Convidado e motivado pela amiga de décadas Mirtes Helena, estive na última sexta-feira num pequeno e seleto evento em torno da violência contra a mulher. Foi uma manhã muito rica, não só por conhecer melhor esse movimento e suas ações, como – talvez e principalmente – por perceber que ainda temos muito que avançar neste sentido. Como somos ainda muito sexistas!
Por mais que a gente pense que não, ao ouvir tantas experiências interessantes e bonitas, podemos perceber que o caminho ainda é longo. E, nós homens, por mais que neguemos, carregamos machismos enraizados e cristalizados da nossa formação. Me identifiquei, constrangido, em algumas considerações. Foi ótimo por me provocar, pois acho que a nossa evolução depende e precisa muito de ser cutucada.
Depois de assistir parte de um vídeo, muito bem produzido por outro antigo conhecido e amigo – Pedro Paulo Cava – (imperdível para quem realmente se interessa pelo tema), tivemos o privilégio de ouvir Beth Fleury, Mirian Chrystus (musa da tela global mineira dos anos 70/80) e a ex-ministra Eleonora Menicucci. Arrasaram!
Fleury, militante dessa e de muitas causas democráticas ao longo de meio século, falou sobre o trabalho e de pesquisas que estão em curso sobre o tema. Christus, outra incansável lutadora da revolucionários feminista, discorreu sobre a história do movimento, que teve início em 1975. Esse grupo de pesquisas – formado por abnegadas colaboradoras e que tem apoio e parceria da FIOCRUZ e do QuemAmaNãoMata – busca resgatar a memória de ações em defesa dos direitos da mulher.
Ao final, duas manifestações chamaram a atenção dos presentes. A reação de um grupo, cada vez mais crescente nas redes sociais, misógino e em contraponto às conquistas e avanços feministas. Por conseguinte, estimulando todo tipo de preconceito, seja religioso, racial, orientação sexual, social e até cultural e linguístico.
A história mais comovente, que emocionou a todos, veio de uma mulher que estava passando quase despercebida e que ao pedir a palavra foi cativando com sua fala e tomou conta do ambiente. Emília, não gravei o sobrenome, negra e de família humilde, contou que agora é advogada. Graças, segundo testemunhou, a ação eficaz da então ministra Especial de Políticas para as Mulheres, Eleonora, que entre suas conquistas aprovou a legislação das empregadas domésticas. Emília, pelo histórico familiar, hoje não seria advogada e sim trabalhadora em alguma residência familiar.
À propósito desse tema, Eleonora contou que quando a lei foi sancionada – pela presidente Dilma – foi abordada por duas madames no aeroporto em São Paulo que reclamavam. Diziam as duas senhoras: “como vamos fazer agora, estamos condenadas a arrumar a casa?” E ela respondeu: “se prepara que tem muito mais a vir por aí”.
Tomo a liberdade de sugerir que entrem no site e passeiem no seu conteúdo. Lá tem o histórico e links para se inteirar do movimento. Inclusive o vídeo do Pedro Paulo Cava, com cerca de uma hora de duração. Imperdíveis! Esse evento, como aquele que relatei aqui semana passada – Tributo a Elis –, vem nos resgatando e devolvendo a alegria de viver depois de sobreviver a duas pandemias. Sanitária e institucional/governamental.
*fotos: arquivo pessoal
Agradeço imensamente ao Eduardo o seu empenho em relatar nosso encontro e citar nosso website, um memorial da história de nossas lutas de mulheres mineiras.
Endereço do website:
https://vermelhocarmim.minas.fiocruz.br/
Abraço grande, Elizabeth Fleury
Agradeço imensamente ao Eduardo o seu empenho em relatar nosso encontro e citar nosso website, um memorial da história de nossas lutas de mulheres mineiras.
Abraço grande, Elizabeth Fleury
Muito bom, Eduardo. Palmas para essas mulheres valorosas!
Tema muito importante, que deveria fazer parte das grades escolares. Parabéns ao grupo.
Parabéns, que texto bacana e sensível sobre nossa luta!!
Parabéns por estarem sempre trazendo questões pertinentes e significativas sobre as questões femininas. E, além disso, a contextualização do assunto está perfeita. Muito obrigada
Muito bom vocês estarem sempre trazendo questões pertinentes e significativas sobre as questões femininas. E, além disso, a contextualização do assunto está perfeita. Muito obrigada