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Dona Vidinha seus horrores e Aócios

Eduardo de Ávila

Diferente de “a viúva virgem” do filme brasileiro, que bateu recordes de bilheteria, dona Vidinha é uma solteirona, meia virgem da classe média brasileira. Típica do preconceito reverso. Naquela produção dos anos de chumbo, o coronel Alexandrão morreu na lua de mel e deixou a jovem Cristina – diferente da viúva Porcina – numa tristeza que sugeriu passar uns tempos no Rio de Janeiro onde a trama se desenvolveu e o fantasma era só do falecido fazendeiro de Minas Gerais.

Existem donas Vidinhas espalhadas por todo o território nacional, conhecidas e reconhecidas em cada comunidade. Via de regra residem na casa onde nasceram, pois as crianças – naqueles tempos – vinham ao mundo pelas mãos das parteiras. Resistem em aceitar que a cidade cresceu, quintuplicou a população, e nos dias de hoje não conhecem mais as pessoas como antigamente. Com isso, o centro das cidades, hoje desertos, perderam toda aquela vida glamorosa de cinco décadas passadas.

Sair de casa à noite, na região central, nem pensar. O footing não existe mais. As paqueras dos bancos da praça, igualmente desapareceram. Resta, tão e somente, ficar assentada na sala da casa esperando alguém – parente ou conhecido – pra tricotar uma prosinha (futricar) no correr do dia. A televisão sempre ligada, porém dona Vidinha não assiste e apenas vê a TV. Vale dizer, sem qualquer interação com o mundo, embora mantenha sua postura pragmática e de total aversão aos tempos modernos.

Imagina, afinal, segundo dona Vidinha, estamos vivendo tempos do diabo, onde o comunismo ameaça constantemente. Dias atrás, numa prosa sobre viagem ao exterior e a guerra no extremo leste europeu – nessa disputa pela Criméia –, dona Vidinha contou o quanto gastou e gostou da Rússia. Surpreendida ficou ao saber que a Rússia é comunista, fato até então desconhecido por ela. Chamada a recordar da URSS, estudada nos tempos de bancos escolares, assumiu que faz muito tempo e – portanto – sua memória tinha imunidade pelo desconhecimento.

Sobre as atrações turísticas que o mundo se curva ao país como o Kremlin, Bunker 42, parque Patriota e outros pontos como esquiar na neve, limitou a contar que as praças eram maravilhosas, sem – entretanto – precisar se o Jardim de Alexandre seria um desses locais. Enfim, ao que transpareceu, o país comunista visitado era lindo até descobrir que assim era o regime totalitário por ela tanto questionado e combatido. Totalitário? Que é isso? Perguntou ao pé de ouvido a uma inseparável, solidária e igualmente solitária amiga.

De volta ao seu mundinho, segue dona Vidinha enfrentando os que ela chama de comunistas – por ser uma ditadura -, mas defendendo o regime militar para combater aqueles que ela acredita serem os inimigos da nação. MST, por exemplo, que doou recentemente toneladas de alimentos no combate à fome, é coisa de comunista. Defende, com unhas e dentes, o setor produtivo – que é sim essencial à produção de grãos, mas que se somadas as doações nem de perto se equiparam ao distribuídos – gratuitamente – pelo movimento social que ela entende ser coisa do capeta. Desconhece, da mesma forma, que esse mesmo MST se tornou no maior produtor de arroz orgânico da América Latina. Concorrendo com o fazendeiro? Reclamou!

Queria o que? Se nem sabe que o país que adorou – a Rússia – é comunista. Reconhecer um movimento social que combate a fome como interessante à sociedade brasileira? Seria exigir demais de quem vê e não assiste televisão. Eleitora fiel daquilo que entende defender a moral e os bons costumes – gente do bem – já apoiou o maior ócio e parasita da política mineira e nacional, cujo nome sugere o trocadilho de Aócio.

Tricontando e prestando mais atenção na troca de informações – diárias – com sua amiga dona Baratinha, defendeu a MOROlização, através de um Judiciário corrupto, até ficar órfã e sofrer com o rompimento dos representantes do conservadorismo. Com muita dor e dificuldade, segue combatendo todo e qualquer avanço democrático e de respeito às leis, em nome do falso moralismo representando por uma MITOlogia brasileira que envergonha o Brasil perante todo o mundo.

Enfim, em nome de uma falsa fé religiosa – acreditem – dona Vidinha segue seus passos e convicções, com argumentos terceirizados, no combate ao que entende ser uma ameaça comunista. Como a cidade está deserta e só tem ponto comercial na rua e na praça principal. Dona Vidinha, que gosta tanto de televisão, vai acabar tendo pesadelos e se ver como a personagem dona Redonda, da novela “Saramandaia” dos mesmos tempos da produção de “a viúva virgem”.

Na telenovela, quando nossa personagem ainda prestava atenção na TV, dona Redonda explodiu ao saber que Gibão tinha asas. No caso em tela, nessa divagação de texto, dona Vidinha não vai resistir ao perceber que todos viemos ao mundo para viver em liberté, égalité, fraternité, lema da revolução francesa. Será que ela lembra dessa matéria de história dos tempos dos bancos escolares, ou como no caso da Rússia, também apagou da memória?

Só sei que não sei, pois tenho coisas melhores a fazer que pensar qual final de vida estará reservado para dona Vidinha que acredita controlar todas as ações das pessoas ao seu entorno. Sigamos!

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  • Não sei se rio ou se mando você e aquele desgraçado do meu irmão pra merda. Seus dois pestes, deixa aparecerem aqui no Capão. Não vai ter café, broa de fubá e nem prosa na varanda. Aquele merdinha do seu amigo ainda me mandou cedinho essa coisa pra me provocar. Vou mostrar pra dona Baratinha que tem dinheiro na caixinha. Ela vai fuzilar os dois. Não perdem por esperar. Não conto mais caso nenhum pra vocês dois. Debochados.
    Quero rir, mas tô brava!
    Aguardem! Vai ter resposta, barbudão.

  • Deixa estar, me aguarde. Na qualidade de dona Baratinha, junto com Vidinha, vamos colocar um remedinho no bolo e a diarréia vai pegar os dois. Pode esperar! Vai tricotar suas tripas.

    • E o dinheiro na caixinha? Já atraiu pretendente? Quer vingar? Coloque lacto purga no café do xará. No meu não! RSSSS

      • Meu amigo temporão, lacto purga é coisa de mininu criado dentro de aptº q solta pandorra no ventilador. Férias do grupo escolar era época da mãe sapecar uma colherada de óleo de rícino,amarrar a boca da calça com imbira e soltar o piá no quintal p limpar até a alma... hehehe
        Sigamos!

        • Caro Zé, grande parceiro daqui e do outro blog, confesso que sua ameaça assustou muito mais que Bebela e Lelena - Vidinha e Baratinha - minhas doces amigas da vida.
          Vou te levar num fds com ambas, vai ser divertido. Só não pode se engraçar com elas. Te explico pessoalmente. RSSSS
          Agora elas me matam.

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