Conflito entre a razão e a desilusão de viver

Quisera eu que todos nós, hospedados nesse planeta, tivéssemos discernimento para entender todos os movimentos no nosso entorno. Talvez vivêssemos num mundo menos egoísta e mais solidário. Seria melhor? Em tese sim, mas como acredito em continuidade depois desse passeio por aqui, seria então a oportunidade de nos aperfeiçoarmos e progredirmos individualmente, com os demais, a natureza e o próprio universo.

São tantos conflitos e falta de empatia com os outros que se perde de vista que a concessão da vida tem como objetivo – senão o único, o maior – ser feliz. Brasileiros da resistência, onde me enquadro nessa divisão proposta pelo reacionarismo, condenados a conviver contra conspiradores que não dormem. Sobre a razão de viver, por um bom tempo o livro de Samuel Wainer, “Minha razão de viver”, alimentou e sustentou essa luta contra o retrocesso que a extrema direita insiste em promover no Brasil.

Enquanto digo que essa gente não descansa, assistimos a ação criminosa contra a humanidade promovida por terroristas que invadem a praça dos Três Poderes, quebram e saqueiam a nação, para agora pedir anistia. Cadeia neles! Concomitante a isso, com grande escala promovida por ogro boys, as queimadas que estão deixando todos asfixiados e sufocados. São tão imbecis que eles próprios são vítimas desse crime ambiental. É um processo de autofagia e os idiotas não se sensibilizam. O ar, seja aqui em BH ou onde for, está sendo contaminado pela ação suicida dessa bandidagem. Não basta ser grileiro e explorador, tem de matar e morrer.

Em meio a essa desilusão, convivendo com idas e vindas aos consultórios médicos, vamos tentando contrabalançar esses sentimentos de alegria e prazer com a agressão sofrida a cada dia. Afinal, decorrente dessa situação, advém outras doenças no nosso corpo. Pulmonares, cardíacas, ansiedade, refluxo, sono, olhos, nariz, garganta e tantas outras que vão debilitando o corpo físico e a resistência. Quem não acredita nisso faz parte daquele grupo incendiário que recentemente colocou o Brasil em confronto com o mundo civilizado e que debochava da nossa inteligência. Vamos queimar e incendiar, eram palavras de ordem, ainda que dissimuladas.

Como se não bastasse, paralelo a isso, vamos – notadamente a minha geração – convivendo com perdas de pessoas que foram importantes na nossa história de vida. Se referências ou não, compartilhamos bons e inesquecíveis momentos por décadas. Fui muito extrovertido e participativo por onde passei – hoje já recolhido -, construindo boas e gostosas relações desde a infância. Em todos esses nichos, compartimentos da minha existência, não existe um que permaneça completo. Só na família, depois de perder papai e mamãe e dois irmãos, já são quatro entre cinco cunhados.

Da minha turma de infância e adolescência somam dezenas. Quando fiz 25 de formatura em Direito, num evento promovido pela Milton Campos, foi marcante a ausência de vários que tomaram rumos e distancia diferentes. Temos um grupinho pequeno de encontros mensais: éramos seis, agora apenas cinco. Do curso de Comunicação, com encontros mais distanciados, também já sofremos ausências. Participo também de encontros mensais de conterrâneos que moram em BH. Desde a pandemia somam quatro baixas. No Jornalismo, talvez a turma mais animada da velha guarda, a cada primeira segunda feira de mês nas prosas as baixas dos últimos dias. Neste final de semana, a vez do João Bosco, que foi editor de Política e Geral do Estado de Minas. Mais um encontro, ontem de manhã, não marcado, de muitos amigos na sua despedida. Pergunto até quando vou viver essas dores? De assistir, sem poder reagir, a ação de quem se acha dono do mundo e ainda de perder amigos? E eu mesmo respondo: enquanto por aqui permanecer. Fato!

Em tempo: não é por acaso que num estabelecimento em São Tomé das Letras, me contou o Rodrigo Freitas da Barbearia 3M na Savassi, tem o seguinte recado numa placa: “Previsão do tempo: Ele está passando, aproveite!”

*Imagens: Pixabay

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