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Dezembro é o mês de renovar propósitos

Eduardo de Ávila

Todos nós, não me incluo fora dessa intenção, usamos datas para tomada de decisões. Porém, aprendi com os tempos algo que não percebia quando dava espaço ao confortável jeito reclamante. Comecei a perceber que o copo pela metade deve ser olhado na condição de meio cheio e nunca como meio vazio. Sou pessoa de fé, tenho uma religião por escolha pessoal, que não me sugere criticar outras. Condeno, entretanto, quem explora ingênuos com pregação usando a palavra sagrada para sangrar a economia pessoal do inocente.

Mas não estou aqui hoje resenhando sobre a compra do terreno no plano espiritual e nem na lua, mas desses dias que antecedem ao Natal e Ano Novo. É comum ouvir nas nossas rodas as intenções de “ano que vem não bebo mais”, “vou fechar a boca e emagrecer”, ou “farei um regime alimentar controlado para ganhar uns quilinhos saudáveis”, “vou me dedicar em causas sociais” e entre tantas outras.

Eu, anualmente, nesse mês de dezembro vou em creches, escolas especiais e asilos vestido de Papai Noel. Quando iniciei e já se vão mais de dez anos, não foi por propósito, até porque aconteceu nesse último mês do ano e se deixasse para o ano seguinte, babau. Foi casual, uma colega de academia, observando minha barba – que incomoda a alguns que não se olham no espelho – me convidou para alegrar a criançada de uma creche que era voluntária. Fui, gostei e naquele ano estive em mais dois lugares. De lá para cá são dezenas anuais, já cheguei numa temporada próximo de 30 unidades. Sempre em instituições de periferia e onde a vulnerabilidade é acentuada.

Excepcionalmente, poucas vezes, convidado para animar crianças fora do perfil que me proponho. Sempre em locais de pessoas que me merecem atenção e carinho pela relação social que convivemos. Faço com a mesma dedicação daquelas que me fazem ver um mundo melhor. Comecei na semana passada e já fui em duas delas, hoje mesmo vou na terceira – que a exemplo de outras é jornada dupla (turnos manhã e tarde) – e até a noite de Natal seguirei. Esse ano será menos que em anteriores e mais que ano passado que me vi obrigado a passar à margem por ameaças veladas de quem tem maldade no coração. O que não é a pauta de hoje. Nessa minha jornada, muitas/os amigas/os se mostram motivados a participar de alguma maneira, mas a maioria segue como nos propósitos. “Ano que vem, juro que vou”! Nada a questionar, mas é como essa disposição de fim de ano, joga pra frente.

Parei de fumar e de beber, consumia bem essas duas drogas, dois maços e mais de 10 garrafas de cerveja (600 ml) todos os dias. Cigarro foi num mês de abril (1994) e a bebida em maio (2001), nesse caso, embora tenha sido dia 1º, nenhuma relação com o Dia do Trabalho. Sentia que era necessário e não negociei com Deus e tampouco marquei a data, chegou sim o momento de tomada de decisão. Atitude! Curto isso, percebo um certo orgulho de quem vive ao meu entorno, como foi com minha mãe que ainda curtiu um ano e alguns dias minha abstemia e sobriedade. Tem mais gente que foi beneficiada com a minha decisão. Quem mais ganhou? Eu! Sobre isso, falo sempre sem ser pedante. Acho!

Relato, remontando em síntese minha experiência pessoal com a intenção e vontade de incitar a quem quer rever isso e aquilo que o faça independente de data, período do calendário ou qualquer outro marco, tomem atitude por vontade, desejo e necessidade pessoal. Afirmo, sem medo de errar e da intenção de ser exemplo, desde essas duas guinadas na minha vida percebo com muita clareza algo que não eram sentidos na minha caminhada terrestre. A cada período vivido e outro tempo se anunciando, seja virada de ano ou novo dia, tenho a convicção que será melhor que o anterior. Não é mágica e/ou conversa fiada. Só vivendo para entender. Sigamos!

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  • Eduardo, suas palavras tocam nosso coração. Tempo de olharmos para sua prática e para nós mesmos, perguntando-nos: como poderemos ser melhores pessoas ?...
    Grata.

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