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Girondinos e Jacobinos dos tempos contemporâneos

 

Eduardo de Ávila

Desde 2013, quando teve início uma ação da elite conservadora – que contaminou grande parte da sociedade brasileira – estamos assistindo e vivenciando uma silenciosa luta de classes. Sem entrar em teorização com os fatos históricos, a realidade é que aqueles com poder financeiro, e, consequentemente de manipulação da mídia, contaminaram a classe média e ainda os fiéis de pragmáticas igrejas e templos religiosos.

Presenciamos mentiras, ação de um Judiciário parcial que contou com o apoio inescrupuloso da grande imprensa, culminando com uma eleição radicalizada que escolheu um personagem para o cargo de Presidente da República. Esse ator vende uma falsa moralidade, conseguindo introduzir entre seus defensores ideias que não comungam com o seu comportamento. É um espetáculo deprimente que estamos vivendo e seguimos vítimas desta insanidade presidencial.

Pois bem, desde os meus longínquos tempos de colégio, lembro de um eixo temático muito trabalhado, a Revolução Francesa. Às vésperas daquele movimento, a sociedade era estamental, praticamente sem mobilidade social. Primeiro estado, o clero; segundo estado, a nobreza; terceiro estado, burguesia, camponeses e trabalhadores urbanos. Ao final da Revolução Francesa o terceiro estado vence parcialmente, a burguesia sobe ao poder e o povo continua povo. Trabalhadores urbanos e camponeses continuam sendo massacrados. Vitória dos Girondinos. Os Jacobinos que, de fato, quiseram a revolução, permaneceram na base da sociedade.

A pirâmide social pode mudar de nomenclatura, mas não altera o fato de que a justiça social e legalidade, infelizmente, ainda não caminham juntas. Daí, historicamente, o mundo vive nessa guerra sem fim. Exploradores e explorados. De tempos em tempos, um dos lados reage, mas seguimos nesse vai e vem. Avanço e retrocesso.

Entre ricos e pobres, a classe média – que está mais perto do proletariado, mas se comporta como se batesse à porta do sonho da riqueza – segue fazendo sistematicamente o jogo de interesses daqueles que realmente tem poder político e econômico. E assim o Brasil vem experimentando momentos de retrocesso. Conquistas trabalhistas e sociais atiradas no esgoto, sob o olhar passivo de muitos que estão sendo penalizados por isso. Mas, o orgulho não permite qualquer reação. Ou morrer pela pátria ou viver sem razão, só serve de refrão dos falsos moralistas e patriotas.

Alternadamente, em momentos do passado e – evidentemente – irão ocorrer no futuro, uma reação leva e ocasiona avanços nessa luta de classe. É quando, a exemplo do que ocorreu na França no século XVIII, a sociedade sufocada provocou alterações e transformações com a queda do absolutismo por toda a Europa. Naquela ocasião, como agora, forças externas contribuíram para o retrocesso pretendido pela burguesia.

Entretanto, lá, como cá, a força e a união do povo foram determinantes ao avanço. Foi assim em épocas passadas e até num período não tão distante, quando brasileiros se uniram e provocaram o rompimento desse lacre autoritário. Só que, igualmente ao que o povo francês viveu (Girondinos versus Jacobinos), permanecemos numa triste realidade. Uma pequena parcela rica domina a maioria esmagadora de futuros miseráveis.

Os boçalnaristas, assim como os conservadores Girondinos daquela ocasião, optam pela continuidade do seu chefe, enquanto nós, como os jacobinos, desejamos sua saída. A diferença é que seria pelas vias democráticas, regime que essa gente só conhece de boca pra fora, uma vez que comumente ouvimos a defesa da ditadura em suas manifestações.

Enfim, outubro tá logo ali. “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”, ensinou Vandré. E seguiremos falando das flores!

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Foto 2: Commons/Divulgação

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  • Muito longe da riqueza cultural do texto do Dr. Eduardo, pessoalmente tenho a convicção que não se pode esperar absolutamente nada da classe política brasileira, infelizmente, para mim a credibilidade é zero independente de partido, independente de ideologia, independente de esquerda, centro, direita ou o que for, e o mais triste é saber o quanto se reelege politico neste país.

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