Estamos, nós do Blog Mirante, comemorando um ano dessa fase de postagens diárias. No início deste espaço, eu sozinho postava as segundas, quartas e sextas, depois Daniela Piroli Cabral assumiu as quartas-feiras. Até que, ao abdicar dessa sequência, ficamos inativos por alguns meses. Ela, Daniela, parceira forte e determinada, passou a me instigar pelo retorno das publicações.
Pois que, numa prosa ali e noutra aqui, fomos – lentamente – trazendo novas companhias até que retomamos o espaço, desde o ano passado, diariamente. No domingo, a Rosangela Maluf; segunda é o dia da Victoria Farias; terça, eu próprio; quarta, ela, a madrinha do retorno, Daniela Piroli Cabral; quinta é com a Sandra Belchiolina; sexta-feira, Taís Cevitarese e no sábado Guilherme Scarpellini. Diria que as mãos dEle nos aproximaram para esse projeto e essa viagem.
Feita essas considerações e homenagens a elas e ele, parceiras e parceiro do Mirante, vou tentar sintetizar minha prosa de hoje. Venho evitando falar sobre questões políticas e econômicas deste Brasil recente. Quem me conhece, ainda que superficialmente, sabe que tenho convicções à esquerda e sempre militei no combate ao conservadorismo e a políticos reacionários.
Tive curta vida pública, com vitórias e derrotas ao longo dos tempos. Disputei duas eleições, experimentando o doce sabor da vitória e o gosto amargo da derrota. Militei, partidariamente, no MDB, que se transformou em PMDB; daí foi invadido por quem combatíamos, migrei para o PSDB que também foi dominado pelos mesmos conservadores, indo parar no PSB. Cansei e estou filiado, sem qualquer ação partidária, novamente no PMDB que voltou a ser MDB.
Digo isso para chegar onde pretendo. Não confio na estrutura partidária, menos ainda nas articulações políticas que na maioria das vezes são feitas para atender a interesses pessoais e eleitorais de seus atores. Até recentemente escolhia, candidato a candidato, por razões ideológicas que permitiam alguma consideração pessoal nos meus eleitos para receber o meu voto.
As decepções foram muito profundas, ainda que não sejam suficientes para me condenar ao desestímulo. Fosse assim, teria procurado me afastar desse meio já há algum tempo. Trabalho tem décadas nessa estrutura, sempre optei por prestar meu serviço profissional aos representantes que me seduzem pelas suas ações e não pela oportunidade profissional. Até hoje não tenho qualquer razão para registro diferente disso. Já trabalhei com dezenas deles, alguns já falecidos, outros aposentados e muitos ainda em plena atividade.
Como disse, tenho posições e convicções à esquerda, embora nunca tenha militado em qualquer partido deste campo. Ainda assim, eventualmente, aparecem os falsos juízes de uma pretensa moralidade, a encher o “velho saco” com afirmações que eles mesmos desconhecem. Coisa como comunista, petista, Lulista, Dilmista, esquerdopata e outros menos citados.
Ah! Alguns adoram mencionar a cor vermelha, mesmo sabendo que as minhas preferidas são preto e branco. Mas, sequer, topam conversar sobre o assunto. São ágeis e rápidos. Só com as afirmações que disse acima, embora eles próprios desconheçam todas.
Permito recontar aqui a fábula que rola nas redes sociais. “A formiga, com ódio da cigarra, votou no inseticida. Morreram todos, incluindo o grilo que votou nulo”. Pois é, o grilo votou nulo e sua omissão vem sendo cruel.
Assim, estamos todos nesse louco momento da vida nacional, votar em quem? A mim, que até já tenho meus escolhidos, mesmo sabendo que pouco posso acrescentar a cada um deles, assisto estarrecido a montagem do quadro sucessório, notadamente na minha cidade e onde moro. Araxá e Belo Horizonte.
Na semana passada, resolvi dar uma lida no quadro geral, mineiro e nacional. Pessoal, estamos no pior dos caminhos. Três ex-presidentes, FHC, Lula e Dilma perderam a oportunidade de efetuar reformas que o Brasil precisava para ter futuro. Nelas, além das politicas e econômicas, a partidária e eleitoral caducou e nos deixa um triste legado.
Os partidos brasileiros, todos, incluindo os de esquerda, não tem qualquer compromisso com seus programas. Pegando apenas o PT, que em tese é a maior legenda desse segmento ideológico, observem. Em quase dois mil municípios brasileiros coligou com partidos conservadores, claro, em busca exclusivamente do sucesso eleitoral. Na minha Araxá, no distante ano de 1996, já faziam isso. Elegeram um camaleão, travestido de tucano. Que Deus o tenha, foi o pior momento da história recente da cidade.
Aos números que apurei são 606 coligações com o MDB (do Temer), 333 com o PP (Maluf), ainda 314 com o PSDB (Aécio e Dória), 302 com o DEM (Maia), 193 com o PSC (Witzel), 48 com o PRTB (Mourão) e deixei para o final as 140 com o PSL que elegeu Bolsonaro. Quer mais? Não preciso!
Todas essas legendas, incluindo a que ainda tenho filiação, participaram dos movimentos golpistas recentes. Todas elas, agora coniventes com ações deste desgoverno, muito mais condenáveis do que as pedaladas que tiraram Dilma da presidência. Então, caras e caros, nem em quem se acha dono do pudor e da pureza está dando pra acreditar.
Só em Minas Gerais, o PT está em coligação com o PSL em 21 municípios. Felizmente em Araxá e Belo Horizonte não. Voto lá na minha cidade até hoje e, como aqui, tenho meus candidatos escolhidos. Vale dizer, entre quatro, dois vereadores e dois prefeitos – um em cada município -, apenas um é do PT. Os demais, nenhum de apoio – no presente ou no passado – ao governo Bolsonaro.
Existe uma deformação lastimável na consciência política coletiva da qual o “grilo” tbm faz parte : o povo adora ser enganado.
Povo_incluindo o “grilo” arrependido_ alienado, politicalha feliz!
Felicitações á todos q trazem ao Mirante uma leitura agradável pelo um ano de vida q venham outros mais,parabéns!