RARAMENTE REPITO TEXTO, MAS HOJE – COM A PERMISSÃO DAS LEITORAS E LEITORES – OPTEI POR VOLTAR COM UM QUE MUITO ME TOCOU QUANDO FOI PUBLICADO. COISAS QUE SINTO E NÃO SEI EXPLICAR. BOA TERÇA!
Sou originário de um sistema matriarcal. Nascido no final dos anos 50, sempre tive na minha mãe um exemplo de responsabilidade com o trabalho, assim como nas minhas cinco irmãs mais velhas – sou o caçula e éramos três homens – totalizando os oito filhos de Maria & Carlos. Mamãe, junto com papai, sempre dividiu a dura missão de criar e orientar a nós todos. Acho que deu certo!
Além dela, ainda tive duas avós muito ativas. A paterna, que pouco convivi, ao que sei, tinha pulso forte tendo orientado 12 filhos, quase todos na atividade agropecuária. Já a materna, que teve 17 e criou 15 viveu até os 98 anos e exatos 11 meses, igualmente com filhos e netos sob suas severas rédeas. E num mundo machista, foi assim que essas três mulheres viveram e conviveram com maridos e filhos.
Ao longo dos tempos, as mulheres foram conquistando seu espaço – notadamente no mercado de trabalho – e hoje são protagonistas da história da humanidade. Não votavam, pois agora têm mando em importantes nações do mundo. Recentemente, aqui neste espaço, destaquei duas amigas – que me eram anônimas – até que descobri suas trajetórias de luta. Geisi e Natália, que como balconistas de cafeteria, se tornaram engenheira e arquiteta.
Me lembro de um episódio pessoal na adolescência. Fui um tanto namorador, notadamente nas férias, quando Araxá enchia de turistas. Fossem para conhecer a cidade ou mesmo visitar parentes. Numa dessas investidas que fiz, recebi um sonoro “não” de um coração que tentava flechar. Falou a moça secamente a mim: “sua fama é de mulherengo”. Dito isso, vamos às mulheres que me encantam nos tempos recentes.
Não é segredo, aos que me conhecem, minha paixão por futebol. Digo, melhor, pelo meu time do coração. Sempre gostei foi do Galo e também – na infância – era péssimo nas peladas de rua. Ninguém me queria no time. Pois que, as meninas do Galo conquistaram o acesso na elite do futebol feminino profissional, fazendo frente a essa paixão do Torcedor pelo nosso time masculino. Acompanho o trabalho da Nina Abreu, que teve o apoio incondicional ano passado dos ex-diretores Lásaro e Domênico.
As brasileiras nas olimpíadas, sob a liderança da Marta – já eleita como a melhor do mundo – não tiveram a mesma sorte, mas pudemos ver a evolução mundial do esporte entre as mulheres. E tantos outras, como as garotas Rebeca Andrade, que conquistou ouro e prata na ginástica artística, e Rayssa Leal – a Fadinha, que se destacou como skatista aos 13 anos – nos jogos em que o Brasil amarga índices abaixo das expectativas.
Aqui no Mirante, além do Guelé e eu, estamos cercados por elas com seus brilhantes e diários textos. São tantas mulheres empoderadas fazendo o mundo melhor, que vou agora destacar uma amiga de décadas. Médica e nutricionista, a doutora Flávia Costa Oliveira Magalhães, desde criança é apaixonada por futebol. Nos conhecemos por isso. Ela trabalhou no Galo, por anos, até que foi parar na CBF e atualmente está no América Mineiro. Flavinha disputava partidas com amigos, primos e irmãos, e no par ou impar – para irritação dos meninos, especialmente seu gêmeo – era escolhida antes dos machões.
E foi nesse meio que ela enveredou sua vida profissional. Mãe de dois garotões, doutora Flávia já trabalhou em jogos durante uma gravidez levantando aplausos da plateia e registro de comentaristas. Recentemente, como médica do coelho, esteve em Porto Alegre quando a equipe mineira arrancou o empate no campo do Grêmio. Ela será uma atração quando o público voltar aos estádios. Simpática, de bom trato, Flavinha – ainda Atleticana, creio – é dessas mulheres que encanta a quem tem o privilégio de uma prosinha sobre futebol. Sabe tudo, conhece o meio, e é orgulho para a sua família, suas amigas e seus amigos.
Plagiando – de novo – Maria Creuza, Toquinho e Vinicius: “se todas fossem iguais a você, que maravilha viver”. Por um mundo sem preconceito. “Liberté, Egalité, Fraternité”. Ainda existem muitas empresas, privadas e públicas, que entendem que lugar de mulher não é no comando. Optam, sem pudor, pela escolha de machos para ocuparem cargos. O mundo está avançando e esse tipo de gente estacionado.
Por mais Flávias, Ninas, Rebecas, Raissas e fadinhas, Geises, Natálias, e ainda muitas Marias para fazer nossos dias maravilhosos e mais felizes.
Imagens: 1) Atlético; 2 e 3) arquivo Flávia Magalhães
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