Olha só…

Rosangela Maluf

Existem coisas simples que me divertem imensamente. 

Talvez por ter morado em vários lugares, o sotaque mineiro me preenche de uma forma incomum e fico prestando atenção às coisas que me são ditas e como eu respondo. Depois de ter me afastado, por bons tempos das terras mineiras, como “hoje em dia” eu deveria responder às questões mais comuns e corriqueiras. 

Sim, o sotaque permanece, mas as expressões, principalmente entre os mais jovens, mudaram  “demais da conta”.

Há quatro anos de volta às Minas Gerais não posso negar que nunca deixei o Uai, Trem, Olha procê ver, Prestenção, entre tantas outras expressões. Mas, uma fala da mineirada me faz dar gargalhadas…

Quando você pega um táxi ou Uber, o motorista, ao parar pra que a gente desça, geralmente fala:

 -Vai com Deus e a gente responde, “o” senhor também. (que o senhor também vá com Deus – tradução)

Quando você termina uma compra, geralmente, tanto a vendedora quanto a moça do Caixa diz:

 – Vai com Deus, e gentilmente a gente responde, desejando que Deus “vá” com ela (que Deus vá com você também).

Em algumas outras situações quando é a pessoa que sai, a expressão já muda um pouco. 

Por exemplo, no salão de beleza que frequento, cada uma que termina seu cabelo ou suas unhas, despede-se de nós, que ainda ficamos por lá  e diz : 

– “Ficomdeus”. (que todas vocês fiquem com Deus)

 E todas em coro, respondem:

 – “Cêtamém”, ou seja (que você também fique com Deus).

Entretanto, a preguiça da nossa gente é histórica e tem razões bem antigas. Raízes que nos prendem há muitos séculos, bem lá atrás. Basta dar uma olhada em nossa herança mista e analisar o que herdamos dos índios, dos portugueses e dos negros. 

Convenhamos, a nossa preguiça não poderia ser diferente do que é..

 Nesta semana mesmo me aconteceu algo ainda mais divertido .

Ao descer do taxi, o motorista bem falante e muito gentil, agradeceu, desejou boa tarde e:

– Condeus!

Como assim?

Nem fica com Deus nem vá com Deus.

Basta o Condeus pra gente já saber o que virá depois.

Para não soar deselegante e fazendo jus à minha mineiridade, igualmente respondi:

– Condeus!

E pela carinha boa daquela senhora, tive certeza absoluta de que eu aprendera mais uma mineiridade.

Agora já sei que irei prestar mais atenção antes de responder. 

E gostei muito da nova palavrinha: muito simples, muito significativa e muito reveladora do que, na verdade, somos!

Eita nóis !!!

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