Não foi a primeira, mas certamente terá sido das últimas vezes a me arriscar num Pronto Atendimento. Desde o advento da covid, além da paranoia e consequente congestionamento nestes serviços hospitalares, vem ocorrendo – por preguiça ou economia laboratorial – a decretação e conclusão do tipo de variante viral do momento. Sem teste e/ou exame que confirme o diagnóstico.
Nos primeiros tempos naquela desconhecida pandemia, a exemplo da maioria, optei pelo isolamento. Morando sozinho, me ocupava com exercícios físicos e utilizava das redes sociais para manter alguma sociabilidade. Resistindo às sugestões em contrário, até de quem deveria se ocupar em preservar a saúde e bem estar da população do país que governava. Naquela ocasião, fiz alguns testes e sempre com resultado negativo.
Passou e agora, além de algum resíduo dessa doença – combatida com vacina assim como tantas outras que conheço desde criança – ainda convivemos com outras ameaças. Nossa saúde não tem trégua com nada. Zica, Chikungunya e – especialmente – dengue seguem a incomodar junto com essa tal covid. Nos últimos tempos, vem sendo a dengue a ocupar o noticiário e contaminando cada dia mais pessoas. Pelo menos não é contagiosa e transmissível por contato.
Como tenho, acreditem, uma boa alimentação e me cuido bastante, estou num grupo que posso ter sido contaminado de maneira assintomática. Já ouvi, até em consultórios, que seguramente fui e não percebi. Se sim ou se não, fato é que – apesar de uma série de intervenções cirúrgicas e quase todas precocemente diagnosticadas – no final de semana capitulei e fui parar num PA. Dor de cabeça, no corpo e algum mal estar. Tudo isso bem sugestivo, porém como estava realizando o exame MAPA (24 horas com aparelho no corpo), segurei a onda até que não resistindo procurei o Pronto Atendimento. Foi terrível!
Me auto mediquei, com relativa reação, com dipirona, até que optei por esse decepcionante martírio. Cheguei no PA, pouco antes de 17h, tendo sido imediatamente recepcionado e logo em seguida passando pela triagem. Que fantástico. Daí vou para a Sala de Espera. Percebo pessoas nervosas com a demora, mas acabei de chegar e me mantenho com recomendável distanciamento dessa situação.
Até que, já por volta de 18:15, solicitei me fosse informado qual seria minha posição na fila. Quase desisto, exatos 25 à minha frente. Peço para sair e espairecer, o funcionário informa que se sair perco o lugar.
Optei por, isso é permitido, fazer uma saída para lanchar. Basta preencher essa solicitação. Fui ao shopping e jantei, tendo retornado exatamente 19:30, daí fui conferir e ainda tinham 17 para chegar ao meu atendimento. Me agarrei na péssima programação da televisão e depois de outra hora de espera (já 20:30) voltei ao atendente que disse ainda ter 14 na minha frente. Estranhamente, três minutos depois, fui chamado para o consultório. O que era para ser comemorado, agravou mais ainda a minha decepção.
Boa noite pra lá e boa noite pra cá, relatei o desconforto que me levou até aquela unidade de saúde. Dengue! Foi a conclusão. Indaguei. Sem exames ou teste? Não é necessário e pode dar falso negativo, a justificativa. Em ato contínuo, uma enorme receita é impressa com meu nome e meus dados. Se dor ou febre, isso; temperatura acima de tal, aquilo; se intensa, aqueloutro; náusea ou vômito, outro comprimido diferente; cólica, esse outro medicamento; coceira, mais esse aqui.
Ah! E a recomendação de fazer uso de soro em casa. Se fosse lá, correria o risco de outro tipo de contaminação – no caso a temida covid – sugerindo ficar em repouso e até com atestado médico para tal finalidade. Dispensei a regalia, voltei para o meu canto sem fazer uso de nada, acordei bem e tive uma segunda-feira normal. Detalhe: o receituário, previamente preparado, apenas muda o nome do incauto e infeliz paciente em atendimento buscando saúde plena. O diagnóstico é de rotina.
*imagens: Pixabay
Sandra Belchiolina sandra@arteyvida.com.br Voo, Voa, avua, Rasgando o céu, Voo no deslize. Voo, Avua, Rasgando…
Daniela Piroli Cabral contato@dnaielapiroli.com.br Hoje, dia 20 de Novembro, comemora-se mais um dia da Consciência…
Eduardo de Ávila Assistimos, com muita tristeza, à busca de visibilidade a qualquer preço. Através…
Silvia Ribeiro Nas minhas adultices sempre procurei desvendar o processo de "merecimento", e encontrei muitos…
Mário Sérgio Já era esperado. A chuvarada que cai foi prevista pelo serviço de meteorologia…
Rosangela Maluf Em pleno século XXI, somos continuamente bombardeados com novidades de toda espécie! Resumindo,…
View Comments
Para rir, não fosse trágico. Tudo certo para dar errado. Meu Deus, tenha piedade!