Robôs à nossa volta

Há três auxiliares robóticos com os quais meus filhos convivem cotidianamente e com quem já têm certa intimidade: Siri, Alexa e o chat GPT. Tornou-se comum que, diante da impossibilidade de sanarmos alguma de suas dúvidas, os meninos os convoquem para um bate-papo sem a menor cerimônia.

Alexa nos diz frequentemente que horas são com sua voz à la Fatima Bernardes. A Siri em meu celular é um “homem” e responde sobre a previsão do tempo e coloca músicas para tocar.

O chat resolve tudo e mais um pouco, desde a recuperação de memórias perdidas até a predição da pluviosidade nas regiões brasileiras para um trabalho escolar.

E eis que surgiu um novo personagem robótico em nossas vidas: o comando de voz do carro.

Recentemente, em trânsito, diante de uma dúvida qualquer, um dos meninos disse: pergunte ao BYD. Arrepiei. Então já está consolidado? É esse o nosso presente? Consultar regularmente os robôs sobre as mais banais das questões e viver cada vez mais cercados por eles e dependentes desta interação? Considerando-os presumidamente como detentores do conhecimento de qualquer resposta?

Ainda que tal comando de voz não saiba fazer mais do que reduzir o fluxo do ventilador e modificar a intensidade das luzes internas do veículo, foi colocado no lugar de alguém que sabe. Chegamos de fato a um ponto em que oficialmente os dispositivos e suas vozes monótonas detém a presunção do saber mesmo para as crianças. Isso me assusta!

Desde então – e até elaborar melhor este fato – tenho evitado conversar com os robôs. Temo que, no ritmo em que seguimos, ocorra rapidamente uma inversão funcional na qual quem iniciará conversas e fará solicitações a nós serão eles…

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