Victória Farias
Fevereiro começou e a única coisa que vi voando esse ano foi… vento. Em resumo, nada dos carros voadores que 2020 projetou.
Fazendo uma revisão do ano, até agora temos: uma guerra civil – que está caminhando para se tornar nuclear -, uma guerra de saúde – com um tal de cervejavírus – e um bote que comprei parcelado de 12x no carnê – o único meio de transporte adequado para se andar em Belo Horizonte depois das 18h.
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Eu sei, não é justo com o universo – mesmo ele não sendo justo com a gente de volta – esperar que coisas extraordinárias e diferentes aconteçam a cada ano que vire – embora eu não esperasse começar esse, particularmente, tendo que explicar que não, não é legal usar Wagner como trilha sonora, galera.
Vendo filmes de ficção científica, uma paixão que cultivo vez ou outra, esperava que estivéssemos agora vivendo próximo ao universo do clássico Blade Runner (1982), com droides fazendo todo o trabalho pesado.
Meu despertador ainda toca todos os dias às 06h da manhã. De duas, uma: ou trabalho pesado ainda continua aqui, ou eu sou um droide.
Sem contar com a invenção do teletransporte, e a super evolução da tecnologia que todo mundo estava comentando. Eu tinha comprado até roupa para esse evento inesperado.
Mas, até agora, o que acumulei foram conversas defendendo que cada um deveria poder amar quem quiser. Tá de brincadeira.
Eu posso não ter o direito de clamar pela elevação da humanidade, então, a única coisa que peço, é que não passemos por um retrocesso.
Não dá mais para discutir liberdades individuais enquanto deveríamos estar discutindo vida inteligente em Marte. Ou Saturno. Ou em qualquer outro lugar que alguém de alto escalão não escreva paralização.
2020, você não prometeu nada, mas o que você está nos entregando pode levar de volta para a túnel dos anos 60’s, do qual você parece ser saído.
E nesse tsunami de azar – maré foi ano passado – nem os astros estão dispostos a nos ajudar.
Dei uma olhada na previsão do horóscopo para Leão deste mês, e já estou torcendo para que ele acabe amanhã. Mercúrio fica retrógrado quase fevereiro inteiro, isso significa que: nada está tão ruim que não poça – d’água – piorar.
Excelente texto! Provocante, divertido e ao mesmo tempo reflexivo. Ótimas sacadas nos trocadilhos e uma leve crítica aos diretores do filme que nos “venderam um futuro” fraudulento – claro, é uma obra de ficção – não tinham a obrigação de acertar – mas erraram muito.
Achei o 5º parágrafo genial e ao mesmo tempo perturbador:
“Meu despertador ainda toca todos os dias às 06h da manhã. De duas, uma: ou trabalho pesado ainda continua aqui, ou eu sou um droide.”
Considerei a possibilidade de eu também ser um droide…vou rever o filme e fazer aquele teste das perguntas. (sic)
Enfim, 2020 começou. Busquemos as respostas filosóficas que o filme não nos deu.
Entretanto, o que for obscuro, como “o porquê de nossa vida ser limitada e ter uma finitude”, abandonemos. Vivamos os momentos deixando as incertezas e mazelas no futuro.
Uma coisa concordamos com o filme – a nossa opção é vivermos de momentos.
“Todos esses momentos que se perderão no tempo, como lágrimas na chuva.”
Ilton
Franco
Olá, Ilton, boa tarde!
Obrigada pela resposta e por relembrar outras coisas deste filme, que quebrou barreiras, mas continua sendo uma ilustre ficção. Não sei se é de seu conhecimento, mas esse filme é baseado no livro “Androides Sonham Com Ovelhas Elétricas?” do escritor Philip K. Dick. A escritura traz questões novas e elucidativas que não são abordadas no filme. Vale a leitura.
Abraços,
Victória Farias