Parece fazer pouco tempo, que lá minha Araxá, corria atrás de bola nas peladinhas de rua. Lá em frente à minha casa, de tempos em tempos passava um carro, obrigando a parar a partida de futebol, pois nos dias atuais nem vaga para estacionar encontramos. São só 60 e poucos anos! Só? Não sei dimensionar, pois parece que isso tem pouco tempo.
Estive lá na terrinha, por duas vezes na última semana – razão de ter pulado o post do Mirante da semana passada -, por motivo doloroso. Na segunda-feira para acompanhar o sepultamento de um cunhado muito querido. E no final de semana para a missa de sétimo dia do próprio. Nessas situações a gente, creio que ocorre com muitos, revive tudo que a boa lembrança sugere. No caso, são quase 60 natais de convivência. Deixa uma legião de gente chorando sua ausência, no velório apareceram pessoas registrando gratidão por algo que o coração bondoso dele fez em vida.
No mesmo dia que Sebastião (Bastião ou Tatão) virou estrela, minutos antes, tinha partido o jornalista Paulo Lott. Exemplo de profissional e amigo de toda a classe. Figura adorável! E durante a semana, na quarta-feira, outro amigo de tempos – Dirceu Pedrosa – também foi de mudança para a eternidade. Esse foi parceiro e testemunha de muitas realizações, durante 40 anos, e companheiro de cafezinho até tempos recentes. No dia seguinte, ao final da tarde e início da noite, Olavo Romano seguiu e mesmo destino. Pessoa carismática e sempre com um largo sorriso. Nos víamos muito no Pátio, via de regra na Cafeteria Ah! Bom. Cerca de dez dias antes, foi nosso último aceno, lá nesse mesmo shopping.
Ainda condoído com tanta perda, em tão curto espaço de tempo, acordei ontem – num dia atípico de preparativos para exames que faço regularmente – com outra perda triste. Alberto Pinto Coelho. Outra pessoa muito querida, seguramente o último governador dos tempos recentes, que administrou com olhar de estadista para seus opositores. Nos tempos atuais, lamentavelmente, os rumos são outros. Bebeto parece ter fechado a fila deste tipo de comportamento. Nossa última prosa, que durou cerca de quatro horas, foi junto com o Lindenberg no quarteirão fechado da Savassi. Tem poucos meses, agendamos outra, que a doença impediu que concretizasse. Foram boas lembranças de fatos vividos na nossa Minas Gerais.
Passei o dia de ontem, entre atento aos horários de medicamentos e alimentação preparatórios para exames, relembrando cada momento com esses amigos que se foram para a vida eterna. Inevitável o pensamento não encaminhar a outros personagens da existência, que se anteciparam, alguns mais distantes e outros em tempos recentes. No jornalismo, dos bancos acadêmicos, conterrâneos, familiares, da infância (a perda nessa fase é muito confusa) e amigos de outros bons momentos.
Fui dormir, fragilizado e num misto de tristeza que foi embalada por deliciosas recordações. Levantei cedinho, para meu desjejum, o exame sugere jejuar e três horas antes nem água. Além disso, postar esse texto e bem como o do Galo no blog diário que ainda assino, animado e resistindo às dores que esses tempos tem me proporcionado. O que me conforta é que todos esses, os amigos que partiram na última semana e aqueles que já mudaram de plano tem mais tempo, deixaram ótimas lembranças da nossa relação. Estou seguro, sem presunção, que igualmente levaram para o lado de lá também bons registros da nossa amizade. Saudade de sonhar com a bola de capotão costurada que chutava no calçamento de pedra da Rua Capitão Isidro. Foi outro dia.
*fotos: arquivo pessoal
Muito bom ! Lembranças que marcam nossas vidas.
Mais uma vez temos a oportunidade de ler você, Eduardo, nos atualizando sobre tantas pessoas especiais que passaram pelas nossas vidas de um jeito ou de outro e também nos alertando quanto à efemeridade dessa nossa passagem por esse plano. Temos que aproveitar bem dos nossos queridos durante esse tempo. Você sabe bem fazê-lo!❤️
❤️
Éhh… meu amigo temporão,lidar com perdas é “mudifíci”,conviver com as boas lembranças que elas nos deixaram mais ainda. Não está longe quem está perto do Criador. Sigamos!