O silêncio dos inocentes - pixabay

O silêncio dos inocentes

Victória Farias Vamos lá, verdade seja dita: é insuportável ficar combatendo fake news. Os jornalistas/checadores que me perdoem, mas se eu tivesse que ficar convencendo alguém na lábia, ia ser obrigada a partir para a violência. Especialmente com relação àquelas pessoas que acham que “a verdade nos foi negada durante muito tempo, e agora temos o poder de saber de tudo.” Saber de tudo o … Continuar lendo O silêncio dos inocentes

Há algo de podre no reino da Dinamarca

Victória Farias Alguém, em algum momento, disse esses termos na obra de Hamlet, entre outras coisas; mas não sei se podemos validar isso, afinal, Hamlet falava com uma caveira. Bom, se colocarmos as coisas em equilíbrio, entre interlocutores com quadrúpedes e declamadores ao cálcio, acho que podemos classificar a loucura de Hamlet como leve. A podridão no reino da Dinamarca estava exatamente onde se propõe: … Continuar lendo Há algo de podre no reino da Dinamarca

Pão esquecido no forno

– Cleonice, quero te dizer uma coisa.– Pois, diga.– Eu vou me casar com você.– Como é Valdemar? Você acha que eu sou um objeto de uma loja, que você pode escolher possuir?  E foi assim que meu avô, Valdemar Dantas de Farias, “pediu” minha avó, Cleonice Vieira Gonzaga, em casamento. Explico. Minha avó nasceu em Aracaju, capital do menor estado brasileiro, Sergipe. Muita gente … Continuar lendo Pão esquecido no forno

Eu não estou aqui

Depois da terceira dose de tequila, Samuel saiu do bar cambaleando. Estava cansado, esgotado, exaurido. Simplesmente não aguentava mais. O trabalho o chateava, a família o deixava louco, a sua falta de afinidade nos relacionamentos então? Tinha poucos amigos, e os que tinha afastava por motivos que não conseguia entender.  Repetia a mesma desculpa para não vê-los, “ah, meu cachorro morreu”, Samuel nem tinha cachorro … Continuar lendo Eu não estou aqui

Cientificamente (não) comprovado

Logo no início dessa aventura no Mirante, a psicóloga Daniela Piroli Cabral escreveu sobre quantos comprimidos um indivíduo toma em média ao longo da vida. Mas isso foi antes das coisas saírem dos trilhos e as pessoas encherem a cara de corticoide com vinho. Quem diria. Com vocês, Pharmacopeia revisada. – Eu já perdi a conta de quantos são, mas, na verdade, nenhum realmente é. … Continuar lendo Cientificamente (não) comprovado

O toque de Midas

Victória Farias É estranha a sensação de se dividir a solidão. Entende-se (pelo menos eu entendo) que a solidão deva ser vivida a só, do jeito mais profundo possível. Mas isso não é o que vem acontecendo nessas solidões aglomeradas nos últimos meses. Dizem (alguém diz, não sei quem) que não é permitida a reunião de pessoas em locais públicos. Mas, dentro das casas, principalmente … Continuar lendo O toque de Midas

Sempre-viva

Victória Farias Marcos fez questão de parar pela segunda vez naquele dia para comprar mais um maço de cigarros. Estava nervoso. A notícia de que seus pais viriam para sua casa, recebida na noite anterior, tinha caído como uma bomba naquele coração ansioso. E era sempre assim, eles nunca avisavam com antecedência.  Achavam que tinham o direito de chegar de surpresa e caminhar pelos corredores … Continuar lendo Sempre-viva

Notas sobre o absurdo

Victória Farias Caro leitor, hoje deixarei meus personagens (que sempre morrem no final, mesmo você não sabendo disso) de lado, e falarei sobre o real, nas minhas próprias palavras. – Já falei com você sobre aqueles que não aceitam o momento dado, e tentam fugir para outras realidades, como é o caso de Roland, ou até mesmo aqueles que passam por ele como se nada … Continuar lendo Notas sobre o absurdo

Deus ex machina

Victória Farias •Em casa Fly me to the Moon/ Let me play among the stars/ Let me see what spring is like/ On Jupiter and Mars/ In other words, hold my hand/ In other words, darling, kiss me. – Alexia, desliga o despertador. – Claro, Roland. Bom dia. – Bom dia. Eu pedi para você tocar a versão da Julie London. – Desculpe, Roland. Essa versão não … Continuar lendo Deus ex machina