Dono da razão

Márcio Magno Passos

Passei grande parte de minha vida discutindo razão. Muito por meu prazer pelo debate, outro tanto pelos vícios jornalísticos e aquarianos.

Passava horas disputando quem era dono dela e sempre ganhava quem tinha mais argumentos ou amplo vocabulário para os discursos. Ganhava não é bem a palavra apropriada, porque na realidade ninguém ganha quando se disputa a razão.

Aprendi isso na entrada da terceira idade. Mais ainda, a maturidade me ensinou que debater razão é burrice, despreparo para a vida e o mesmo que discutir o sexo dos anjos.

Buscar a propriedade da razão é perda de tempo, mesmo porque ela não tem dono. Bem mais valiosa do que ela é a opinião, respeitosa no limite do direito universal de pensar diferente.

Foi assim que cheguei aqui. Menos radical, com aversão total à discussão e apreço cada vez maior à opinião e suas mais variáveis diferenças. E este exercício de vida nos capacita para todo e qualquer diálogo, superando sem grande esforço todos os contrastes pessoais, culturais, ideológicos e religiosos.

Gostaria muito de ter aprendido isso tudo aos trinta anos, mas aprendi também que na vida há tempo pra tudo. Não para todos é claro, já que muitos se foram em tempo curto. Para sortudos como eu, no entanto, continuo vivendo e aprendendo.

Viva a vida!

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