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Natal? Gosto sim!

Eduardo de Ávila

Sem a intenção de contrapor a querida Rosângela Maluf, no seu texto de domingo, trago aqui meu novo sonho de Natal. Diferente dos tempos em que acordava com o presente ao lado da cama, já relatei aqui em outras oportunidades sobre meu roteiro natalino de cada ano. Desde 2012, quando fui desafiado por uma colega de academia – Vânia, no Minas –, experimentei e, depois, a aventura seguiu até os tempos atuais: vestir de Papai Noel e entrar no sonho de centenas de crianças, idosos e escolas de atendimento a alunos especiais.

Foi uma experiência gratificante. Se na primeira temporada foram três instituições, depois só cresceu, sendo que, em um dos finais de ano, cheguei a quase 30 eventos. Ano passado, por razões pessoais, fiz pouquíssimos. Já neste 2024, foram quase dez desses ricos momentos. São situações únicas que esses assistidos oportunizam em um final de ano cheio de reflexões e balanços.

É impressionante a quantidade de pessoas que colaboram com esse momento anonimamente e – especialmente – outras que se dedicam integralmente a esse atendimento social. Quero aqui fazer um registro sobre Audrey Resende. Há já um bom tempo que participo de sua incansável luta, e são inúmeras as instituições que ela atende. Além do Natal, Audrey tem outras ações de atendimento e acolhimento às pessoas carentes e esquecidas pela sociedade e pelo poder público. Uma lutadora, como tantas outras que desempenham o mesmo papel.

Pois bem, como a cada novo Natal, o bom velhinho sempre se diverte e se surpreende com a reação dos atendidos em suas cartinhas. Sempre que sou abordado sobre ser mesmo o Papai Noel, registro, para a inocência da nossa prosa, algumas condições para o atendimento: obedecer ao papai e à mamãe, fazer os trabalhinhos da escola, não faltar às aulas, alimentar-se bem e – claro, e por óbvio – só levo o presente que os pais autorizarem. E assim vamos seguindo.

A cada nova aparição, as perguntas são surpreendentes e exigem improvisação imediata. Uma velhinha perguntou: “O que o senhor faz fora de ser Papai Noel?”. Respondi que era o PN e só. Ela insistiu, querendo saber sobre meu trabalho e profissão. Segui afirmando que era apenas o barbudo que leva presentes. Ela desistiu e disse: “Então tá”, entre risos de todos, incluindo as ajudantes do PN.

Já no meio da criançada, tenho de lembrar e escolher algumas perguntas. “Papai Noel, o senhor veio de trenó?” “Sim”, resposta fácil. “Posso ver?” “Claro, fique olhando para o céu; vou sair pelo telhado, pois ele é mais rápido que avião, e foguete é muito difícil de perceber.” Costumam ficar, segundo relatos das educadoras, por minutos olhando, e alguns juram ter visto. “O senhor tem filhos?” “Tenho, vocês todos!” E, a cada resposta, surgem mais e mais indagações.

“Papai Noel, o senhor é rico?” Fiquei segundos sem saber o que dizer, mas respondi: “Não”. Ato contínuo: “Então como consegue dar tantos presentes para todas as crianças?” Antenado que fiquei no tema, imediatamente confessei que tenho uma fábrica em casa e faço todos os pedidos nesse lugar. Ufa! Mas aí veio outra: “Posso ir morar com o senhor?” Tive de dizer que moro sozinho, pois preciso me dedicar a fabricar os presentes e não teria tempo para essa outra missão.

Depois fui perceber algo triste e doloroso: o desejo inconsciente de sair do ambiente ao seu redor. É a dura realidade de um país historicamente injusto. Essa experiência nos confronta com vários antagonismos: concentração de riqueza e miserabilidade, explorador e explorado, reação de satisfação em poder participar de um trabalho tão singelo e importante, ao lado da percepção do pouco que é feito para tirar pessoas da vulnerabilidade. Prazer e dor. Sigamos? Difícil! Nesse balanço, gosto, sim, do Natal.

Blogueiro

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  • A Caminhada no Voluntariado deve prosseguir. Coragem! Mil Vivas ao Natal e quem pratica o humanismo no Natal e Sempre! Você, Eduardo Merece Estrelas!

  • Meu grande amigo, Fidel Noel. Quando vc "determina", tenho o enorme prazer de colaborar. Mas, sem precisar de sua determinação, tem minha admiração constante. Você, vestido de vermelho ou não, é fora da curva.

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