O peregrino sobre o mar de névoa, de Caspar David Friedrich, (1817-1818).

Todo olho azul

Victória Farias No meio da Terra, onde um continente um dia se despediu do outro, reina um olho azul. Gigante, como eles sempre são, seduzem qualquer um que queira se afogar a título de beleza. Todo mundo sabe que todo olho azul é assim. Infindável, sem limites, sem ter onde se segurar nem a outras cores para recorrer. Se debate violentamente na areia ou nas … Continuar lendo Todo olho azul

Concordo em discordar - Foto: Le Lit, 1892, Musée d'Orsay

Concordo em discordar

Victória Farias Eu vi o mês de maio nunca chegar ao fim. Parecia uma perseguição, polícia contra ladrão. O dinheiro guardado para as cinco semanas contra o dinheiro tomado pela inflação cada vez menos transvestida de reformas institucionais. Assim, o mês de maio, conhecido por ser blasé, nunca chegou ao fim. Até o dia de hoje. Amanhã, quando o sol raiar no oriente, será o … Continuar lendo Concordo em discordar

Na Pandemia, maio 2020

Rosangela Maluf No comecinho de abril do ano passado (2020), voltei para Belo Horizonte depois de dezoito dias no interior, cuidando da minha mãe, idosa de 95 anos, hospitalizada com infecção pulmonar e urinária. No último dia de março ela faleceu, deixando um vazio gigantesco. Ainda não havia no hospital nem naquela cidade, nenhum caso de coronavírus.  Ligava a TV e via que não se … Continuar lendo Na Pandemia, maio 2020

2021, seja melhor pra nós!

Rosangela Maluf Olho com raiva a folhinha de dezembro, no calendário de 2020.  Colada à porta da geladeira, ela insiste em me dizer que faltam alguns dias para o ano novo, 2020 ainda não acabou. Não me importo. Destaco o papelzinho. Embolo com certa raiva e jogo a bolinha no lixo. Gostaria que você desaparecesse,Senhor 2020. Sumisse do mapa. Nem lembranças suas eu gostaria que permanecessem. Já … Continuar lendo 2021, seja melhor pra nós!

Chegou

Tais Civitarese Custou, mas chegou! É 2021. Acordamos de um pesadelo, de um ano grandemente estranho que parecia que nunca iria terminar. É 2021. Com esse número, o ano de provações e notícias ruins a cada cinco minutos fica para trás. Se 2020 ficou marcado pela pandemia, 2021 será o ano da vacina. O ano em que nossas vidas retornarão ao normal. Será? Não sabemos. … Continuar lendo Chegou

Foto: Sandra Belchiolina

Qual pegada deixará?

Sandra Belchiolinasandra@arteyvida.com.br Qual pegada deixará? Nosso querido poeta Carlos Drummond de Andrade nos alerta, em Receita de Ano Novo: Para ganhar um Ano Novo//que mereça este nome,//você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. Em 2020, ano marcado por uma pandemia e outras catástrofes como a chuva em Minas e as queimadas no Brasil afora, … Continuar lendo Qual pegada deixará?

Difícil fazer um balanço do ano

Eduardo de Ávila Desde a infância, anualmente, faço um balanço ao final de cada temporada. Lá nos primeiros anos era sobre o comportamento e o resultado escolar, norma determinante imposta pelos costumes da ocasião. Por melhor que tenha sido o desempenho, igualmente pelas regras que vinham desde a idade média, sempre fechava o ano em débito. Mais à frente, atribuo ao fato de perceber que … Continuar lendo Difícil fazer um balanço do ano

O Jardim das Delícias Terrenas - Hieronymus Bosch

Mais um dia no paraíso

Victória Farias É de conhecimento geral, de toda a República, que alguma coisa tem de ser feita por alguém. Não digo nomes, nem mesmo cargos. Deixo a consciência coletiva crucificar quem quiser. Mas crucificar educadamente. Sem colocar culpa nem mesmo subir os números das estatísticas. Várias coisas têm sido fatídicas nos últimos tempos e é difícil colocar na balança. Até porque não dá para levantar … Continuar lendo Mais um dia no paraíso

Devenire - John Martin - The Great Day of His Wrath

Divenire

Victória Farias “Não se pode pactuar com Deus e o diabo ao mesmo tempo.”– Remo Morán Não existe razão para o pânico. Não há gente gritando nas janelas. Nenhum sinal de fumaça no horizonte. Não existe motivo para o desespero. A calmaria é a única saída possível. A apreciação do café preto durante a manhã é uma monotonia aguardada. Pede-se pela calma. O desânimo é … Continuar lendo Divenire

Bola fora

  Guilherme Scarpelliniscarpellini.gui@gmail.com Sempre fui uma pessoa lúgubre. Não que seja depressão, porque isso é coisa séria. O que ocorre é que, desde criança, a tristeza me desperta algum fascínio. Foi assim na Copa de 1994. Quando o Roberto Baggio chutou a bola por cima do gol, vi o massagista da Seleção dar cambalhota no gramado e o Taffarel cair de joelhos, levantando as mãos … Continuar lendo Bola fora