes através de extração e processamento de rocha fosfática. Há quem afirme que foi proposital e com a intenção de demonstrar desdém e desprezo ao governo federal. Prefiro acreditar num eventual cansaço, o que também não justificaria essa deselegância e falta de mineiridade.

Minas tem de voltar a ser protagonista, mas o caminho escolhido por uma legenda que se auto proclama ser algo novo, nada mais é que minúscula e ultrapassada. Ser mineiro e muito mais que dizer uai ou esse jeito forçado e tinhoso de caipira esperto. Oh! Minas Gerais! Assim quem não te reconhece, não volta jamais! Nem adianta ir para o aeroporto ou praça pública pra dizer, muito prazer eu sou fulano – o desconhecido – buscando visibilidade. Aliás, isso é simplesmente ridículo. Assim como tentar fazer do chefe seu garoto propaganda. Já não se fazem mais assessorias como nos bons tempos. Diretamente proporcional aos estadistas mencionados.

*imagens: extraídas das redes sociais

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