Em outubro, neste mesmo Mirante, fiz minha confissão de vontade que agora pude concretizar. Tem menos de um mês que já estou morador da região da Savassi. Da janela do quarto vejo boa parte da região. Da varandinha, pequena e aprazível, completo o visual desejado. Aqui pretendo ficar para todo o sempre. Amém! Que leve ainda algumas boas décadas, assim é como desejo. Mas não posso definir, isso é decisão suprema dEle.
Alguém, me alertou, por estar me mudando próximo ao carnaval. “Vai ser um inferno”! Que nada, foi delicioso. No primeiro dia desci com a fantasia debaixo do braço (vizinhança ainda desconhecida), nos seguintes já saia vestido ao melhor estilo de folião. Daqui de cima, bem alto mesmo, apreciava os primeiros movimentos carnavalescos e embalava minha motivação. Mas não é só essa parte, tem muito mais para comemorar.
Fiquei exatos 30 anos, numa propriedade familiar – de uma irmã que faleceu tem pouco tempo – e por lá fui extremamente feliz, até que sua partida mudou esse roteiro. Motivado por ela em vida, agora protegido por ela e outros familiares que já se foram, embalei nesse sonho antigo. Meus pais, dois irmãos e quatro cunhados são minha proteção na dimensão superior.
Sou uma pessoa privilegiada, dizia o cunhado que partiu recentemente. Aproveitei a vida como poucos, sem causar prejuízo e constrangimento a quem quer que seja. Antes de comprar o meu espaço, ao lado da mãe da filha, asseguramos a moradia da nossa herdeira comum. Agora, cá estou nos meus 60 metros quadrados, espaço imenso para tudo que necessito a seguir meu caminho na vida terrena.
Além de estar no coração da cidade, que é a Savassi – já dizia o saudoso amigo Roberto Drummond -, tenho tudo pertinho. A própria praça, shopping e todo o comércio que preciso e também um clube – que já me acolheu – a metros do meu novo habitat. Lembro que BH me adotou e me concedeu, tenho muito orgulho, o título de cidadão honorário. Que mais posso pedir ao Criador. Nada, nada, nada, nada, nada, nada! Digo, rogo pra que me dê um bom tempo para curtir esse momento e espaço que me seduz plenamente.
A única dificuldade na mudança, se transformou numa grande conquista. O desapego. De roupas e utensílios, tive de abdicar em torno da metade daquilo que guardava morando sozinho numa área maior que o dobro agora. Mobiliário só veio minha cama, uma cristaleira que foi da mamãe e máquina de lavar. Só isso. Jogo de salas, visita e jantar, estavam no pacote do apartamento mobiliado. Uma boa lavação e higienização profissional deixou até cheirinho de novo no ambiente. Minhas irmãs, irmão e cunhada, sobrinhada, e ainda minha madrinha – que tem não morre pagão – arrasaram. O que deveria ter reposição lenta já aconteceu.
Do excesso descartado, incluindo geladeiras e fogões (de lá e de cá) e outros mobiliários, quase tudo doado. Feliz comigo e por tanta gente que recebeu aquilo que me permitiu o desapego. Além de móveis e utensílios, livros doados a um vendedor sebo aqui perto. Ainda tenho um resíduo de CDs e souvenirs do Galo (não cabem, infelizmente) que serão repassados com critério a quem irá curtir cada desses itens. Assim como eu estou vivenciando esses novos e deliciosos ares que me aguardavam por aqui. Assim seja!
*fotos: arquivo pessoal e da janela lateral
Parabéns, Eduardo. A vida boa é feita de escolhas corretas… abraço.
Aceito e cuidarei muito bem dos souvenir do Galão
Tive um escritório nesse prédio branco bem diante da sua janela, hahaha!
Adorei tudo: texto, desapego, vontade de viver. Um abraço.