Taís Civitarese
Meu filho de 5 anos está apaixonado. Assim veio me contar, numa tarde qualquer, ao voltar da escola. Recuperada de um breve desmaio, subitamente, entendi. Meu filho de 5 anos está apaixonado.
– É mesmo, filhinho? Por quem?
– Ah, mamãe… É uma menina… do primeiro ano.
– Sério? E qual o nome dela?
– Não sei…
Ele não sabe como ela se chama. Mas sabe o suficiente. Sabe que ela passa todos os dias na porta de sua sala para ir ao recreio. E que a achou bonita.
– E como ela é? – perguntei.
– Ela usa uma camiseta assim, sem manga. – descreveu.
A menina usa camiseta de uniforme sem manga do mesmo jeito que ele gosta de usar.
Perguntei se já conversaram. Ele disse que não tem coragem. Porque está no segundo período. E ela, no primeiro ano.
Mal sabe ele que já tem a maior coragem de todas. A de se lançar ao amor. De abrir seu coração infantil para a pureza do encanto e se deixar levar.
Ah, meu Deus piadista! Não tardou a me pregar essa peça…
Ao ouvi-lo, confesso, inicialmente me assustei. Depois, pensei: “Oh, coitadinho! Vai sofrer!”.
Por fim, refleti. E vi que não quero que ele tenha medo do amor. E nem quero dizer-lhe que não está na idade. Quero que viva a alegria de amar e que saiba o quanto é bom gostar de alguém.
Que se permita acolher o sentimento quando ele vier e que se sinta livre para experimentá-lo sem nenhuma contaminação.
Que core suas bochechonas gordinhas. Que ouça o coração bater rápido. Que trema e gagueje se for preciso, e que olhe com seus olhos redondos para quem quiser olhar.
Quem sou eu para dizer-lhe de coisas que ele nem me perguntou? Quem sou eu para sentir um medo que ele sequer esboçou sentir? Quem sou eu para complicar o que não pede nenhuma complicação? Ele só veio me contar. E tranquilo, confiou em mim.
Ame, meu filho querido. Ame!
Que delícia ler esses textos…
Não sou de comentar, mas a
autora deve saber que tem admiradores e tratar de não parar de escrever… rs
Comecei a ler e não consigo parar… parabéns pela escrita doce e leve..