O que levar de Ouro Preto

Luciana Sampaio Moreira

Ouro Preto é pertinho de Belo Horizonte. Facilita as viagens bate-volta, que ajudam a quebrar a rotina e aliviar a cabeça. No sábado, 16, eu e Wedisson estivemos lá para conferir de perto o Natal Luz e História que, desde 8 de dezembro, levou alegria à cidade histórica, tradicionalmente soturna e enigmática.

Entre uma atividade e outra, dei uma passada no Largo do Coimbra para rever o artista plástico de rua, Paulo da Silva Tomás, conhecido na cidade como “Periquito”. Ele começou na arte criança, estudou e ainda estuda muito sobre materiais e texturas para fazer trabalhos que têm personalidade própria e que dialogam com a gente desde o primeiro momento. Difícil resistir, viu?

Com um pequeno estilete na mão, ele acabava de fazer uma escultura em um pedaço de cedro que ganhou de um amigo e comemorava o envio de mais uma peça para São Paulo. Assentado no seu banquinho, o artista conversa com todos que se aproximam na sua galeria, a céu aberto. Muitos visitantes simplesmente param seus carrões, perguntam o valor e, sem muita demora, carregam uma lembrança da cidade histórica para suas vidas, mundo afora.

Depois de grandes enfrentamentos para manter-se naquele local, ele está mais calmo. No momento prepara um trabalho inédito para a exposição que pretende fazer no ano que vem.

Diferente de outros passeios desta vez também visitamos igrejas. Acompanhei o Wedisson em uma caminhada até o Rosário, na imponente igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Grandiosa por fora, tem uma leveza impressionante por dentro. Ali fomos recebidos pelo Sidney, que explicou os detalhes dos santos.

Wedisson ficou encantado por São Elesbão de Axum, um rei etíope que abdicou de tudo para tornar-se cristão. Não é famoso como os colegas Santa Efigênia, São Benedito e Santo Antônio de Categeró hoje, mas também era um dos santos de devoção dos escravos.

De lá, voltando para o hostel, encontrei a igreja de Nossa Senhora das Mercês de Baixo aberta para a missa. Dei uma entrada, observei discretamente e saí. No domingo de manhã, estivemos na Igreja de São Francisco de Paula, lá em cima, quase na saída da cidade.

Mas o meu coração bateu mais forte na Igreja de Santa Efigênia, um pedacinho da África em Ouro Preto. Que lindeza! Para esse passeio, fomos guiados pela minha amiga de longa data, Sueli Rutkowisk, da Sueli Tour Guide (@suelitourguide). Nos conhecemos quando eu ainda estava no início da carreira de jornalista e ela, já credenciada, começava sua atividade.

Avisei que estávamos indo e lá, entre uma conversa e outra, combinamos o roteiro. Pela primeira vez, tive a honra de tê-la como guia para uma visita que ficará na memória, não apenas pelo templo, mas por ela, que tem uma dedicação contínua para levar novas histórias e abordagens para os visitantes do mundo inteiro que chegam à cidade.

Antiga aos olhos, Ouro Preto mantém a sua alma viva na arte do Paulo e no trabalho da guia Sueli. Eles representam o que há de melhor para levar da cidade como lembrança: cultura. Porque o saber e a beleza não ocupam espaço e fazem uma diferença enorme, para sempre.

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