Para Caelum e Solem, nos vemos amanhã.
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Capítulo 1
Sentado no chão de cimento de aspecto escuro e sujo, cheio de ranhuras como se lembranças de tremores passados e por suportar o peso de anos de destroços descartados, João pensava em como faria Carla desistir da ideia sobre a mudança deles.
O posto de coleta 2, localizado entre o campo de meteoros — que não passava de um lugar aberto onde fanáticos com câmeras anacrônicas ainda se acumulavam para tentar ver os astros brilhantes — e o sindicato dos motoristas de ônibus — onde sempre gritavam “greve” — era o seu lugar preferido. Apesar da sujeira e do cheiro forte, pelo menos lá ele poderia experimentar a solidão do isolamento; ninguém entrava ali sem arriscar se ferir, mas ele particularmente não se importava. Já estava ferido, e a solidão era um convite ao pensamento.
Passara sobre a ponte do rio seco no seu caminho até lá, um nome um tanto quanto ridículo, pois era inconcebível a ideia de que a água fosse deixada ao bel-prazer das pessoas, e imaginara como seria pular. Mas mudou de ideia quando pensou na reação de Carla ao ver seu corpo sem forma em meio às pedras. Além disso, o chão diante dos seus olhos parecia estar a anos-luz de distância. Ele era um homem, não fora feito para voar, mesmo que o ato de voar sempre fosse para baixo.
Ao invés disso, fez o que fazia sempre: pulou para dentro de si.
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“Só” é um conto de 10 capítulos, que serão publicados individualmente semanalmente.
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