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Ah, Minas Gerais

Rosangela Maluf Nasci em Minassou mineiramatreiraNasci em maiosou marianamarinado mar?Sou mariamãe, mulhernas mãos o M do mundono corpo o sol de invernono olhar a neblinaa geada, o friopreguiça de acordarNa alma o desejode cruzar fronteirasrasgar montanhasganhar o marultramarina?Mas no quintalnão tem marareias escaldantestem nãoTem galo que cantagalinha que cacarejapreta velha que chegapra cozinhar e lavarTem cheiro de manga no artem leite entornando lá foratem mingau, … Continuar lendo Ah, Minas Gerais

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A Sopeira de Louça

Rosangela Maluf Dona Maria nos foi indicada por uma amiga, também moradora do mesmo prédio, na Tijuca, bairro da zona norte do Rio de Janeiro, onde morei por sete longos (e quentes) anos! Fazia tempo que eu buscava uma pessoa caprichosa que passasse toda a nossa roupa a fim de poupar a Fafá que fazia os demais serviços da casa. O apartamento não era grande, … Continuar lendo A Sopeira de Louça

Por Onde Andam os Vagalumes

Rosangela Maluf Final de tarde, começando a escurecer. Faz frio e venta muito. As janelas batem. Uma chuva forte parece querer cair. Um raio, um barulhão. No fogão, a água começa a ferver. Vou correndo pegar a lata de café. Me esqueci de colocar o pó no coador, fiquei da janela olhando a chuva chegar. Abaixo o fogo, passo o café, encho o bule e … Continuar lendo Por Onde Andam os Vagalumes

O vizinho do 605

Rosangela Maluf Quase todas as manhãs, antes que eu saísse em direção à garagem, a porta do 605 se abria, e o novo vizinho aparecia quase à minha frente. Há pouco tempo morando no prédio, estávamos, pois, os dois, no mesmo andar; distantes apenas alguns metros, a casa dele da minha. Bom dia, ele dizia com voz meio aguda enquanto colocava o lixo do lado … Continuar lendo O vizinho do 605

Os Olhos Claros de João

Rosangela Maluf Nem sei mesmo porque me lembrei do João! Não falei nele, não vi nada que me fizesse recordá-lo; faz tempo que não sonho com ele; não remexi minha caixa de cartas e muito menos revi suas fotos, escondidas e bem guardadas, já bastante amareladas pelo tempo. Parte um Estou sozinha em casa, dou uma espiada nos jornais, tento ler um pouco antes de … Continuar lendo Os Olhos Claros de João

Uma rainha chamada Titide

Dona Titide era uma das nossas vizinhas lá na rua C. Aos meus olhos de menina, ela deveria ser uma senhora muito, muito velhinha, assim como a minha mãe. Tampouco saberia dizer o que seria “velhinha”. Só sei que o meu olhar infantil pousava sobre ela com admiração contida: não queria que a minha mãe soubesse que meu sonho maior era, um dia, ser como … Continuar lendo Uma rainha chamada Titide

Um Sintoma Especial

Rosangela Maluf A pandemia já durava cem dias. O mal que conseguira se espalhar pelo mundo todo, fazia com que aqui, em Serra Escura, seus efeitos absurdos e alarmantes se mostrassem ainda mais intensos e diversificados, a cada dia. Num primeiro momento foram todos – especialistas e sem nenhuma especialização – para a televisão, para os jornais e para as redes sociais informar à população … Continuar lendo Um Sintoma Especial

Uma certa mulher ao espelho

Rosangela Maluf Essa mulher em frente ao espelho sou eu. Envelhecida, trago no rosto profundas rugas. Tenho o semblante pesado e tristonho. Essa mulher sou eu? Acendo a luz e me sinto ainda pior. O que vejo não me agrada. Levo um tempo tentando observar melhor as marcas que o passar dos anos tem deixado em mim. Respiro fundo, mas não choro. Minhas lágrimas secaram. … Continuar lendo Uma certa mulher ao espelho