De onde eu vim, pra onde vou?

Daniela Mata Machado – Mamãe, de onde surgiu o mundo? – Da grande explosão de um único átomo. Chamou-se Big Bang. – Então, nós, as plantas, os animais e as coisas viemos todos de um único átomo? – Viemos. Todos. Minha pequena filha silenciou. Estava tão atônita quanto qualquer um de nós deveria estar depois de uma constatação dessas. E todos nós, que em algum … Continuar lendo De onde eu vim, pra onde vou?

Bombons Chineses

Rosangela Maluf Doçuras Modelei em meu coração Encantos Esculpi em sua eterna fraqueza Lágrimas verti Sem querer derramá-las Medo senti Sem que meu sorriso Pudesse ocultar Temores surgiram e meus afetos Não souberam suavizar Perdas Que transformei em cores Para que tu pudesses Pintar Em versos Para que pudesses cantar Em estrelas Para que pudesses sonhar Em beijos Para que pudesses me amar * Curta: Facebook / Instagram Continuar lendo Bombons Chineses

Falta de urbanidade gera desconforto

Eduardo de Ávila Viver em coletividade, em certas situações, requer muita flexibilidade. Sempre fui muito atento a isso, mesmo quando era mais novo que agora (continuo jovial, juro que acredito!). Ceder lugar em fila para idosos, grávidas e pessoas com deficiência, antes mesmo disso se transformar em norma, aprendi desde cedo. Agora, já na condição de um deles – com direito a credencial de estacionamento … Continuar lendo Falta de urbanidade gera desconforto

Simplesmente se

Peter Rossi Nada melhor que uma boa sesta, estirado no sofá da varanda, depois de um lauto almoço. Nosso corpo parece se derramar de tanta preguiça. Fechei os olhos e sonhei. Não me lembro o tema, só que acordei assustado. Deve ter sido algo aterrador pois meu corpo, arrepiado, temia por uma rajada de vento. Continuei deitado do sofá, olhando pro teto, com pensamentos absolutamente … Continuar lendo Simplesmente se

Primeiro dia de guerra

Victória Farias Era quase meia-noite quando as coisas começaram a se assentar na sua cabeça. Essa hora, diferente do meio-dia, dava a vida um estranho aspecto cinza e amarelo, por conta dos postes de luz na rua. Toda realidade parecia demais. E todo o pensamento de fuga imaginária era suprimido pelas notícias que chegavam a todo o momento; o celular não parava de vibrar. Era … Continuar lendo Primeiro dia de guerra

Dono da razão

Márcio Magno Passos Passei grande parte de minha vida discutindo razão. Muito por meu prazer pelo debate, outro tanto pelos vícios jornalísticos e aquarianos. Passava horas disputando quem era dono dela e sempre ganhava quem tinha mais argumentos ou amplo vocabulário para os discursos. Ganhava não é bem a palavra apropriada, porque na realidade ninguém ganha quando se disputa a razão. Aprendi isso na entrada … Continuar lendo Dono da razão

MAR DE LAMA – Cantiga pra Mariana

Rosângela Maluf Viviam na mesma cidade cuidavam do mesmo jardim o trem no final de semana mari e ana mari e ana Varriam os mesmos quintais mesmo quarto, mesma cama a comidinha mineira mari e ana mari e ana Um dia chegou a água levou casa, cachorro, criança nunca mais jardim, nem sonhos só a tristeza, a lembrança mari e ana mari e ana a … Continuar lendo MAR DE LAMA – Cantiga pra Mariana

De volta ao quintal

Daniela Mata Machado Houve um tempo em que eu me pendurava no galho de uma goiabeira, impunemente, e ficava observando a vida passar, lá de cima. Sem culpa. Sem angústia. Sem ansiedade. Já faz tanto tempo, que só consigo acreditar que era mesmo assim quando vejo a foto e ela me teletransporta para aquele quintal, onde a vida parecia passar vagarosamente e eu ainda não … Continuar lendo De volta ao quintal

Atirando pedras na água

Márcio Magno Passos Quando se passa dos cinquenta anos, a vivência nos leva a refletir sempre mais e falar cada vez menos. E o pouco que falar é preciso fazê-lo com sabedoria, que é o mínimo que podemos acumular com mais de cinco décadas de vida. Neste final de semana, ouvi alguém dizer que quando fez cinquenta anos percebeu que havia vivido mais tempo do … Continuar lendo Atirando pedras na água

Literatura de latrina

Márcio Magno Passos Talvez a palavra mais correta seja privada ou mesmo banheiro. Ou até o americanizado WC. Optei por latrina, por estar mais próximo ao gosto literário em questão. Desde criança, sempre me chamou a atenção o gosto popular dos brasileiros pela literatura de latrina nos banheiros públicos. Na escola fundamental, ainda na pré-adolescência, era nos banheiros que ficávamos sabendo quem era veado (naquela … Continuar lendo Literatura de latrina