Tempos de reconciliação

Por mais difícil que seja aceitar a opinião e mesmo posturas do outro, vivemos em sociedade, donde sugere tolerância ao nosso próprio conforto. No meu caso, insisto, já percorri a maior parte da minha trajetória, estou só aguardando e – consequentemente – curtindo os tempos que Ele ainda me reserva para ficar entre pessoas que me são muito queridas.

Ao contrário do que alguns pregam a meu respeito, não sou grosseiro, apenas tenho opiniões fortes e contundentes sobre meu pensar. Nunca me ocupei, portanto, preocupei, em agradar a quem quer que seja por interesses de ordem pessoal e/ou momentâneo. Sou kardecista, já por quase trinta anos, respeitando todas as religiões. Desde que sérias e não comandadas por picaretas. Sou Atleticano, mas tenho pessoas queridas que não são. Voto em candidatos que defendem e tenham ações de interesse social, em detrimento daqueles que assim dissimulam e se rendem ao capitalismo selvagem.

E é nesse último caso que tem me causado desconforto. No aspecto religioso, insisto, fui criado sob a batuta do catolicismo, onde estão quase todos familiares. Desde minha irmandade, até mesmo entre primas e primos, tanto do meu lado paterno quanto materno. Conheço muitos evangélicos puros, poderia enumerar vários, mas nessa vertente surgiram verdadeiras indústrias de exploração da fé de vulneráveis. Não vou mencionar nomes, pois além de conhecidos e manjados, não estou afim de me expor a eventuais interpelações possíveis.

No campo da paixão pelo meu time do coração, sou explícito e – nesse caso – até admito. Me exponho demasiadamente. Nunca, porém, faltei com respeito aos adversários. Até mesmo entre aqueles que são ou foram rivais do meu Galo. É que em termos de Brasil, temos um time rubro negro carioca na mira. Quando nos derrota, são por fatores – favorecimentos – extra campo. Já aqui em Minas Gerais, não tem comparação. Sempre foi Galo, os rivais – ao longo dos tempos – se revezam. Já foram três, atualmente a vaga está em aberto. Tenho por todos eles, amigos e parentes, muita curtição sadia nessa permanente curtição.

Já, com alguma tristeza, sinto no caso das escolhas eleitorais sequelas que distanciam amizades de uma vida inteira. Já demonstrei aqui, comprovadamente, que não tenho vínculo com partido ou mesmo ideologia radical. Tanto que, antes das eleições em primeiro turno, postei aqui uma declaração de votos. Entre os nomes, ideologicamente, para todos os gostos. Dos cinco, três foram vencedores e dois derrotados. Mesmo entre os eleitos, também com posições antagônicas. Talvez hoje, admitindo e não afirmando, pudesse rever um dos votos que confiei.

Mas, entre esses, minha opção pelo Lula – não pelo PT – ainda incomoda algumas pessoas. Ora, nunca me atrevi – com esses mesmos implicantes – em questionar a razão de suas escolhas. Ao contrário, me silenciava, desde que não provocado. Expressa ou dissimuladamente! Vencemos! E até hoje, no caso gente com as quais nunca tive qualquer movimento ou debate nessa direção, surgem para buscar polemizar. E, entre a maioria dos que se enquadram nesse perfil, pessoas que foram para a porta de QG acreditando naquela idiotice. Entre os quais, sugiro até que a maioria, acreditando nesses falsos pastores. Não são alienados. São bocós, desprovidos de um mínimo de senso crítico e discernimento, que ainda insistem no terceiro, quarto, quinto turnos e jamais irão se conformar que os manés perderam.

Pra fechar meu desânimo, não estou triste ou depressivo, entre aqueles que caminharam – só neste caso – na mesma direção que eu, ainda percebo a presença similar do contraditório. Atleta de algum esporte, artista ou alguém que admire, passou a ser alvo de censura por ter em algum momento sinalizado simpatia pelo lado de lá. Ora, haja! Fui censurado certa vez por usar imagem de jogadora de vôlei que é atleticana. “É conservadora e de direita”, reclamou um companheiro. Até cantor, entre aqueles que embalou minha adolescência, pela mesma razão foi me feita essa ressalva. E só mencionei fatos de gente do mesmo lado meu, do lado de lá nem mais considero. Como aquelas idiotices de te taxar de comunista, esquerdopata e ver determinada emissora de televisão. Nesse caso, incrível, essas pessoas sempre – diferente do meu caso – assistiram novelas horrorosas e até um tal de 3B.

Tenho me esforçado, até mesmo por sentir que minha missão está quase completamente cumprida, em tentar evitar deixar más lembranças. Não me importo em dar atenção a quem quer que seja, ainda que não tenha contrapartida, mas a melhor impressão e imagem que deixamos pelo caminho – acredito – causa um bom efeito nos nossos dias ainda a viver. Ainda é tempo, podemos viver e conviver, dividindo aquilo que nos une de desprezando eventuais divergências. Se não gosto do azul e a outra pessoa do vermelho, vamos falar sobre o amarelo ou outras cores. Sigamos!

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