Categories: Eduardo de Ávila

Polarização não é Radicalização

Tenho evitado, na medida do possível, ler postagens nas redes sociais neste período longo de conflito político e  social. Desde parceiros de resistência, evidentemente que muito mais daqueles que são contraditórios ao meu pensar, mas – vez por outra – esbarro com alguma publicação que me agrada ou desagrada. Entre os primeiros, aprecio bastante os posts do amigo Rubem Ur Rocha.

Jornalista, como eu também sonhando com a utopia de uma sociedade justa e solidária, Bem Ur não se deixa levar por devaneios da companheirada. É crítico até com nossos parceiros da resistência que entram no mesmo jogo dos algozes defensores de democraticamente pedirem a volta da Ditadura. E não se acham contraditórios! Esses sim, exercendo os delírios dos tempos recentes. Pois que nosso amigo me fez entrar mais a fundo ao ler um post sobre a propalada polarização. Lá, de acordo com a postagem, o professor Castro Rocha alerta que vivemos é a Radicalização.

Daí, já em casa, escurecendo e parte da noite, me ocupei em refletir e ler um pouco sobre o tema. Sou nascido nos tempos que a polarização era entre PSD e UDN. Minha mãe de família pessedista, a contragosto, tolerou meu pai udenista a imposição do meu nome “Eduardo” em homenagem ao brigadeiro. Cresci em meio a esse conflito, quando esses partidos – convenientemente – se uniram e criaram a Arena, eu ainda nem eleitor era, fui logo optando pelo velho MDB (era chamado de manda brasa), legenda que abrigou toda a oposição ao regime instalado em 1964. Já como PMDB, exerci mandato de vereador na minha cidade natal Araxá.

Militei nesse mesmo partido por um tempo e ainda percorri alguns outros tentando me encontrar. Na polarização recente PSDB e PT, passei já na condição de eleitor, por votar no primeiro e posteriormente no segundo nas eleições que se seguiram. Até que ambos, fato inquestionável, foram rejeitados nas urnas. Com isso, lamentavelmente, um movimento de radicalização e desmonte da democracia abriu espaço para muitos saírem do armário, mostrando sua faceta até então desconhecida

Esses 30% de eleitores fiéis ao ex-presidente derrotado e em vias de ter de se acertar com a Justiça, mostra – claramente – o que essa gente sempre esperou por uma vida. Pobres de classe rica e fake cristãos, travestidos de falso moralismo, esperando outra oportunidade de golpear a nação e os brasileiros, insistindo na instalação de um regime de ultra direita. É preocupante, e essa gente investe 24 por dia, sete dias na semana, trinta dias no mês e em todos os meses do ano na propagação de mentiras. Nem vou entrar no mérito sobre essas fakes, que são insistentes para causar pânico através de falsas informações. Conheço gente que repassa isso, sabendo ser falsa. E torcem, assumida e confessamente, pela mentira.

Fato é que, em nada na vida a radicalização é solução. Ao contrário e até como consequência desse momento sempre são traumáticas e atingem outros segmentos do nosso dia a dia. O futebol, que acompanho muito pelo meu time do coração, tem sofrido com esse fenômeno abominável no nosso dia a dia. Especialmente nos estados, onde a polarização entre duas torcidas, deu lugar a radicalização. Tudo isso tem origem na escolha dos radicais pela violência para impor suas preferências. Sejam suas escolhas racionais ou fruto de uma pregação falaciosa e facciosa de interesses que passam longe dos anseios da maioria explorada da população. E, na maior cara de pau, usam a religião e a boa fé das pessoas para seu intento. Triste realidade!

*imagens: iStock

Blogueiro

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  • Esse comportamento extremado, que tem estragado aquele jeito gostoso de anonimamente "brincarmos" com a politica, teve seu nascedouro muito recente: naquela ilusão de vitória do PSDB sobre o PT, na eleição presidencial. Ali, iludido com uma sonhada vitória, o tucano radicalizou de tal forma seu discurso que "autorizou" à todos trocarem o tom, em especial, a direita sem conteúdo. Mudou o modo de fazer política no Brasil .... e enterrou a própria carreira.

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