Seguindo à risca as prescrições do Doutor Zap Zap, Magda do Brasil, uma senhora de meia idade e inteiro desapreço pela ciência, esperava pelo pior em tempos de desolação.
Um apocalipse zumbi? Não. Uma invasão alienígena? Também não. Uma palavra do presidente? Nem tanto. Magda preparava-se para a chegada do novo coronavírus.
Em primeira providência, Magda visitou a farmácia. Varreu todos os fracos de álcool gel disponíveis nas prateleiras – um total de cinquenta e cinco itens. Pedro Pedreiro, pai de menino de colo, babador e mamadeira, chegou atrasado e ficou chupando dedo — e o menino, chupeta.
Magda conseguiu ainda dúzia e meia de máscaras descartáveis. Uma para caminhar até a sua casa sem riscos de contaminação. Outra para trocar fake news no grupo “1ª Turma do Colégio São Tomentindo”, do tempo da gripe espanhola; e o restante ela guardou para os casos de mais nobre relevância e urgência, como um ato contra a democracia, em praça pública, em domingo de sol e coronavírus.
No supermercado, Magda encheu o carrinho. Arrastou uma parede de pães de forma, toda sorte de um sem número de congelados, um reforço de álcool gel – três ou quatro recipientes davam bobeira no carrinho de quem? do Pedro Pedreiro – e, claro: comprou papel higiênico.
Magda adquiriu pacotes e pacotes desse amuleto indispensável para conter a crise do coronavírus: o papel higiênico.
Não sabia ao certo qual era a razão daquilo, mas, além da cura com gargarejo, água quente, chás, vitaminas, vacina cubana e do teste da apneia por dez segundos, Magna não tinha dúvidas: o melhor era garantir mais um pacote de papel higiênico.
Não sem dificuldades, Magda carregou nos braços cansados as sacolas com o peso da sua sobrevivência.
Chegou em casa se arrastando, ofegante, quase sem ar. E ainda encontrou forças para suportar o fardo do brasão da CBF estampado no peito, enrolar-se na bandeira nacional e marchar rumo à festa cívica de maior relevo — o “Corona Fest”.
Do alto da avenida João Pinheiro, Magda avistou a Praça da Liberdade ser tomada por verde-amarelo. Soube-se então a utilidade de tanto papel higiênico.
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Oh Guilherme, faz assim não. Você até que escreve bem.
Mas, o Brasil, os brasileiros estão precisando é de união, empatia, apoio, solidariedade, etc e ect.
Esta sua ironia azeda de derrotado moral, mais parece um desesperado tentando ser cômico...
"Só que não"!!!!!!!!
Antes de todos os recalques que a vida lhe trouxe, pense...
Você é brasileiro, você mora no Brasil.
Mas pense mesmo!!!!!!!!
Não é ficar viajando na maionese não!!!!!!
Deus te dê muita paz e muita luz!!!!
Ótimo!