A degradação invadindo o ambiente familiar

Eduardo de Ávila
Não bastassem tantos dissabores a que a vida moderna tem nos condenado, agora estamos vulneráveis à invasão diária de promiscuidade até na tela da televisão. Quanto mais a tecnologia avança, pesquisas e novas experiências em todos os campos apontam caminhos para viver bem, mas, infelizmente, alguns se valem disso para golpes e até para sugestões contrárias aos bons costumes.

Não aguento mais, por exemplo, esses idiotas que “sequestraram” meu filho e pedem para digitar uma tecla em razão de uma compra de tantos mil reais que foi feita no meu cartão do Banco Tal. Como só tenho conta em duas instituições bancárias, raramente esses bandidos acertam o nome da instituição financeira. E, assim como no outro caso, não tenho filho. E colocam um adolescentezinho gritando “papai, me pegaram!”

Esses são os bandidos anônimos; outros têm CPF e até representantes legais. Quem me conhece, além de saber da minha paixão pelo meu time do coração, sabe o quanto sou crítico da CBF e da rede esgoto de televisão. Meu Galo já foi “prejudicado” inúmeras vezes pela ação conjunta dessas duas mazelas que acabaram com o futebol brasileiro. Outrora o melhor do mundo, hoje luta por uma das seis vagas, entre dez países, para a Copa de 2026. E corre riscos de ficar fora. Tempos atrás, sempre era o Brasil e mais outros.

Lentamente, as gestões da CBF, aliada aos interesses comerciais da rede Bobo, foram assassinando o futebol brasileiro. Os privilégios aos times paulistas e cariocas são descarados, desde a elaboração das tabelas, passando pela infeliz arbitragem, até as decisões do tal STJD. E o esporte, que já foi paixão nacional, tem cada vez menos público e total desconfiança dos torcedores. Pois bem, entre os anunciantes, depois de uma série de ações contra o tabaco, ficamos livres da mentira “menos nicotina”. O cigarro caiu tanto no desuso que apelaram para o eletrônico, que faz tanto mal quanto o tradicional dos tempos de Mistura Fina, Capri, Minister, Carlton e outros.

Mas a invasão não se contentou apenas em oferecer bebida, sugerindo o alcoolismo. Falo com conhecimento de causa, pois, além de fumante – dois maços diários –, fui consumidor excessivo de cerveja. Dez a 15 garrafas de 600ml por dia. Venci ambos por minha força e determinação, aliadas à ajuda que tive – sobretudo de um primo Júnior – que me condecoraram hoje na condição de ex-fumante e ex-alcoólatra. Tenho cá meus pequenos vícios, entre os quais uma fezinha semanal na Mega, Quina ou Lotofácil. Sem excessos.

O que me deixa perplexo é assistir aos jogos pela televisão e ver a invasão de propagandas sugerindo alcoolismo, jogatina (lideramos esse triste e infeliz  ranking) e agora – acreditem – pornografia. Através das imagens da televisão, facilmente se captam anúncios que vão desde a cachaça 51 (nem tão boa ideia), passando por uma enormidade de BETs (que vêm provocando endividamentos e desespero em famílias), até um site pornográfico. Sim, a imagem – foto do amigo Oberdan Kfuri – captada no jogo do Galo contra o Bragantino no último domingo. Tomei conhecimento disso por meio de um post do atento Eduardo Moreira, em uma partida no Engenhão. Agora, ao vivo, na casa dos atleticanos. No Estádio do Galo. Degradação de responsabilidade da organização das competições. Com a palavra, o MP!

*fotos: 1) arquivo do blog Canto do Galo; 2) Oberdan Kfuri

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