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A tunda nos bolsoloides

Eduardo de Ávila

Se houve algo estimulante nessas eleições, foi a derrota da legenda 22, cooptada por reacionários para dar guarida a Bozo e seus seguidores, num arriscado retrocesso político e econômico no Brasil. Essa gente, que nada tem de conservadorismo e é sim da extrema-direita, tentou disseminar o ódio e a segregação na sociedade brasileira. O recado foi dado nas eleições municipais: o grande derrotado foi o bolsonarismo, fruto da liderança de um sujeito inconsistente, inconsequente e perigoso.

Não só em Belo Horizonte, onde foi vencido, mas em muitas capitais e cidades com segundo turno. Além disso, o governo de Minas também foi derrotado, uma vez que aqui perdeu nos primeiro e segundo turnos. Apoio explícito e declarado para Tramonte e depois Engler. Pessoas do mesmo governo – foi motivo de vídeo postado – embarcaram para Ribeirão Preto (isso mesmo o vice foi lá em São Paulo) apoiar o apêndice desse retrocesso pelo tal do novo. Derrotados! Ainda que nessas escolhas tenham elegido partidos duvidosos, menos mal que legenda comandada por negacionistas e responsáveis por atos antidemocráticos em tempos recentes.

A cada eleição, fica mais visível que não existe espaço para o radicalismo, seja de que lado for. Sem pesquisa científica, apenas pelo sentimento das ruas, percebe-se que as pessoas querem governos equilibrados, compromissados e que tenham senso de justiça social. Sou de um tempo em que essa prosa de esquerda e direita tinha contornos muito diferentes dos tempos atuais. A primeira reciclou e avançou; a outra tirou a máscara e vem se perdendo.

Mas por que esquerda e direita? Essa distinção teve origem na Revolução Francesa, onde, na Assembleia, do lado direito tinham assento quem defendia a monarquia e a continuidade de um sistema desigual entre as pessoas. Do lado oposto, à esquerda, posicionavam-se os membros que pregavam a igualdade e a liberdade. Sem aprofundar, a direita defende valores reacionários e, em alguns casos, até a eliminação de quem pensa diferente. Lembram do Bozo na campanha de 2018? Ele empunhou uma arma de fogo automática em palanque para sugerir que era para metralhar opositores.

Na minha adolescência, quando comecei a conviver com protestos sociais, optei por caminhar na direção da esquerda, e fui vítima de questionamentos. Gosto de futebol e amo o meu Galo; diziam que era alienação. Hoje a companheirada bota para fora a paixão por seu time do coração. Em contrapartida, ouvi várias vezes quem – como hoje ainda questiona minha posição – negar ser de direita. Sentiam-se constrangidos, mas hoje estufam o peito e fazem discurso patriotário. A grande maioria desses, tendo ou não mandatos, exploradores da fé alheia e metidos a ricos. São, na verdade, falsos religiosos e invejam a condição de quem se espelham. Sentem-se iguais por defender a exploração da mão de obra.

D volta ao Brasil, Minas e BH. É inegável que o radicalismo doentio dessa gente foi derrotado. Os frenéticos – família, pátria e liberdade (mentirosos, isso é casca por dentro são podres) -, apesar de ainda terem votação expressiva, foram derrotados. Minas Gerais, nessas duas últimas eleições, na contramão de sua história, elegeu figuras caricatas para muitas Casas Legislativas, desde o Congresso – Câmara Alta e Câmara Baixa –, também na Assembleia e Câmaras Municipais. Desde “leitinhos”, “chupetinhas” e até “chupetões”, fedendo a cueiro, desafiando – até de maneira desaforada – quem pensa diferente.

Defendem a instalação de um Ditadura. O mais triste disso tudo, com consequências terríveis, é a extensão dessa violência verbal em ações como as que ocorrem em nossa vida diária. A emboscada de torcida organizada no final de semana tem relação direta com essa prática defendida por esses “ninfetinhos” da vida pública. Que a limpeza tenha continuidade nas próximas eleições, para trazer de volta a paz e a boa convivência entre as vítimas dessa imbecilidade bolsoloide. Derrotar – de novo – quem prega a guerra em contraponto à paz.

Blogueiro

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  • É por aí. E o pior é essa extrema direita se valer da democracia pra tentar corroer por dentro os pilares democráticos. Criminosos!

  • O resultado da eleição em Belo Horizonte premiou o mais experiente, o mais ponderado, o mais sensato, além de ser o único entre todos os candidatos com experiência administrativa no poder executivo. Além do exposto, o vencedor não caiu na tentação de MENTIR DESCARADAMENTE, como fez o segundo colocado. E mentira, convenhamos, é uma arma que aquela gente não se constrange em usar. Em complemento cabe-me destacar que o eleitor da capital mostrou-se maduro ao recusar-se a entregar as chaves do cofre aos fanáticos religiosos da IURD, representados por Tramonte, e aos aloprados comandados por Bolsonaro que, segundo Engler, "é o meu capitão". Por fim, ao me deparar com Cleitinhos, Englers, Nikolas, Marçals e outras aberrações, todos jovens e com poder de retórica para influenciar eleitores de cabeças ocas, tempo pelo futuro do país. Como diria o motorista do ônibus: "Em que ponto chegamos".

  • Percebe-se a falta de respeito do colunista por outra visão política que não seja a dele. Critica a polarização, mas com a sua fala, provoca ela ao mesmo tempo.

  • Parabéns aos belorizontinos por não retroceder nas eleições municipais. Acredito que aos poucos, como diz o nobre blogueiro atleticano, a tampa do bueiro está sendo fechada novamente.

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