SILÊNCIO

Raniere Sabará Silêncio. Em um mundo tão turbulento, disrítmico, cardíaco, pulsante, necessito de silêncio. A humanidade sempre esteve a postos do naufrago, insurgente a espera de palavras. Não digo que as palavras não sejam singelas, embora o silêncio ainda me encante mais. No silencio se encontra as maiores dadivas dá vida. Quantas vezes você já escutou a si? Ao criarmos vida, o choro é o … Continuar lendo SILÊNCIO

A CIDADE FANTASMA

Raniere Sabará Minas Gerais. Passear por ela faz do fogo acesso em chama virar pó em montanhas que se curvam e entrelaçam como pintura pincelada em verde-água. As ruas de pedra me fazem estalar os mendinhos e calcanhares. As cidades históricas me trazem tantas histórias que não são histórias quaisquer. Mariana. Segunda capital do nosso Brasil. Quando cheguei, havia algo muito peculiar que me chamara … Continuar lendo A CIDADE FANTASMA

31 de Outubro

Raniere Sabará “[…] O amor cuida com carinho Respira o outro, cria o elo No vinculo de todas as cores Dizem que o amor é amarelo” 31 de outubro. Era 17:00 e o tempo se fecha. Nuvens cinzentas tomam conta do despejo da cidade. Coração dilata. Palpita. Acelera em disritmia. Pensei que aquele tempo fosse previsão. Era como caminhar na mata escura, percorrendo a caminho … Continuar lendo 31 de Outubro

O abismo da democracia ao nosso lado: redes

Raniere Sabará Quando muito criança, de um lado, sempre ouvia: “A tecnologia vai mudar o mundo”. Do outro, só havia cochichos, resmungos. Era um abismo de assunto sem vez. Diziam sempre que “política, religião e futebol não se discute”. De fato, não se discutiu. Alienou. Corrompeu o obvio. Após a devastação de um sistema ditatorial que aniquilou nossa existência, resistência, esperava-se que, enquanto seres políticos, … Continuar lendo O abismo da democracia ao nosso lado: redes

Carta à Terra

Raniere Sabará Querida Terra, Escrevo-lhe essa carta, pois, me preocupa como a vi hoje. Hoje acordei com desejo de viver. Sabe quando o corpo pulsa sem balbuciar os lábios, expelindo perfeita harmonia? Pois então, foi o sentimento que me antecedeu ao acordar. O céu acordou tomado pelo azul. Parecia a imensidão dos oceanos nas estações de verão. As cores estavam mais vivas. O ar estava … Continuar lendo Carta à Terra

Quanto tempo o tempo tem?

Raniere Sabará Certa vez, da sacada da janela, estava vendo o sol se pôr no pé da serra e, por um outro ângulo, via a lua nascer naquele final de tarde aconchegante. Ao compasso que desanuviava meus pensamentos, me veio um questionamento: “Quanto tempo será que o tempo tem?”. É uma retórica que me paira em todos os momentos de ápice do cotidiano. O tempo … Continuar lendo Quanto tempo o tempo tem?

Apesar de você

Raniere Sabará “[…] Apesar de você Amanhã há de ser Outro dia Eu pergunto a você Onde vai se esconder Da enorme euforia Como vai proibir Quando o galo insistir Em cantar Água nova brotando E a gente se amando Sem parar […]” Essa grande canção de Chico Buarque, marcada pela euforia e medo na ditadura, me faz refletir sobre o sentimento presente nessa semana … Continuar lendo Apesar de você

(Des)sinfonia de aurora

Raniere Sabará Aurora. Beleza rara de se ver. Tão sensível quanto a aurora boreal. Aurora era um pássaro da espécie Agapornis, a grande sábia das conselheiras dos amores não correspondidos. Nomadeava pelas copas onde já não mais havia vida. Sem pretensão, pincelou seu ninho no beradero da mata escura para chamar de lar. Aurora se excitava ao ser tão atemporal. Pela manhã, buscava alimento nos … Continuar lendo (Des)sinfonia de aurora

A volta para casa

Raniere Sabará Era às 17:30 de uma tarde ventosa. As nuvens contornavam o céu como se fosse chover. Buzinas, alertas e sons. Na calçada do ponto, com o ouvido miúdo aos sons, não reajo mais a escuta entre a frequência relativa do caos urbano. Me concentro para esvairir no vento. Meu corpo, por um momento, pretende estar inaudível. Paraliso-me para acalmar as batidas eufóricas do … Continuar lendo A volta para casa