Os Olhos Claros de João

Parte IVRosangela Maluf Cheguei na casa da minha irmã disposta a resolver tudo em uma semana. Procurar o cartório, conferir a papelada, ver o preço do terreno e procurar um interessado. Entretanto, apesar da minha disposição inicial, a semana não foi suficiente para resolver tudo. Voltei para a capital. Vim rezando para que aparecesse um comprador bom e honesto, fácil de lidar e disposto a … Continuar lendo Os Olhos Claros de João

Os Olhos Claros de João

Parte III Rosangela Maluf Cheguei em Milagres. Fany foi me pegar na rodoviária. Ela e a neta, filha de Dulce. Tão engraçadinha, perguntadeira, curiosa, linda a menina, mas chatinha – eu não tinha mais paciência para lidar com crianças, ainda mais pequeninas assim. Quatro anos de pura perguntação, não nos deixava conversar direito. – Minha irmã, já sei tudo sobre o tal do homem. Você … Continuar lendo Os Olhos Claros de João

Os Olhos Claros de João

Parte IIRosangela Maluf Era tão bom conversar com ele. João tinha um jeito diferente e, quando me chamava de Dona Heluisa, eu não conseguia conter o riso. A gente conversava sobre tudo e eu aprendia muito com ele. Nunca tocava no nome da mulher nem dos filhos. Também nunca perguntei, nem me interessava saber. Uma única vez, ele me apresentou Romeo, filho mais velho que … Continuar lendo Os Olhos Claros de João

Os Olhos Claros de João

Parte I Rosangela Maluf Nem sei mesmo porque me lembrei do João! Não falei nele, não vi nada que me fizesse recordá-lo. Faz tempo que não sonho com ele. Não remexi minha caixa de cartas e muito menos revi suas fotos, escondidas e bem guardadas, já bastante amareladas pelo tempo. – Estou sozinha em casa, dou uma espiada nos jornais. Tento ler um pouco antes … Continuar lendo Os Olhos Claros de João

O vizinho do 605

Rosangela Maluf Continuação – Do corredor avistei os dois quartos. Um deles imagino, seria o quarto da mãe-velhinha-de-noventa-anos. Do lado da cama estilo marquesa, uma caminha pobrezinha, provavelmente para a enfermeira da noite. Lustre, flores na janela, cortinas brancas de cetim, do teto até o chão; dois tapetes, um ao lado de cada cama, sobre a cômoda, também marquesa, caixinhas de remédios das mais variadas … Continuar lendo O vizinho do 605

No aeroporto

Rosangela Maluf Ao descer do avião, tudo parecia estar em silêncio naquele aeroporto tão movimentado. Ninguém falava nada. Não se ouvia nenhuma palavra. Nenhum ruído, nenhum som. Silêncio completo. Entretanto seu coração fazia barulho, batia forte. Um tum-tum-tum intenso. Respirava fundo tentando não demonstrar a imensa ansiedade que lhe consumia. Andava calmamente para disfarçar o tremor das pernas. Trocou de mão a pequena valise que … Continuar lendo No aeroporto

Made in Italy

Rosangela Maluf A conversa entre elas passava sempre pelo mesmo crivo: como andam os amiguinhos da internet? Aos sessenta anos, as três amigas se divertiam com as paqueras virtuais, aquelas com duração máxima de quinze dias, em média. Depois, tudo ia perdendo a graça e os amigos atuais se mostravam tão desinteressantes quanto os anteriores. Não estava sendo fácil. Muita gente, pouco interesse e uma … Continuar lendo Made in Italy

Alô, Floripa

Rosangela Maluf Há três meses ela recebera, pelo Facebook, um pedido de amizade. Doze eram os amigos em comum. Um rosto naturalmente maduro. Um homem ainda bonito. Grisalho. Sorridente na foto. Nada mal, pensou. Aceitou sem mesmo olhar o perfil do novo amigo. Uma semana se passou. Talvez duas. Numa manhã, ainda na cama, recebe um bom dia, seguido de vários pontos de exclamação. Um emoji piscando um … Continuar lendo Alô, Floripa

Essa mulher

Rosangela Maluf …para Faride Manjud Maluf Martins, minha mãe Na luta diária Ela batalha Conquista Ganha espaço Vence a guerra Tem seu reino É guerreira Seu ventre cresce Engrandece Ela gera, cria, Agradece Abraça, acolhe e beija Ela é mãe No jardim da vida Ela semeia Cultiva Planta e colhe Cuida, zela E em seus canteiros Nenhuma flor se perde A jardineira Ela lava, passa, … Continuar lendo Essa mulher