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Outro mal das redes sociais

Eduardo de Ávila

Quem não conhece o ditado do cachimbo? Está entre os mais populares ao longo dos tempos. Significa — na melhor interpretação da doutrina espírita — a lei do retorno. Colhemos o que plantamos, sendo assim, “o uso do cachimbo deixa a boca torta”. E, ao melhor estilo individualista, aplicamos isso a terceiros sem olhar no nosso espelho. Assistimos e avaliamos ao nosso sentir, sem jamais nos colocar no lugar dos outros. Daí julgamos!

Junte a isso, nos tempos recentes, o uso das redes sociais. O emprego delas, notadamente, através dos aparelhos celulares, nos colocou — a todos e não me excluo dessa aberração — numa redoma que matou qualquer sensibilidade e até o sentimento de solidariedade com pessoas próximas e aquelas que são distantes. Diria que “o uso do celular deixa as pessoas insensíveis”. Enquanto usamos, desconsideramos o efeito que os outros causam e nos incomodam.

É comum no ponto do ônibus, saindo de casa ou chegando no seu destino, deparar com pessoas absorvidas em relações distantes e ignorando quem está do lado. Vi ontem mesmo um interessante vídeo neste sentido, uma senhora — de meia-idade — indignada montou uma mesa no corredor de acesso ao seu apartamento. Isso depois de ela percorrer e cruzar com diversas pessoas que não se interagiam no elevador, portaria e por onde passava.

Ao final, conforme pode ser visto, foi um congraçamento. Vi essas imagens bem cedinho e me deixaram impactado durante boa parte da segunda-feira. Até que, em contraponto, presenciei acontecimento chocante ao final da mesma tarde. O fato que vou contar é real e me fez perder boa parte do sono da última noite. Incrível o que estamos permitindo, repito que estou no mesmo contexto e chocado com nossos rumos e destinos. A falta de humanidade e solidariedade com desconhecidos, aos poucos, vai afetando as relações com as pessoas que nos são mais queridas. Ou deveriam ser!

Fui levar algo até um amigo meu na porta da sua casa. Ele desceu e conversávamos por alguns minutos, até que chegou um veículo com duas senhoras. Manobras realizadas, entraram numa garagem bem à nossa frente, daí perdi a visão de ambas pela minha localização do lado de motorista no carro. Até que ouço um barulho, seguidos de gritos apavorados e apavorantes, que meu amigo presenciava de frente.

A senhora mais velha — aparentando, imagino, cerca de 80 anos —, ao descer do carro, não teve a solidariedade da motorista — aparentemente que na faixa dos 60 — e se dirigiu para a rua numa calçada totalmente irregular. A segunda, depois identificada como filha da primeira, estava digitando em seu celular. Imediatamente corremos em socorro da senhora ao chão, acompanhando os gritos desesperados da filha que chamava por sua família. Nas manifestações, em nenhum momento, uma palavra de carinho, conforto ou tentativa de alívio. Mãããeee, o que você fez? Quer acabar com a minha vida? E a senhora, elegante, só dizia que tinha batido a cabeça. Imagina se fosse algum desconhecido, teria sido abandonada na rua!

Blogueiro

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  • "Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, em relação ao universo, ainda não tenho certeza absoluta.".
    — Albert Einstein.
    Sigamos, temporão! Pois,haja boca torta p poucos cachimbos.

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