Categories: Eduardo de Ávila

Peladinha nos anos 60/70

Depois de um fim de semana prolongado, com esse feriadão da segundona (que não é divisão de futebol, pois disso eu tenho imunidade depois de quase vinte anos), nada melhor que dividir com o leitor algo mais leve que dos últimos posts aqui neste espaço.

No lugar de lembranças amargas, ao longo e até de tempos recentes, vou lá na infância – aproveitando a imagem e o texto recebido nas redes sociais (onde tem também algo mais leve) – buscar relaxar em busca de um futuro menos cruel. Lá com o Bastião Verçosa, Willian (impecável, nem sujava o uniforme), Durvalzinho, Naborzinho, Ivan Júnior, Ney e tantos outros sonhávamos em ser craques do nosso time do coração. O Galo se livrou de uma… Sou o penúltimo agachado (da esquerda pra direita). Tipo nenhum, só pose mesmo!

Essas regrinhas de pelada de futebol, me levaram de volta até a infância em Araxá, onde tínhamos o campinho do Pedro Costa, Seu Lira, da Camig, na banheira, Jardim da Estação e os oficiais no Colégio Dom Bosco. Registro que, inexplicavelmente, para o então garoto – que se achava bom de bola -, sempre fui o último a ser escolhido no par ou ímpar. Nunca soube a razão disso. Sigamos!

*REGRAS DA PELADA DE FUTEBOL DE ANTIGAMENTE:*

(1) Os dois melhores não podem estar no mesmo time. Logo, eles tiram par-impar e escolhem os times;

(2) Ser escolhido por último era uma grande humilhação;

(3) Um time jogava sem camisa e o outro com camisa;

(4) O pior de cada time era o goleiro, a não ser que tivesse alguém que gostasse de agarrar;

(5) Se ninguém aceitava ser goleiro, adotava-se um rodízio: cada um agarrava até sofrer um gol;

(6) Quando tinha um pênalti, saia o goleiro ruim e entrava um bom só para tentar pegar a cobrança;

(7) Os piores de cada lado ficavam na zaga;

(8) O dono da bola jogava sempre no mesmo time do melhor jogador;

(9) Não tinha juiz;

(10) As faltas eram marcadas no grito: se você fosse atingido, gritava como se tivesse quebrado uma perna e conseguir a falta;

(11) Se você estivesse no lance e a bola saia pela lateral, gritava logo “é nossa” e pegava a bola o mais rápido possível para fazer a cobrança (essa regra também se aplicava ao “escanteio”);

(12) Lesões como arrancar a tampa do dedão do pé, ralar o joelho, sangrar o nariz e outras, eram normais. Para isso existia o famoso Mertiolate (que ardia igual inferno);

(13) Quem chutava a bola para longe tinha que ir buscar;

(14) Lances polêmicos eram resolvidos no grito ou, se fosse o caso, na pancada;

(15) A partida acabava quando todos estavam cansados, quando anoitecia, ou quando a mãe do dono da bola mandava ele ir pra casa; ou aquela vizinha prendia a bola que caia na casa dela ou cortava bola;

(16) Mesmo que estivesse 15 x 0, a partida acabava com o de praxe: “quem fizer primeiro um gol, ganha”;

(17) Rua de baixo contra rua de cima, valendo garrafa de Coca-Cola;

(18) Mesmo que chovesse forte, certamente haveria futebol;

(19) O famoso grito “paroooou” quando vinha carro ou uma mulher grávida, ou com criança, passando perto da pelada;

(20) Não existia essa de Adidas; Nike…Era Kichute ou jogava descalço. E o goleiro não usava luvas; usava era chinelo havaianas na mão;

Lembrou tua infância??

Então fostes uma criança normal…!

Velhos tempos que não voltam mais!

SÓ SABE O QUANTO FOI BOM, QUEM VIVEU ESSA EXPERIÊNCIA.

*Agora é só mimimi…!!!*

 

***imagens: 1) arquivo pessoal; 2) redes sociais

Blogueiro

View Comments

  • (21) Na falta de traves,4 sandálias resolviam o problema e o céu era o limite qto ao travessão.
    (22) Em cobrança de faltas a barreira poderia ser armada com os 11 q o gol era certo tamanha a curva da bola Pelé_ era oval e torta, diga-se _ por ser leve igual uma pluma. Na falta dela,uma bucha de laranja,uma bola de meia ou uma bexiga suína tbm eram bem vindas
    (23) Regra de ouro: 6 vira,12 acaba.
    (24) Qdo a bola era isolada e caía no quintal do "seu Elias" não era o mais corajoso q ia buscá-la e sim o contrário. Seu Elias buscava a mãe e ela nos levava p casa pela orelha,após o pedido de desculpas formalizado.
    (25) O jogo jamais terminava no mesmo dia, mesmo com a cabeça do dedo arregaçada,a "oreia" ainda ardendo, a bola sendo oval e ñ existindo traves,a peladinha do dia seguinte era a sempre mais divertida.
    (26) Não existia regras,o barato de tudo era este, não existia regras p sonhar.
    Abraço !

  • Eu tenho 70 anos e me lembro bem dessas peladas. Quantas vezes sai com o dedão sem unha e todo arranhado. Saudades daquele tempo, mas vida segue, e hoje é uma chatice...Abraços.

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